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‘Mangueirosamente’ traz de volta os anos de ouro da discoteca com Tarrika e Alberto Pinheiro

Dupla fez e ainda faz muita gente dançar ao som dançante na noite de Belém, confirmando que o paraense é um povo festeiro

Eduardo Rocha

Na floresta de sonoridades da Amazônia, particularmente em Belém, há espaço para tudo, ou seja, brega, rock, som de aparelhagem, guitarrada, carimbó, calipso, marabaixo, samba, reggae e por aí vai. E também existe um lugar garantido para a música discoteca, que há mais de cinco décadas embala a noite de Belém e de outras cidades do Pará. Dois nomes se destacam na popularização desse gênero em solo paraense: Tarrika e Alberto Pinheiro. Eles, como disc jockey (atuais DJs), programavam as músicas que agitavam o público nas pistas. O videocast “Mangueirosamente”, comandado pelo colunista Ismaelino Pinto e acessado a partir das 19h desta sexta-feira (14) no portal OLiberal.com, recebe, então, Tarrika e Alberto Pinheiro para um bate-papo musical.

Tudo começou com a vocação dos dois amigos pela música. Eles chegaram a formar um grupo de rock, o Made in Brazil, no começo dos anos 1970. Alberto Pinheiro, inclusive, é irmão da cantora Leila Pinheiro e de Vera Pinheiro, atualmente DJ em Portugal, e aproveitou a música que estava na seiva da família.

Na época, as reuniões de jovens ocorriam na frente do então Colégio Moderno, na travessa Quintino Bocaiuva, no centro de Belém, às proximidades da casa do guitarrista Bob Freitas, entre outros nomes conhecidos na cidade. Nesse cenário, Lopinho, Lopo de Castro Júnior, integrante de família do ramo da comunicação no Pará, morava perto do Moderno e passou a organizar umas festas aos sábados à noite, na garagem da casa dele. Tarrika e Alberto se engajaram no projeto. A família de Lopinho tinha a concessão da Rádio Guajará, e era na emissora que os organizadores dos embalos conseguiam os discos de vinil emprestados para animar os bailes de fim de semana. O som era dos Beatles, Stones, Creedence Clearwater Revival e outros ídolos.

Essa novidade das festas se propagou a ponto de que se alguém do grupo fazia aniversário, Alberto e Tarrika eram logo convocados para fazer o som que faziam na casa do Lopinho. “As coisas foram acontecendo naturalmente, sem ninguém pensar, sem marketing, sem nada”, diz Tarrika.

O pontapé inicial da carreira da dupla veio quando o pai de Alberto, Altino Pinheiro, foi eleito presidente da Assembleia Paraense, e a pessoa que atuava em eventos desse clube social era o saudoso jurista paraense Zeno Veloso. Jovem, Zeno frequentava as boates do eixo Rio-São Paulo e, certa vez, veio com uma ideia na volta para Belém: propôs a Tarrika e Alberto Pinheiro animar os associados jovens da AP. Como a dupla não dispunha de aparelhagem, Zeno Veloso disse que havia falado com o saudoso músico Guilherme Coutinho. Guilherme iria emprestar a aparelhagem dele para os dois amigos. Isso, então, passou a ser verdade na sede social da Assembleia, na avenida Presidente Vargas, em 1973.

Tarrika conta que eles criavam uma seleção musical, e a base era a tecnologia do cassete (fita cassete). “A partir do momento que você apertava no play, só ia parar 45 minutos depois. Dancem o que estiver no cassete”, conta. Não havia mixador, só havia um seletor. Porém, eles inovaram ao utilizar dois cassetes, tocavam uma música e colocavam outra no ponto para entrar quando estivesse terminando a outra. Tudo na metade dos anos 1970. “A diretoria do clube tinha muita resistência com a música mecânica, por causa de anos e anos de ter uma banda tocando. Nós tivemos que convencer a diretoria para iniciar o projeto”, detalha Alberto Pinheiro. 

Disco e TV

Em 1975, os dois conheceram as novidades das gravadoras norte-americanas Motown Records e Philadelphia International Records, que atuavam com artistas negros. E com o sucesso do filme “Os Embalos de Sábado à Noite” (1977) e da  telenovela “Dancing Days” (1978), da Rede Globo,surgiu em Belém, em 1978, a boate Signo´s Club, para a qual a dupla foi convidada pelo empresário Paulo Martins. Tarrika e Alberto Pinheiro também fizeram sucesso na boate Matapi, na Ilha do Mosqueiro, entre outros projetos. 

Ainda em 1976, Romulo Maiorana, idealizador e fundador do Grupo Liberal, inaugurou a TV Liberal. Ainda na época da montagem da TV Liberal, os dois estavam no Mosqueiro e Romulo os chamou e disse que a emissora ia entrar no ar em outubro daquele ano e gostaria de que os dois fizessem um programa para jovens no sábado à tarde. A dupla topou e fez o programa por um ano. E esse programa tornou a dupla ainda mais conhecida do público. Por essas e outras façanhas, Tarrika e Alberto Pinheiro foram verdadeiros embaixadores da Era Disco em Belém.

 

 

 

 

 

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