Nanna Reis assume nome de batismo em nova fase da carreira
Naieme celebra transição de identidade artística em show neste sábado, 22 de maio, dia em que ela completa 30 anos
Naieme nasceu de um sonho. Há exatos 30 anos, quando a artista mais conhecida como Nanna Reis chegou ao mundo em um 22 de maio como este, Dia de Santa Rita de Cássia, foi sugerido pela avó que ela fosse batizada em homenagem à padroeira das causas impossíveis. Só o que ela não sabia é que sua filha, Edinéia, já havia sonhado com o nome da criança, e foi assim que Naieme fez sua estreia em Salvaterra. Por muito tempo, a marajoara se apresentou para o mundo como Nanna, mas hoje, ela retorna a suas origens, se apresentando no show virtual “Meu Canto Minha História”, apresentação gravada na Ilha do Combu que marca um renascimento no dia de seu aniversário.
“Tem a ver com a nossa relação com os rios”, conta Naieme sobre o cenário escolhido para o show. “Estamos em uma metrópole, uma capital e, em cinco minutos, atravessamos e estamos no coração da floresta, e eu quis trazer Belém como pano de fundo, com os prédios atrás”, explica Naieme sobre a produção da apresentação. “Quem mora fora de Belém, vai se sentir em casa, dentro do ambiente amazônico. Vai aquecer o coração de quem está fora e quem não conhece, vai conhecer. Eu estou cantando e contando minha história”, explica Naieme.
O show, que tem apoio do edital do Sesc-PA pela Lei Aldir Blanc, traz uma narrativa visual cinematográfica, com uma atmosfera de magia, pajelança e misticismo amazônico, temas que acompanham Naieme desde suas primeiras experiências. “Meu trabalho é muito pautado na ancestralidade afro-indígena marajoara. Minha família é de comunidade quilombola e, desde 2015, eu passei por uma série de transformações, sobretudo, pela parte da academia, já que minha pesquisa é na área da antropologia da música”, conta a cantora, que explica que, ao mesmo tempo que sua arte e seus estudos a levaram para cada vez mais longe, ela também foi compreendendo melhor suas origens e, em um ciclo, acabou voltando ao começo de tudo.
“Eu trabalhei por muitos anos em comunidades quilombolas, indígenas, e meu nome era uma questão que as pessoas perguntavam qual era o significado. Eu não tinha muita dimensão do que representava meu nome, e eu não usava porque não gostava dele, até por traumas de infância”, relembra Naieme, que conta que sempre sentiu que a mulher amazônica era vista como algo exótico, sexualizado, e que teve que trabalhar essas questões para conseguir se empoderar.
“Quando eu viajei para fora do país, eu percebi que meu nome me identificava enquanto artista da Amazônia”, conta sobre o que a levou a finalmente deixar o Nanna de lado e se assumir Naieme. “Foi algo que eu sempre quis fazer, e nunca tive coragem. Foi um processo interno mesmo essa transição, física, espiritual, eu tive que estudar para ver como iria fazer isso”, relata. “Eu brinco que é igual o Super-Homem, que é o Clark Kent também. Essa é a minha identidade secreta que está sendo revelada. Toda minha essência, que ficou guardada para o momento certo e que eu precisava de maturidade para trabalhá-la", explica Naieme, deixando o convite aos que querem (re)conhecê-la.
Serviço
Show "Meu Canto Minha História"
Sábado, 22 de maio, às 17h.
Transmissão pelo canal de Youtube “Nanna quase Naieme”