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Dona Onete lança música que inspira enredo da Grande Rio; ouça

Novo single da cantora paraense, 'Quatro Contas' reverencia as encantarias amazônicas e serve de inspiração para a escola de samba carioca

Matheus Viggo

A cantora paraense Dona Onete lançou nesta terça-feira (25) o seu novo single, "Quatro Contas". A música foi uma das inspirações para o enredo da escola de samba Grande Rio, do Rio de Janeiro, que homenageia o Pará no Carnaval deste ano. Com o novo lançamento, a compositora pretende guiar o público em um mergulho nas encantarias amazônicas. Ouça a música!


Em depoimento à Redação Integrada de O Liberal, Dona Onete afirmou acreditar que as lendas e encantarias protegem o Pará, garantindo fartura e força ao seu povo. Para ela, a cultura é essencial para a identidade e sobrevivência dos paraenses.

“Aqui no Pará, temos lendas e encantarias que são só nossas. Elas protegem a nossa terra, nosso povo, nossa cultura. Eu acredito que o Pará é muito protegido, sobrevivemos com muita água, alimentação farta e uma força que vem dessas crenças. O caboclo precisa manter seu próprio ritmo de vida e alimentação. Nossa cultura é o que nos mantém vivos e é através dela que gostamos de nos mostrar ao mundo”, disse Dona Onete.

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A artista ressalta que suas músicas carregam as crenças e encantarias do Pará. Seu objetivo é despertar o interesse pelo estado e sua cultura, fazendo com que as pessoas sintam essa magia e conheçam a Amazônia de perto.

“Eu falo sobre as nossas crendices, feitiçaria e encantarias. Isso faz parte de quem eu sou e do que acredito. Minhas canções carregam essas histórias e eu espero que elas façam as pessoas se voltarem para conhecer de perto o que é Belém, o que é o Pará, o que é a Amazônia. Quero que sintam essa magia e vejam de onde vem minha inspiração”, afirmou.

Sobre sua forma de se envolver com os acontecimentos, a cantora destaca sua liberdade artística.

“Eu vou me misturando com o que está acontecendo. Não importa a idade, eu continuo livre para falar sobre tudo. As coisas simplesmente acontecem e eu me envolvo com elas. Mas não fico na expectativa. Deixo as coisas fluírem”, comentou Dona Onete.

Em Quatro Contas, Dona Onete canta sobre fé, proteção e resistência. A vermelha é Mariana, a amarela é Jarina, a branca é Jurema e a verde é Herondina – entidades que a acompanham em sua jornada e que ecoam nas vozes e nos tambores da faixa.

“Essa música carrega a essência do nosso povo, do nosso jeito caboclo de acreditar e se proteger. O paraense tem fé em muitas coisas, vive e sobrevive com suas crenças e sua conexão com a natureza. Basta ir ao Ver-o-Peso para sentir essa energia e ver como as crendices fazem parte do nosso dia a dia”, declarou.

Do Pará ao Carnaval do Rio

A música serviu de inspiração para a Grande Rio, que tem como enredo "Pororocas Parawaras: As Águas dos Meus Encantos nas Contas dos Curimbós". Dona Onete afirmou ter ficado emocionada ao ver Quatro Contas inspirando o enredo da escola de samba. Para ela, a música reflete suas crenças de infância, e sua presença no Carnaval do Rio representa o Pará brilhando e sua encantaria alcançando o mundo.

“Nunca imaginei que uma composição minha fosse inspirar uma escola de samba desse tamanho! Quatro Contas nasceu das minhas crenças, do que carrego desde menina, e ver essas histórias no carnaval do Rio é uma alegria sem tamanho. É o Pará brilhando, nossa encantaria ganhando o mundo!”, comentou.

Produção tipicamente paraense

A música foi sendo gestada ao longo dos anos, nas vivências e nas histórias que Dona Onete guarda em sua bagagem. O resultado é uma obra que une sonoridades do carimbó, percussão forte e coros gravados dentro do terreiro Casa de Mina Eira de Bárbara Soeira, em Outeiro, Belém. A direção e produção musical são assinadas por Marcos Sarrazin, saxofonista da banda de Dona Onete.

Dona Onete canta o Pará em sua essência, trazendo para suas composições as manifestações culturais amazônicas. Antes de se tornar cantora, dedicou-se por 25 anos ao ensino, tendo a sala de aula como seu primeiro palco. Sua carreira musical iniciou após os 60 anos, e desde então sua obra tem atravessado fronteiras, integrando trilhas sonoras de novelas e sendo interpretada por outros artistas.

Seu trabalho já percorreu palcos nacionais e internacionais, sempre exaltando as raízes amazônicas. Agora, com Quatro Contas, ela reafirma sua conexão com a fé e a ancestralidade, mostrando que sua arte continua inspirando e encantando novas gerações.

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