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Amigos de Tonny Brasil relembram histórias e homenageiam o criador do Tecnobrega

Compositor paraense era conhecido como precursor do segmento musical e contribuiu de forma significativa na vida e carreira dos amigos da música

Juliana Maia

Tonny Brasil, considerado o criador do tecnobrega, acumulou sucessos e amigos ao redor do Pará. O cantor, falecido no último domingo, 2, marcou a história dos artistas paraenses Beny Pérola, Chyco Salles e Maderito, que relembram momentos marcantes ao lado do parceiro de vida e trabalho, que partiu deixando um legado no estado, com mais de 2 mil canções, das quais 700 foram gravadas por nomes como Banda Calypso, Nelsinho Rodrigues e Wanderley Andrade.

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Em entrevista ao Grupo Liberal, os artistas relembraram como Tonny entrou na vida de cada um. Beny Pérola conta a parceria começou em um estúdio localizado nos fundos da casa do autor de "Leviana", quando ele ainda estava no início da carreira. Já Chyco teve o primeiro contato com o cantor em uma visita na casa de Nelsinho Rodrigues, intérprete de vários sucessos de autoria de Brasil.

"Tonny me deu uma das minhas primeiras músicas lindas que se chama 'Em Pé Na Rede', um arrocha, e de lá para cá a gente nunca mais parou de se falar. Nós conversávamos quase todos os dias, nem que fosse para mandar uma figurinha, era o meu grande amigo", diz Salles. 

Maderito considera o precursor do tecnobrega como seu tio e foi Tonny o responsável por introduzir o DJ, cantor e produtor musical no mundo da música. Juntos, os dois tinham uma relação familiar e sempre foram muito próximos desde a juventude de Maderito.

"As nossas famílias sempre foram unidas na passagem onde morávamos. Ele ia lá em casa e a titia ia na dele. Via vários artistas indo à casa dele, como Nelsinho, que gravava lá, mas não sabia que era um estúdio. Nos anos 2000, fui em um passeio e, na volta, meu pai me avisou que o tio Tonny tinha me chamado para ir na casa dele e quando cheguei ele me falou sobre sua banda 'Açaí Machine' e que queria que eu trabalhasse com ele. Assim tudo começou", relembra.

De acordo com Beny, o autor de "Oração" partiu cedo demais, deixando muitos trabalhos que ainda seriam lançados. Ele relembra que Tonny chegou a mostrar alguns de seus projetos ainda este ano para ele e Chyco. "Ele fazia músicas muito rápido, era fácil para ele. Ele gravava em uns 20 minutos, tenho várias canções que ele me mandou em cumbia e outros ritmos", complementa Salles.

Com a facilidade para escrever e rimar versos, o paraense tinha em mãos o seu caderno de composições e, por vezes, costumava pedir ajuda do sobrinho Maderito antes de presentear um artista com determinada música. "Ele cruzava as pernas, pegava o caderno, e me perguntava: 'meu filho, para quem eu dou essa letra?' Eu pegava as músicas dele e levava nas rádios, distribuindo por aí", conta.

Cantores como Reginaldo Rossi e Marília Mendonça também integram a lista de artistas que tinham, em seu repertório, um sucesso do pai do tecnobrega. Para Beny e Chyco, uma das maiores felicidades de suas vidas era ligar a televisão e ouvir a intérprete sertaneja cantar um sucesso escrito pelo seu grande amigo.

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"Ele tinha muitos amigos. Sempre tinha uma palavra boa. Conversava sobre temas de músicas com ele. Ele tinha uma cabeça pensante, que estudava novos ritmos, acordes. Sempre pensava à frente, naquilo que ele iria lançar", exalta Salles.

Importância no Tecnobrega

Trazendo referências de outros lugares, entre eles o Caribe, o intérprete de "Sonho" começou a introduzir o tecnobrega na noite paraense, com o intuito de alcançar o público jovem e de colocar novas batidas no famoso brega do estado. Com o clássico "Lana", ele deu início ao ritmo mais eletrônico, influenciando artistas do ramo musical até o período atual.

"Ele aperfeiçoou o brega. Pegou o brega convencional, gravado com bateria, guitarra e teclado e colocou timbragens eletrônicas no meio, gerando o tecnobrega", diz Beny. "Ele estudava a ideia do tecnobrega para modernizar o que já conhecíamos do brega paraense. Ele queria entender o que a galera mais jovem gostava, trazia isso para a música, até 'explodir' com Lana, uma música toda eletrônica", complementa Chyco.

"O tio Tonny criava tudo. Ele é o maior 'hitmaker' da história do tecnobrega, que transformava qualquer coisa do dia a dia, até o barulho de uma buzina, em sucesso. Tirava músicas do acústico para o eletrônico", finaliza Maderito. 

(*Estagiária sob supervisão do Coordenador do Núcleo de Cultura de Oliberal.com, Abílio Dantas)

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