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O gospel vai à igreja de Milton Nascimento no aniversário de 77 anos do artista

Cantor se apresenta ao lado do grupo Sing Harlem, dos EUA, em live neste domingo, 25, no encerramento do Rio Montreux Jazz Festival

Agência Estado
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Uma reunião inédita nos 77 anos de idade de Milton Nascimento o coloca lado a lado a um grupo saído das ruas do Harlem, distrito de Manhattan, estado de Nova York, um dos maiores centros de formação natural de talentos responsáveis por fazer dos Estados Unidos uma potência cultural, com templos do jazz e do soul como Cotton Club, Small's Paradise e Teatro Apollo.

O Sing Harlem, grupo composto por jovens filhos de famílias em condições mais vulneráveis da região, vai se apresentar via live com Milton neste domingo, 25, na noite de encerramento do Rio Montreux Jazz Festival.

O show "Os Sonhos Não Envelhecem" terá, depois da participação do Sing, os convidados Samuel Rosa e Maria Gadu. A produção terá sua sequência começando a partir das 16h30 com, pela ordem, Jaques Morelenbaum e cellosam3atrio, Jonathan Ferr Rio Jazz Orchestra, Anat Cohen and Friends, Sérgio Dias Jazz Mania, Toquinho e Yamandu Costa e, só então, Milton Nascimento.

Milton fala ao Estadão de sua experiência com a música norte-americana, e ela é mais decisiva do que se imagina. "Quando eu tinha uns 11, 12 anos, minha voz começou a mudar bastante, tipo engrossar, né? O que é uma coisa muito natural no crescimento. Mas, eu achava que não ia conseguir cantar nunca mais. E eu fiquei bem triste por conta disso. Até um dia em que estava junto com meu pai, na oficina dele lá em Três Pontas, e começou a tocar Stella by Starlight, com o Ray Charles. Nossa! Aquilo salvou minha vida, aquele jeito dele de cantar mudou completamente o que eu pensava. E, como você sabe, o Ray Charles cresceu (e amadureceu sua música) tocando e cantando em diversos grupos gospel nos Estados Unidos. Daí veio meu primeiro contato com o gospel americano, através de artistas como Ray Charles. E é por isso que eu costumo dizer que Ray Charles salvou minha vida. Foi a força que eu precisava pra seguir cantando."

Ao ser perguntado qual de suas canções estariam mais próximas do Harlem, Milton responde. "Não vejo semelhanças com o que faço pelo ritmo muito menos pelo estilo, como no caso do canto coral e tal, nem pelos arranjos, nada disso. Mas pela origem religiosa Assim, posso dizer pra você que Sentinela tem muito disso. Repito, Sentinela não tem nada que reflita diretamente o gospel americano, mas sim, traz a mesma religiosidade que inspirou a criação musical."

Sim, Sentinela é mesmo um hino sacro da mais religiosa das Minas Gerais. E de um álbum de 1980, coincidentemente produzido por Marco Mazzola, o mentor do Rio Montreux.

Milton não conhecia o trabalho do Sing Harlem, e o encontro só surgiu, conta ele, graças à sugestão de Mazzola. "Fiquei muito feliz com a descoberta, o que eles fazem é de arrepiar. Vi várias coisas do grupo que me deixaram bastante impressionados e, mais que tudo, extremamente emocionado."

Quem fala pelo grupo Sing Harlem são duas pessoas, Vy Higginsen and Ahmaya Knoelle, mãe e filha, fundadoras do projeto Mama Foundation for The Arts, do Harlem. São elas que se lançaram na aventura de percorrer a região em busca de garotos e garotas que poderiam usar suas vozes para ajudá-las a criar um grande projeto.

Ao responderem por e-mail, não especificam o que uma ou outra diz, talvez por pensarem o mesmo. E assim explicam a experiência que estão vivendo: "O projeto Gospel for Teens ensina ao mundo a importância da história e da cultura musical. Isso nos mostra o grande impacto que esse aprendizado pode ter sobre um jovem. O programa não apenas ensina música como arte, mas também história e tradição, e se concentra no enriquecimento e preparação para a vida adulta. Não estamos apenas criando grandes cantores, estamos criando grandes cidadãos do mundo."

Se conheciam a voz de Milton Nascimento, elas respondem: "Sim! Já tinha ouvido falar do grande Milton Nascimento e adorei apresentar sua obra transcendental aos nossos jovens. Sua voz e sua arte são inspiradoras, e os cantores de Sing estão entusiasmados em colaborar com um talento tão respeitado." Elas dizem que, por não ter precedentes, a união deve ser reveladora. "Esperamos que a fusão de estilos, vozes e culturas ilumine um som único, nem sempre encontrado no mundo. A junção do Harlem com Milton é tão emocionante porque é recente e sem precedentes".

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