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Jornalista paraense Ulisses Campbell lança em Belém o livro 'Suzane- Assassina e Manipuladora'

Publicação mostra outro olhar sobre o emblemático caso do assassinato da família Richthofen

Enize Vidigal

Carinha de anjo, personalidade assassina. Suzane von Richthofen, a herdeira milionária condenada como mandante da morte dos pais, Manfred e Marísia, em 2002, é retratada no livro "Suzane- Assassina e Manipuladora", best seller do jornalista Ulisses Campbell. Em 279 páginas, o autor retrata a vida de Suzane dentro da cadeia e nas saídas temporárias ao entrevistar pessoas que conviveram com ela e estudar os documentos processuais e os laudos de psicologia forense que desvendam o perfil dessa aterrorizante personagem da vida real. Ulisses lança o livro em Belém, nesta quarta-feira, 11, no hall de O Liberal, às 19 horas.

O crime chocou o país. Na noite de 30 de outubro de 2002, o casal é assassinado a pauladas no quarto da mansão em que residia no bairro nobre em São Paulo. A filha mais velha do casal, então com 19 anos, convenceu o namorado e o irmão dele, Daniel e Cristian Cravinhos, a cometerem o crime.

Ela visava a fortuna dos pais. Suzane abriu a porta de casa para os assassinos, acendeu um interruptor de luz dando sinal verde para que eles entrassem no quarto e desceu para a sala para esperar que eles terminassem o serviço no piso superior. Na mesma noite, ela seguiu com o namorado para o motel. No dia seguinte, chorou no enterro e logo depois deu uma festa na mansão. Ela foi descoberta poucos dias depois e condenada em 2006 à pena de 39 anos de prisão.

Ulisses explica o perfil da personalidade de Suzane, apontado nos laudos psicológicos: "O que Suzane tem atestado é manipulação, egocentrismo e narcisismo, o que é muito perigoso. O narcisista vê o mundo através dos seus interesses. É aquele que a gente só vê em descrição de vilão de novela, que é capaz de passar por cima de tudo e de todos para ter seu interesse realizado. Isso é a Suzane. Junta-se a isso a agressividade camuflada. A combinação dessas características faz dela uma pessoa capaz de matar os próprios pais e, no mesmo dia, ir para o motel com o namorado", conta Ulisses.

O livro discorre também sobre as pessoas que Suzane seduziu e manipulou para obter proteção e conseguir sobreviver à sentença de morte imposta na cadeia para quem é estuprador e assassino de pais e de filhos. Na lista estão médico, diretora de unidade prisional, promotor de justiça e até a líder de uma cadeia, Sandrão, com quem manteve um relacionamento homoafetivo. Ainda, Ulisses fala sobre as religiões exercidas por Suzane na prisão: luterana, catolicismo e espiritismo até tornar-se evangélica. Atualmente faz pregações e estuda para ser pastora.

Os irmãos Cravinhos estão entre os entrevistados do livro. Daniel conta que, na noite do crime, no motel, estava nervoso, e que Suzane o tranquilizou dizendo que ele era muito "emotivo" e que "agora é comigo (ela)". Ele tentou o suicídio na prisão. Ele obteve a liberdade, se casou, excluiu dos documentos o sobrenome Cravinhos e voltou a dar aulas de aeromodelismo em São Paulo. Já Cristian, esteve solto, mas voltou a cometer delitos e foi preso novamente. Sandrão também foi ouvida pelo jornalista e resumiu ter chegado à conclusão de que nunca foi amada por Suzane, mas sim usada.

"Suzane- Assassina e Manipuladora" é uma biografia não autorizada, publicada pela Matrix Editora, que Suzane tentou impedir a publicação na justiça paulista. Ela obteve decisão favorável no final do ano passado. O livro ficou 37 dias censurado até o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, liberar a publicação.

Ela não tem direitos sobre a obra e não recebe qualquer valor pela vendagem do livro. "Na minha opinião, a Suzane mente o tempo todo", afirma o autor. O livro figura na lista mais vendidos de não-ficção da revista Veja, Folha de S. Paulo e O Globo e já está na quinta edição.

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