Conheça 'Sob o Céu de Nossa Aldeia', música pop e crítica que venceu o Festival da Música Brasileira
A composição de Dudu Neves e Davi Amorim conquistou os jurados e o público.
Uma música pop de influências rítmicas africanas com letra sobre preconceito, racismo e intolerância que aponta para a esperança de um futuro melhor. Essa é a descrição de “Sob o Céu de Nossa Aldeia”, a canção vencedora do IV Festival da Música Brasileira, que aconteceu nos dias 15, 16 e 23 de setembro, durante a I Bienal de Artes de Belém. Os autores paraenses Dudu Neves (letrista) e Davi Amorim (arranjador) revelaram que o single foi concebido poucos dias antes do fim das inscrições ao concurso.
Além do 1º lugar da categoria Melhor Canção, a principal premiação do festival superando 25 concorrentes, “Sob o Céu de Nossa Aldeia” também venceu nas categorias de Melhor Arranjo e Melhor Letra. Enquanto o cantor da faixa, Jotapê, ficou em 2º lugar como Melhor Intérprete. Ele foi acompanhado no palco pelos backing vocals Leo Groove, Suzane Cavalcante e Simone Portela.
O festival foi promovido pela Prefeitura de Belém, por meio da Fundação Cultural do Município de Belém.
Compositores de longa trajetória – Dudu Neves, com 36 anos de carreira, e Davi Amorim, 28 anos – com premiações em vários festivais de música, a dupla vencedora lançou recentemente em conjunto um álbum autoral de samba intitulado “Na Ginga da Cidade”, que fala sobre Belém. A parceria nasceu há cerca de quatro anos.
“O Davi me enviou a melodia e eu fiz uma letra crítica de cunho político e social que fala sobre o Brasil da atualidade de forma metafórica, como na frase ‘A fome é ferida aberta em nosso irmão’”, recorda Dudu. Ele já fez várias parcerias na música, como Nego Nelson e Sebastião Tapajós, além de Luiz Pardal com quem fez o Hino oficial de Belém, em 2005. Entre os sucessos colecionados pelo letrista está “Dias de Sim, Noites do Não”, bolero em parceria com Demétrio Mussi.
Já Davi, que toca guitarra, violão e cavaquinho e também atua como produtor musical, possui entre o leque de parceiros Ronaldo Silva (Arraial do Pavulagem) e Davi Miguel, de quem fez o arranjo póstumo de um samba manuscrito pelo maestro. “Sempre fui fã desses caras. Me considero honrado”, comemora. “A composição é diária na vida da gente. Fazer o arranjo é sempre desafiador, mas a gente se emociona com o resultado”, afirma.
“Acredito que o sentimento do imaginário coletivo se identificou com a música, incluindo o dos jurados. A premiação foi um grande presente, fruto da dedicação”, declara Dudu Neves, que elogia a qualidade de todas as 26 canções selecionadas ao festival.
Melhor Intérprete
Também habituado com os festivais, o cantor e compositor paraense Márcio Farias ficou em 1º lugar na categoria de Melhor Intérprete, conquista inédita na carreira dele. A canção defendida por Márcio, “Recanto Agreste”, é fruto da parceria com o cantor e compositor Eudes Fraga, cearense radicado em Belém. “Recanto” também conquistou o 2º lugar nas categorias de Melhor Arranjo e Melhor Letra.
“Eu já tinha ganho (festivais) como melhor letra e arranjo. Fiquei surpreso”, revela. A canção foi composta há cerca de dez anos e se reporta à infância de Eudes na cidade de Quixadá. “A canção surgiu de uma conversa, sem pretensão. Fiz a letra com elementos da cultura nordestina e mandei para ele, que fez a melodia. Nunca gravamos. Surgiu a oportunidade de colocá-la no festival. Ficamos felizes com o resultado”, relata Márcio.
Demais vencedores
O 3º lugar de Melhor Canção ficou com “Pra Você Voltar Pro Ninho”, de Paulinho Moura e Veloso Dias. Essa faixa também ficou em 3º lugar de Melhor Arranjo e de Melhor Letra. Já o 3º lugar de Melhor Intérprete ficou com Maria Antônia Jimenez, a maestrina cubana que cantou “Cinzas do Aurá”, música de César Escócio.