Livro revisita história da boemia de Belém entre os anos 1950 e 1980

“Entre Cabarés e Gafieiras: Um Estudo das Representações Boêmias em Belém (1950 – 1980)”, de José Dias Júnior é lançado nesta quinta-feira, 10

Lucas Costa
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Belém pode ser considerada uma cidade boêmia, da noite e dos fins de tarde de encontros em bares e esquinas. Mas essa relação dos habitantes com a cidade é antiga, e é essa a memória que o historiador José Dias Júnior se propõe a resgatar em seu livro “Entre Cabarés e Gafieiras: Um Estudo das Representações Boêmias em Belém (1950 – 1980)”, lançado nesta quinta-feira (10), pela Editora Cabana.

O livro é resultado da pesquisa de doutorado em História Social de José Dias, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), e fruto de uma longa pesquisa sobre a boemia e a repressão da Ditadura Militar sobre meretrício em Belém do Pará. O autor registra homens na multiplicidade de suas tarefas do cotidiano, na construção do espaço e nas diversas temporalidades, e também valoriza as reminiscências nas marcas que a história deixou ao longo do seu processo.

“Belém é uma cidade boêmia há muito tempo, desde os tempos da Belle Époque, já se identificava nos jornais da cidade referências a boêmios e lugares de diversão presentes no centro e nos subúrbios”, explica o autor, que também é professor adjunto do curso de História da Universidade Federal do Pará.

José também destaca dois lugares essenciais dentro dessa história da boemia de Belém. “A Zona do Meretrício na Campina e a Praça Princesa Isabel na Condor, estão diretamente ligadas às condições de Cidade Portuária em Belém. Entre os anos 30 e 40, por exemplo, antes do Aeroporto de Val de Cans, a chegada e partida das pessoas que vinham a Belém se dava pelo porto da Condor, onde ficava também o Bar da Condor, espaço emblemático no qual várias autoridades e artistas paravam para almoçar e apreciar os espetáculos de noite. Por ser uma cidade portuária, Belém do século XX sempre teve um movimento intenso próximo ao porto, fato que justifica a proximidade da zona do meretrício, bem como alguns lugares de destaque no centro onde os boêmios se reuniam, dentre eles destaco o Bar do Parque e o Terrace do Grande Hotel”, conta.

Na pesquisa que José Dias apresenta no livro, ele faz um recorte entre os anos de 1950 e 1980. Nos capítulos, o leitor deve se deparar com lugares de boemia da cidade, em especial nos bairros da Condor e Campina, como destaca o próprio autor.

“Várias são as histórias curiosas que podemos encontrar no livro. Dentre elas destaco três: a primeira diz respeito aos dois processos crimes que encontrei citando como réu uma importante personalidade política e empresarial  da cidade nos anos 1940, que respondeu a dois processos relacionados ao crime de lenocínio e incentivo à prostituição, tirando proveito do cargo que ocupava; outro assunto curioso diz respeito aos bastidores do filme ‘Iracema’, que traz situações bastantes curiosas, quanto a seleção e exposição da personagem principal nas gafieiras do bairro da Condor no início dos anos 1970; e por fim, para mim, o episódio mais interessante identificado na pesquisa foi o fechamento da Zona do Meretrício em 1º de abril de 1970, quando todas as casas de diversão do bairro  da Campina foram lacradas e as meretrizes confinadas proibidas de sair as ruas ou fazer programas”, conta o historiador.

O livro “Entre Cabarés e Gafieiras: Um Estudo das Representações Boêmias em Belém (1950 – 1980)” terá um evento de lançamento nesta quinta-feira (10), às 17h, no Boteco do Carmo, na Cidade Velha. O livro custa R$ 50 e também pode ser adquirido pelo site www.editoracabana.com.

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