Marca paraense apresenta coleção inspirada na arte rupestre de Monte Alegre
A estilista Graça Arruda trouxe às peças elementos da pesquisa arqueológica de Edithe Pereira
A marca de moda paraense Madame Floresta lançou uma coleção inédita inspirada nas pesquisas sobre a arte rupestre de Monte Alegre, no Pará. Idealizada pela estilista Graça Arruda, dona do empreendimento, a coleção foi apresentada no evento de lançamento do preview do Amazônia Fashion Week, que ocorreu em Belém neste mês de novembro. A ideia para a série de vestimentas e acessórios surgiu a partir de um convite feito pela pesquisadora do Museu Paraense Emília Goeldi, Edithe Pereira, que também é consumidora da marca, considerada a maior referência no assunto e divulgadora da riqueza encontrada em pedras e grutas.
Além das peças de roupa, a coleção inclui também acessórios inspirados nos equipamentos de trabalho dos arqueólogos, como chapéus, mochilas, bolsas e sapatos, confeccionados com retalhos da coleção, em uma proposta alinhada com a sustentabilidade.
“A Madame Floresta é fundamentada em sustentabilidade e em referências locais; desde sempre foi meu objetivo ter a minha cultura e história traduzida nas minhas coleções e sigo fazendo isso até hoje, tendo como inspiração a regionalidade amazônica”, explicou Graça.
Sobre a recepção do público, ela revelou que as respostas foram positivas e superaram suas expectativas, especialmente com o uso de tons neutros, diferentes do estilo usualmente colorido da marca. “Eu fico feliz que muitos gostaram da coleção. Sempre tenho planos de continuar trabalhando com patrimônio cultural”, disse a estilista.
VALORIZAÇÃO
A pesquisadora Edithe Pereira, com mais de três décadas de experiência no estudo da arte rupestre amazônica, com um trabalho iniciado em 89, em Monte Alegre, explicou a importância de trazer a arte rupestre para o universo da moda.
"A arte rupestre do Pará é uma fonte de inspiração para artesanatos em geral e joias, e eu entendo estes produtos como uma importante forma de divulgação do nosso patrimônio arqueológico”, destacou.
Para Edithe, a moda permite não apenas a divulgação, mas também a valorização dessa herança histórica. Segundo ela, a estilista soube trabalhar com a valorização desse patrimônio. A pesquisa pontou que o contato dos consumidores com peças que carregam essas imagens tem um impacto significativo na difusão dessa herança cultural.
“O consumidor, geralmente, quer saber o que é a imagem representada em determinada peça e, muitas vezes, se surpreende ao saber que se trata de imagens feitas há milhares de anos por nossos ancestrais. Muitas pessoas ainda não sabem que a Amazônia possui sítios com arte rupestre – que é o termo usado para designar pinturas e gravuras feitas nas rochas – e ficam sabendo ao adquirir algum produto que tenha imagens deste patrimônio. Esta informação já é uma forma de difusão deste patrimônio”, explicou Edithe.
Para ela, produtos de moda e artesanato têm um papel crucial na preservação cultural. "A moda, juntamente com outros produtos artesanais, são uma importante forma de divulgação do nosso patrimônio, ajudando na sua preservação, pois aquilo que é conhecido e valorizado tende a ser preservado", acrescentou a pesquisadora.