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'Motirô' pela Amazônia ganha vida em Icoaraci neste sábado (24)

Espetáculo da Companhia de Dança Ana Unger será exibido na Concha Acústica da Orla, mas, antes, na sexta (23), estudantes participam de oficina de percussão

Eduardo Rocha

O acúmulo de material plástico (como garrafas pet, por exemplo) e outras embalagens de produtos descartados em rios e mares pelo mundo tem provocado o adoecimento e  morte de peixes e outros animais  das águas e também, como efeito em sequência, muitos seres humanos. E não é diferente na Amazônia, a maior bacia hidrográfica do mundo. Por isso, a Companhia de Dança Ana Unger apresenta neste sábado (24), às 20h, o Espetáculo Multimídia "Motirô" no Anfiteatro da Orla de Icoaraci (Concha Acústica), na travessa do Cruzeiro, 276, em Belém, com entrada gratuita. Ainda na sexta, a Companhia promoverá uma oficina para estudantes de Icoaraci.

“Motirô” foi concebido para ser uma verdadeira celebração da exuberância da natureza amazônica e um chamado à conscientização ambiental, abordando a poluição das águas dos rios e mares da região. Esse vocábulo "Motirô" significa "mutirão" em Tupi-Guarani e traduz a proposta dos organizadores de arregimentar esforços em prol da sobrevivência dos ecossistemas do bioma amazônico. Trata-se de um espetáculo multimídia, dirigido pela professora, que integra diversas formas de arte para criar uma experiência sensorial única e envolvente. 

Imagens 

Por isso, a foto do cartaz do espetáculo, feita pelo fotógrafo Marcos Hermes, que já registrou diversos artistas e personalidades mundiais e responde por fotos de mais de capa de disco, traz uma bailarina (ser humano) quase encoberta por lixo nas águas de um rio ou mar na Amazônia. Em outras palavras, os resíduos sólidos acabam contribuindo para esmorecer e destruir seres vivos nesse habitat regional.

Cenas de lixo nas praias foram novamente identificadas em áreas de praia no Pará, na recente temporada de férias do mês de julho, por exemplo. E para reforçar a identidade e intensidade da mensagem da Companhia de Dança Ana Unger, ao longo da história das civilizações, é bom lembrar que, no começo das cidades, os povos se concentravam (e até hoje se concentram) em locais perto de rios e mares. Isso para aproveitar as águas e alimentos propiciados pela relação terra-água. Sem águas, nada de comida, como frutos, inclusive, o açaí - paraense por natureza, e tantas outras atrações da gastronomia da Amazônia.

Nos sentidos

A música original de “Motirô”, criada especialmente para o projeto por Thiago D’Albuquerque, desempenha um papel crucial em emocionar e instigar o público, complementando a narrativa visual e conceitual do espetáculo, como destaca Ana Unger. "A música também ajuda nesse argumento que queremos passar para as pessoas, para sensibilizar. Às vezes, as palavras não entram, mas o espetáculo, de uma forma muito conceitual, tem momentos que dão aquele nó na garganta, e acredito que as pessoas vão sentir a emoção que estamos sentindo", ressalta a bailarina.

A música dialoga com paisagens regionais registradas por Marcos Hermes, como praias, lagos e furos de Algodoal; a Ilha do Pilão, em Salinópolis; a orla de Icoaraci e o Portal da Amazônia. Em 2024, Hermes aceitou um novo desafio ao lado da bailarina e diretora de dança Ana Unger, no projeto multimídia "Motirô", previsto para ser lançado em 2025. "Não há música sem imagem, em todos os sentidos, especialmente no sentido da poesia", reflete ele. E acrescenta: "Eu quero mais estar aqui, o Pará tem muita riqueza musical, artística".

“O espetáculo tem videografia, cenários virtuais, com imagens feitas por Alan Guimarães e fotos de Marcos Hermes em Algodoal e Ilha do Pilão, em Salinas. A música feita especialmente por Thiago D’albuquerque recebe intervenção de instrumentos musicais pelos alunos  da escola Estadual de Icoaraci”,  declara Ana Unger.

A direção criativa de "Motirô" é de Silvia Quadros, com direção de imagem de Alan Kardec e edição de Mário Costa. O design dos figurinos é assinado por Ana Luiza Gabbay e foi confeccionado por mulheres de cooperativas, sob a coordenação de Norma Andrade do Instituto Lixo Zero. 

Essas peças foram produzidas em pesquisa minuciosa, utilizando materiais cedidos por cooperativas de catadores e incorporando princípios sociais e ambientais. A criação dos figurinos foi um desafio significativo, mas essencial para o sucesso do espetáculo. "Nós tivemos que criar figurinos que fossem ao mesmo tempo esteticamente impactantes e funcionais para a dança," explica Ana Unger, uma pessoa, como ela mesma pontua, apaixonada pela Amazônia. “Cada um de nós pode fazer a diferença pela Amazônia", ressalta.

A coreografia do espetáculo, com argumento de Ana Unger, foi desenvolvida por meio de uma pesquisa de movimento realizada por Jonathan Costa, Ivan Franco e pela própria Cia de Dança Ana Unger. 

Oficina

"Motirô" será apresentado no dia 24 de agosto (sábado), às 20h, na Orla de Icoaraci (Concha Acústica), com entrada franca. Antes da apresentação do espetáculo neste sábado (24), ainda nesta sexta-feira (23), das 10h às 12h, o músico Thiago D’Albuquerque e o artesão Zete irão ministrar uma oficina de percussão para os alunos da Escola Liceu Mestre Raimundo Cardoso, de Icoaraci. Assim, será dada a eles a oportunidade de interagir em alguns momentos do espetáculo.

Contemplado pelo edital da Lei Paulo Gustavo, por meio da Secult, Governo do Pará, MinC e Academia Paraense de Música,  dará continuidade às apresentações em São Caetano de Odivelas, Salinas, Alter do Chão. Em 2025, será apresentado em outros espaços de Belém, com um formato ampliado, novas cenas e música instrumental ao vivo.

Serviço: 

Espetáculo "Motirô"

Evento: Espetáculo Multimídia "Motirô"

Data: 24 de agosto (sábado)

Horário: 20h

Local: Anfiteatro da Orla de Icoaraci (Concha Acústica)

Endereço: Tv. do Cruzeiro, 276 - Cruzeiro, Belém

Entrada: Gratuita

 

Oficina de Percussão

Atividade: Oficina de Percussão com Thiago D’Albuquerque e Zete

Data: 23 de agosto (sexta-feira) 

Horário: das 10h às 12h

Local: Escola Liceu Mestre Raimundo Cardoso de Icoaraci

Público: Alunos da escola, com interação durante o espetáculo "Motirô"






 

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