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Museu da Imagem e do Som (MIS) luta há 50 anos para preservar memória audiovisual paraense

Expectativa é que MIS mude para espaço novo no Palacete Facióla em 2023

Vito Gemaque

A história do Museu da Imagem e do Som do Pará (MIS/PA) pode ser vista como uma saga na busca da preservação da memória audiovisual paraense. Após mais de 50 anos de existência, o museu idealizado na década de 70 ainda encontra dificuldades por nunca ter tido uma sede própria adequada. Apesar das limitações, o espaço mantém bem preservados a história do cinema paraense, os primeiros programas de televisão locais e vários materiais como pôsteres, equipamentos, vinis, fitas cassete e outros. A expectativa é que em 2023 o MIS ganhe um novo espaço definitivo adequado para as atividades de preservação e divulgação do material para o público.


O MIS/PA, instituição ligada à Secretaria de Estado de Cultura do Pará (Secult/PA), localizada no Complexo Feliz Lusitânia, atende somente pesquisadores que agendam horários. O fechamento para o público ocorreu por motivos anteriores à pandemia, a falta de um espaço adequado para receber os visitantes e os poucos servidores do órgão. O atual diretor do MIS/PA Januário Guedes, de 80 anos, conta ter saído da aposentadoria para exercer a missão de cuidar do acervo de aproximadamente sete mil peças. Com trabalhos em produções cinematográficas locais, ele ajudou o setor audiovisual com a criação da Associação dos Documentaristas e do Centro de Recursos Audiovisuais da Amazônia.

“É complicado essa salvaguarda e essa preservação. Parte da memória audiovisual nossa está aqui, e inclui coisas que hoje são difíceis de encontrar em outros lugares, depoimentos de pessoas, de personalidades, de mestres da cultura, que já morreram ou estão morrendo”, conta. Entre os objetos preservados estão películas do cineasta paraense Líbero Luxardo, um dos pioneiros no Estado, na década de 1950.

O incêndio na Cinemateca de São Paulo, ocorrido no final de julho, foi sentido pelo museu paraense, já que a instituição federal era parceira e foi responsável pela digitalização dos filmes de Líbero Luxardo. A Cinemateca ainda abriga obras sobre o Pará, que não existem em nenhum outro lugar. Apesar de menor, a situação do MIS/PA não poderia ser comparada com os anos de descaso profundo que a Cinemateca sofreu, tendo inclusive ficado sem funcionários para cuidar do acervo.

“A gente felizmente tem conseguido manter um nível razoável de preservação e de armazenamento. Porém, precisamos urgentemente melhorar isso. A ideia é que não se pode funcionar de maneira precária. Esperamos que daqui algum tempo estejamos em um local condizente com a necessidade de preservar esse acervo. A gente tem muito cuidado com todas essas questões. Determinados acervos como películas tem que ser mantidas em refrigeração por 24h, sem humidade”, explica Januário.

A expectativa é que o MIS/PA mude para dois anexos do Palacete Facióla, localizado na avenida Nazaré, esquina com a rua Doutor Moraes. A Secult está reformando o prédio, fechado há quase dezoito anos. O investimento foi de quase R$ 16 milhões e a entrega deve ocorrer em 2023. “Finalmente, depois de quase 50 anos de idealizado, e 40 de fundado, o Museu da Imagem e do Som terá uma sede própria, ao invés de ficar perambulando por vários espaços em Belém”, aguarda Januário.

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