Manoel Cordeiro chega com estética clean para novos projetos
O artista afirma que essa escolha reflete o seu momento iluminado e de expansão da música amazônica brasileira.
Quem acompanha Manoel Cordeiro nas redes sociais encontra um artista colorido, em uma nova fase da sua carreira, ele resolveu se iluminar. Agora ele optou pelo uso de vestimentas mais claras, com tons mais neutros, porém sem esquecer da sua origem, ele optou pelo uso da matéria-prima local, como as camisas marajoaras.
Manoel Cordeiro é de Ponta de Pedras, localizada na região de Marajó.
“Essa mudança veio junto com o novo momento que eu estou vivendo que é de muita luz, em que a minha vida clareou. Tive momentos difíceis durante a Pandemia, e desde lá ainda não fiz nada tão relevante, porque eu vinha me preparando, me adaptando a essa nova situação. Mas agora me encontro, me sinto, em um momento de luz, por isso a clareza, as roupas claras, que possam nos denotar otimismo, felicidade. Não que eu tenha me desapegado do colorido forte das nossas cores da Amazônia, eu continuo com esse pensamento e com esse mesmo espírito forte de música da Amazônia. Mas essas roupas claras tem a ver também com o momento que eu digo que a gente precisa cristalizar o seguinte entendimento: nós aqui na Amazônia fazemos música popular feita na Amazônia, e eu estou me vestindo mais claro para levar essa luta para frente comunicando também através das roupas, para possa tornar a nossa música popular brasileira feita na Amazônia reconhecida mundialmente”, explica o artista.
Em um novo ensaio fotográfico realizado por Manoel Cordeiro é possível encontrar elementos com referência à moda paraense, como crochê, sementes e bordados. Com uma estética clean, mas bastante regionalizada, o artista escolheu o Parque Estadual do Utinga, em Belém, para as fotos. O local é um pedaço da Amazônia no meio da capital paraense.
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“Vou fazer uma citação que faz parte do livro estou escrevendo, ele tem o título provisório de Vertentes do Mesmo Rio, e deve ser lançado ano que vem: ‘O mundo respeita um povo que valor a própria cultura’. Então, baseado nesse pensamento resolvi assumir de vez o nosso paraensíssimo, porque nós vamos ser mais fortes na medida em que cantamos a nossa aldeia, tocamos a nossa aldeia, Fernando Pessoa já mandava essa! Estou sempre pesquisando, conversando, usando roupas de estilistas paraenses, isso tem me deixado muito feliz. Ter uma calça com caroço de açaí, é uma coisa assim maravilhosa! Isso faz parte de um pensamento de que o mundo respeita um povo que valoriza a própria cultura, eu valorizo a nossa própria cultura porque é uma das coisas mais vibrantes que tem nesse planeta é a música paraense, comida e a roupa paraense. É Marajó!”, conta Manoel Cordeiro.
O novo ensaio fotográfico do artista marajoara pode ser conferido no perfil no Instagram de Manoel Cordeiro.
A escolha por essa nova estética do artista está em alta mundialmente. As tendências para 2024, pedem um guarda-roupa mais planejado com consumo mais consciente e racional. Pede ainda texturas e peças mais artesanais.
PROJETOS
Próximos aos 70 anos, o músico e compositor Manoel Cordeiro irá tirar do papel alguns projetos, um deles é o livro citado por ele na entrevista.
“Estou preparando quatro lançamentos musicais. Mas uma das coisas que estou bem animado para fazer é uma ação de resgate a lambada, como patrimônio cultural do Pará. Pretendo fazer um show brevemente, tipo assim: a lambada é nossa, vamos dançar a lambada! Esse ritmo é uma coisa o patrimônio nosso! Faço lambada desde 83, quando o Pinduca, se tivéssemos que ter um criador da lambada seria ele. Mas também tem uma colaboração de igual para igual com Alípio Martins, eles são dois ícones maiores da lambada no Pará”, pontua.
Manoel Cordeiro também diz se considerar um criador da lambada ao relembrar o momento em que viveu em um estúdio de gravação, em 1983, ao ter conhecido dos diversos estudos e misturas de ritmos que a lambada foi originária. Além disso, ele disse que adicionou uma pitada de samba para tocar o gênero musical. “A lambada é fusão de ritmos que tem a pretensão de fazer as pessoas dançarem e serem alegres”, explica.
Para esse projeto, Manoel Cordeiro disse que espera reunir outros músicos. “É preciso ter consciência coletiva disso e trabalharmos juntos no reconhecimento dessa música. Já conversei com algumas pessoas para tornar a lambada como patrimônio cultural e quando isso acontecer é a certeza de mais geração de empregos e renda, como um despertar para as escolas e academias”, avalia.
Manoel Cordeiro faz questão de destacar que todo esse pensamento acima tem super a ver com a sua mudança de vestimentas. “A minha roupa mais clara feita por estilistas amazônicos do Pará tem a ver com esse meu estado de espírito de assumir a minha alma paraense e amazônica, até porque me considero uma pessoa especial por ter nascido em Ponta de Pedras e depois com 4 anos ter ido para Macapá, onde fiquei até 18, isso me permite ter uma visão bem ampla na Amazônia, do lado mais europeu de Belém e mais africano do Amapá, tem também a questão da fronteira com a Guiana Francesa. Isso tudo faz com que eu curta muito essa virtude da música paraense, que é a fusão com influência do Caribe, Venezuela, dentre outros. Somos uma das músicas mais potentes desse país”, finaliza.
No próximo dia 28 de agosto, ele realiza o show “Manoel Cordeiro e Banda - A lambada é nossa”, com convidados. A apresentação será no Apoena, com Figueiroas, Layse, Renan Sanches e Patrícia Lia.
Os outros projetos, Manoel Cordeiro prefere guardar até os seus lançamentos.
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