Morre diretor David Lynch aos 78 anos, dos filmes 'Duna', 'Twin Peaks' e 'Veludo Azul'
A notícia do óbito foi anunciada pela família do cineasta
Diretor de filmes como "Cidade dos Sonhos" (2001) e da série "Twin Peaks", David Lynch morreu nesta quinta-feira (16) aos 78 anos. O cineasta recebeu quatro indicações ao Oscar e era conhecido por suas histórias surrealistas e sombrias, além de um humor desconcertante.
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Apesar de ter sido diagnosticado em 2024 com enfisema pulmonar, a causa da morte do cineasta não foi divulgada. David Lynch era fumante desde os 8 anos e a doença o impediu de continuar dirigindo produções presencialmente. Pelo Facebook, a família lamentou a sua morte: "Há um grande vazio no mundo agora que ele não está mais conosco. Mas, como ele diria, 'fiquem de olho na rosquinha, e não no buraco'. É um dia lindo com raios de sol dourados e céus todos azuis.".
David Lynch considerou seguir a carreira de pintor durante sua juventude e chegou a estudar para realizar o ofício, mas logo passou a se dedicar a realização de curtas-metragem. O diretor ficou conhecido logo em seu primeiro longa-metragem, o independente "Ereserhead", em 1977, e que se tornou cult com o passar dos anos. Com o rápido reconhecimento, David foi contratado para escrever e dirigir "O homem elefante" de 1980. John Hurt e Anthony Hopkins estrelaram a história sobre a vida de um homem desfigurado, que recebeu oito indicações ao Oscar, nas quais Lynch foi indicado nas categorias roteiro adaptado e direção.
Após o fracasso de "Duna" (1984), uma adaptação da ficção científica, o cineasta se recuperou com um combo de dois sucessos seguidos. Em 1986 foi indicado ao Oscar pela direção do surrealista "Veludo Azul" e em seguida, o seu projeto "Coração Selvagem", de 1990, foi o grande vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes. Ainda neste ano, David revolucionou a TV americana ao lançar a série de mistério "Twin Peaks". A história contava a investigação da morte de Sheryl Lee, uma colegial de uma pequena cidade. Porém, a série foi cancelada na segunda temporada, mas conquistou a condição de cult.
Em 1992 o projeto ganhou o filme "Twin Peaks: Os Últimos Dias de Laura Palmer" e 25 anos depois, em 2017, uma nova temporada. Para os mais jovens, Lynch talvez seja mais conhecido pelo suspense lançado em 2001 com ares surrealistas, "Cidades dos Sonhos", que impulsionou a carreira de Naomi Watts, levando-a ao estrelato. O filme trouxe mais um reconhecimento significativo para Lynch, que recebeu o prêmio de melhor diretor no Festival de Cannes e uma indicação ao Oscar.
Além de sua carreira como cineasta, Lynch também era conhecido por suas participações como ator. Seu trabalho mais recente foi em "Os Fabelmans" (2022), onde interpretou o lendário diretor John Ford.
VINDA AO BRASIL
David Lynch veio ao Brasil pela primeira vez em 2008, para divulgar seu livro "Em águas profundas – criatividade e meditação".
"Um artista não precisa sofrer para mostrar sofrimento, ele só tem que entender o sofrimento. A intuição é o principal instrumento de um artista. Sou uma pessoa feliz por dentro, mas minhas histórias refletem o mundo real, e vivemos num mundo negativo", disse o cineasta, que em 1970 começou a se dedicar à meditação. Suas ideias eram atribuídas a meditação e a origem de seus filmes.
"É uma técnica mental que ajuda a criatividade e abre a porta para um nível de vida mais profundo, o infinito, sem limites", disse ele, sobre a meditação transcendental. "Você pratica um mantra, que te coloca na base entre a matéria e a mente. De repente, tudo se expande e a vida fica muito boa."
David disse ainda que essa filosofia estava presente nos bastidores de todas as suas obras. "Gosto de trabalhar num set feliz, como uma família. Acho que o set tem que ser um lugar seguro para o ator, onde ele possa se aprofundar. Acho que o medo e pressão prejudicam a criatividade e, consequentemente, prejudicam o trabalho."
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