Maria José Batista traduz Amazônia em cores e formas em exposição aberta nesta quarta-feira, 09

“As Cores Vivas da Amazônia Naïf” fica disponível tanto espaço cultural do Banco da Amazônia quanto em ambiente virtual

Caio Oliveira
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Por ser uma arte instintiva, produzida por autodidatas, a arte naïf é uma das vertentes que mais se aproximam de uma produção popular, feita por quem tem a necessidade de expor para o mundo a sua visão sem as técnicas usuais de representação. Celebrando essa forma de expressão, nesta quarta-feira, 9, Maria José Batista abre a exposição: “As Cores Vivas da Amazônica Naïf”, com cerca de 20 obras criadas especialmente para este projeto contemplado com o Prêmio Banco da Amazônia de Artes Visuais 2020 e que será exposto também em espaço virtual por conta da pandemia.

Maria José conta que já que nasceu em um ambiente que a inspirava e estimulava, e essa transição para o mundo das artes foi inevitável. “Meu pai era artista plástico e eu cresci no meio das tintas e dos pincéis. A minha brincadeira, desde bebezinha, era ele me dando tinta, me dando papel. Quando ele faleceu, eu fiquei com vontade de começar a pintar e fui pro Curro Velho. Lá, eles me disseram que eu já tinha meu estilo próprio”, disse a artista.

Essa expressão própria que Maria José trouxe consigo apresenta cores fortes, que a artista usa para retratar o cotidiano. "Ela tece temas religiosos, afazeres diários testemunhados pela cidade, pela região Amazônica, lugar em que habitam muitos daqueles que foram e são invisibilizados pela cultura dominante”, explica a curadora da exposição, Mariza Mokarzel, reforçada pela própria Maria José.

"Eu retrato o povo paraense. Eu gosto de pintar as ruas, as casinhas, as crianças soltando pipa, tomando banho no canal. Se eu vejo alguma coisa aqui da porta da minha casa, no Telégrafo, já corro pra pegar um lápis, faço um rascunho e transformo numa obra", fala a artista sobre seu processo criativo.

image Artista usa as mais diversas técnicas (Divulgação)

A exposição “As Cores Vivas” é um recorte dessa vida que pulsa nas ruas, nas esquinas da periferia, onde a identidade paraense se constrói e se fortalece. Para reforçar ainda mais essa veia popular, Maria José expressa esse cotidiano não apenas no conteúdo, mas na forma de suas obras. Nesta exposição em especial, há uma diversidade de materiais e linguagens artísticas, com experimentações em papelão, TNT, plástico pet, além de ferramentas mais tradicionais. 

“Eu sou bastante curiosa. Gosto sempre de tá pesquisando, experimentando, e eu queria fazer alguma coisa com minha arte naïf que não fosse dentro da pintura, experimentando materiais recicláveis. Em uma oficina que fiz de rendinha com uma amiga, eu fui descobrindo que dava pra usar tecido pra fazer como se fosse uma pintura sem tinta, recortando e juntando. Como eu tava sem dinheiro pra comprar tecidos, usei o TNT, e comecei a avançar nesse trabalho com texturas. A gente tá sempre atrás de inovar”, conclui um maiores nomes do naïf da atualidade, cuja obra traduz em arte os sons, cores, odores, sabores e curvas da Amazônia.

Serviço

“As Cores Vivas da Amazônia Naïf”, de Maria José Batista
Abertura: 9/12 
Período de visitação: 10/12/20 a 05/02/21
Local: Espaço Cultural Banco da Amazônia – Av. Presidente Vargas, em frente à Praça da República - Campina.
Espaço Virtual: mariajosebatista.wixsite.com/oficial

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