Museu Nacional publica livro sobre resgate de acervo atingido por fogo
Obra destaca o trabalho de recuperação de peças raras ao longo de 500 dias
O Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) publicou o livro "500 dias de Resgate: Memória, Coragem e Imagem sobre o trabalho de recuperação dos acervos atingidos por um incêndio em setembro de 2018".
A obra apresenta um panorama do trabalho realizado pela equipe de resgate do Museu Nacional/UFRJ ao longo de 500 dias, além de imagens e depoimentos dos pesquisadores envolvidos. Nesse período, foram recuperados cerca de 5 mil lotes, reunindo objetos de grande importância que integravam 14 das 25 coleções que se encontravam no palácio.
Logo após o incêndio, ainda em 2018, a equipe de resgate, composta por 76 técnicos, professores, estudantes e profissionais terceirizados, passou a trabalhar pela recuperação do maior número possível de peças do acervo do museu. Em uma área total de 21 mil m², sendo 11.417 m² de área construída, o Paço de São Cristóvão abrigava aproximadamente 5 mil itens nas salas de exposição e 3,5 milhões de itens no acervo da seção de Memória e Arquivo.
Dentre as peças resgatadas destacam-se o crânio de Luzia, esqueleto mais antigo descoberto no Brasil; o escaravelho coração e outros oito amuletos que estava no interior do sarcófago da múmia Sha-Amun-em-Su; os afrescos de Pompeia, que já haviam sobrevivido à erupção do vulcão Vesúvio; parte da Coleção Werner, a coleção mais antiga do Museu Nacional; o Psaronius brasiliensis, primeiro fóssil de vegetal registrado para o Brasil; além de pterossauros da Coleção de Paleovertebrados e meteoritos como o Bendegó e o Santa Luzia.
Após serem resgatadas, as peças passaram por uma triagem, onde foram fichadas, fotografadas, identificadas e limpas. A fase seguinte, a da estabilização, garantiu que os danos e as alterações nas peças não se agravassem. Por fim, todo o material foi acondicionado em embalagens personalizadas para evitar novos prejuízos.
Aparentemente, segundo os pesquisadores, o soterramento protegeu os ossos do contato direto com o fogo. Além disso, eles concluíram que a substituição mineral, pela qual os ossos passaram durante o processo de fossilização, possa ter sido um fator importante para a resistência ao soterramento.
O fóssil com aproximadamente 80 milhões de anos, pertencente ao período Cretáceo, foi coletado em uma das expedições realizadas pelos integrantes do setor de Paleovertebrados do Museu Nacional/UFRJ, entre 2003 e 2006, próximo ao Córrego Confusão no município de Tesouro (MT). O fóssil estava sendo estudado antes do incêndio e foi uma das peças do acervo que foram resgatadas em fevereiro deste ano.
O livro é uma parceria do Museu Nacional/UFRJ com o Ministério das Relações Exteriores da Alemanha, o Goethe-Institut e a Fundação Gerda Henkel.