'Anjo dos Abismos e outras linhas', livro de poemas de Ruy Barata, é lançado nesta sexta, 25
O lançamento terá um bate-papo musical sobre a vida e obra do artista paraense
O livro de estreia de Ruy Barata na poesia nacional, “Anjo dos Abismos”, publicado originalmente em 1943, ganhou a nova edição “Anjos dos Abismos e outras linhas”, que será lançada nesta sexta-feira, 25, data em que o poeta paraense completaria 101 anos. O lançamento contará com uma roda de conversa e de música sobre a vida e a obra de Ruy Barata, no Teatro Estação Gasômetro, com as participações do jornalista Tito Barata, filho do artista, do radialista e jornalista Edgar Augusto Proença, da cantora Andréa Pinheiro e dos músicos Nego Nelson e Bob Freitas, a partir das 19 horas.
“Anjo dos Abismos e outras linhas” não apenas revigora as poesias do livro publicado 73 anos atrás e que estava esgotado há muitos anos, como também apresenta outras obras de Ruy Barata que estavam espalhadas e esquecidas no passado. O lançamento é realizado pela Secretaria de Estado de Cultura (Secult) dentro da programação alusiva ao centenário de Ruy Barata.
A edição original, por si só, já surpreende por trazer à tona os pensamentos do escritor autodidata, que foram escritos quando ele estava com idade entre 18 e 22 anos. A nova publicação traz também os textos publicados por ele na revista literária estudantil “Terra Imatura”, que circulou no Pará entre os anos de 1938 e 1942; uma entrevista à revista literária “José”, do Ceará, na qual ele dá um panorama literário do Pará dos anos 1940; e as traduções feitas por Ruy de grandes poetas de língua estrangeira que foram publicadas no suplemento “Arte Literatura”, do jornal Folha do Norte, que circulou aos domingos entre 1946 e 1951; além de notas explicativas no rodapé de páginas de um álbum de fotografias.
“Anjo dos Abismos” surpreendeu e continua surpreendendo. O ator, diretor e dramaturgo Miguel Falabella, em recente postagem no Instagram, enalteceu a obra do artista paraens: “Anjo dos Abismos. Uma das glórias do Pará, o singular Ruy Barata! Bom dia com poesia!”.
O jornalista e escritor Rui Castro comentou sobre a obra: “O velho Ruy era mesmo f...” ao mencionar trechos de poemas de “Anjos do Abismo”, como “a infanta de cabelos milenários’, a “visão dos teus seios decepados”, “o jamais sepultável dos poemas”, “o ruído criador do teu sexo fechado”.
A professora e Doutora em Letras, Amarilis Tupiassu, elogia a nova edição: “O livro está belíssimo. É um ganho para a cultura e para a literatura (a nova edição). É um ganho para o Pará. Era uma lacuna que precisava ser preenchida”, comemora. “É uma obra muito importante, que ele fez quando era tão jovem, mas que já era completamente adulta, de quem já sabe trabalhar todos os elementos formais e de conteúdo poético. A obra do Ruy não é tão grande, mas é profundamente significativa e profundamente desconhecida até mesmo da própria academia. Ruy foi um poeta nato, um autodidata do ponto de vista da composição literária”, acrescenta.
A professora e Doutora em Teoria e História Literária e pós-Doutora em História Social da Amazônia, Marinilce Oliveira Coelho, concorda que a nova edição do livro “está belíssima”. “É uma edição especial e uma justa homenagem aos 100 de nascimento deste poeta paraense. O livro retrata um breve percurso deste poeta pelo modernismo dos anos 4O. Em sua poesia, tradução e entrevista como integrante ativo de sua geração”. Ao lado da professora Lilia Chaves, Marinilce auxiliou na pesquisa, revisão e edição dos poemas dessa nova edição.
A publicação contou com a colaboração da família Barata; do publicitário Cássio Tavernard, diretor do Departamento de Editoração e Memória da Secult; e de José Antônio Oliveira, autor do projeto gráfico das obras de Ruy Barata nas últimas décadas.
Trajetória
Ruy Guilherme Paranatinga Barata nasceu em 1920, no município de Santarém, no Baixo Amazonas, e faleceu em 1990. Formou-se em Direito e atuou como advogado e professor universitário, teve dois mandatos de deputado estadual e um como deputado federal, foi preso político durante a Ditadura Militar.
Ruy Barata marcou o nome na cultura paraense como compositor e poeta. Ele é autor de clássicos da música popular paraense - tendo como um dos principais parceiros, o filho Paulo André Barata - tais como: “Foi Assim”, “Pauapixuna” e “Esse Rio é Minha Rua”.
O poema mais famoso de Ruy foi a obra inacabada “Nativo de Câncer”, que passou anos escrevendo. “Anjo dos Abismos e outras linhas” completa a trilogia de livros de poemas do artista que receberam novas edições, pois “Antilogia” foi publicado no ano 2000, e “A Linha Imaginária e Outras Linhas”, em 2014.
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