Carmen Miranda: 110 anos da "Pequena Notável", um ícone do Brasil

A portuguesa que veio para o Brasil com apenas um ano de idade não poderia imaginar que encantaria milhões de pessoas ao redor do mundo e se tornaria um dos ícones do país. Maria do Carmo Miranda da Cunha, mundialmente conhecida como Carmen Miranda completaria 110 anos de idade neste sábado, 9 de fevereiro. Os notáveis talentos para a dança, o canto e a atuação estavam dentro de um corpo de 1,52 de altura, tamanho que lhe rendeu o apelido de "Pequena Notável" ou de "Explosão Brasileira", no exterior. A pequena, entretanto, se mostrou gigante.

A artista nasceu em Marco de Canaveses, em Portugal e, ao lado da mãe, Maria Emília Miranda e da irmã Olinda, veio para o território brasileiro onde o pai, o barbeiro José Maria Pinto Cunha, já vivia. Aqui, viveu no fervilhão cultural do bairro da Lapa, no Rio de Janeiro, onde teve contato com algumas das suas diversas influências musicais. De família católica, Carmen estudou em um colégio de freiras da capital carioca. Aos 15 anos, abandou os estudos e trabalhou em uma chapelaria, onde aprendeu mais sobre moda e costura.

Maria do Carmo Miranda da Cunha, mundialmente conhecida como Carmen Miranda 

CARREIRA

Aos 20 anos e com aptidão para dança e canto, conheceu o compositor José de Barros, durante uma apresentação em uma festa beneficente no Instituto Nacional de Música. A partir disso, José de Barros começou a incentivar suas apresentações em editoras e teatros. Gravou o primeiro disco e o grande sucesso veio pouco depois, com a marcha de carnaval "Pra Você Gostar de Mim", de Joubert de Carvalho, que ficou conhecida como "Taí". A visibilidade já a apontava como uma das maiores cantoras do Brasil e lhe proporcionou a primeira turnê internacional, em Buenos Aires.

Em 1933 foi a primeira mulher a assinar contrato com uma rádio: Mayrink Veiga, onde ficou até 1936, quando se transferiu para a Tupi. No mesmo ano, foi a estrela do filme "Alô, Alô Carnaval", onde ela e a irmã, Aurora Miranda, cantam "Cantoras do Rádio". Em seguida, a dupla passou a integrar o elenco do Cassino da Urca, cujas apresentações eram vistas como porta de entrada para o cinema.

Na comédia musical "Banana da Terra", em 1939, Carmen fez sucesso caracterizada de baiana, personagem usada por ela até o final de sua vida. No mesmo ano, iniciou a carreira nos Estados Unidos, com uma estreia na Broadway com o espetáculo musical "Streets of Paris", em Boston. Um ano depois, a "Pequena Notável" se apresentou para o presidente norte-americano Franklin Roosevelt durante um banquete na Casa Branca.

Entre 1940 e 1953 atuou em 14 filmes em Hollywood e seis no Brasil. Entre os filmes que estrelou, estão “Alô, Alô Carnaval” (1936) “Uma Noite no Rio” (1941), “Aconteceu em Havana” (1941), “Minha Secretária Brasileira” (1942) e “Serenata Boêmia” (1947).

A artista chegou a receber o maior salário recebido por uma mulher nos Estados Unidos. Carmen também se tornou a primeira sul-americana a ser homenageada com uma estrela na Calçada da Fama.

CASAMENTO 

Carmen Miranda se relacionou com nomes como o do atleta Mário Cunha, Carlos Alberto da Rocha Faria e o músico Aloysio de Oliveira. Em 1947, se casou com o americano David Sebastian, seu ex-empregado que passou a ser seu empresário. Alcoólatra, David não conseguiu administrar a carreira da artista. O casamento também é apontado como a época de decadência da artista, que também começou a beber exageradamente e se viciar em remédios.

Carmen Miranda recebeu o salário mais alto recebido por uma mulher em Hollywood

Após quase 15 anos fora do país, Carmen voltou ao país para uma desintoxicação. Em 1955, retornou aos Estados Unidos após uma leve melhora. Apesar disso, a dependência de medicamentos continuou.

MORTE

De volta à Hollywood, Carmen passou mal e desmaiou durante uma apresentação no programa do comediante Jimmy Durante. A artista chegou a terminar a apresentação mesmo com a saúde debilitada e foi para casa. De volta para Los Angeles, Carmen foi dormir cedo e nunca mais acordou. A artista foi encontrada morta na manhã seguinte após sofrer um ataque cardíaco. Carmen Miranda faleceu em Beverly Hills, Califórnia, Estados Unidos, no dia 5 de agosto de 1955.