Jacaré, personalidade da noite paraense e do surfe, morre em Belém

Além de atuar na cena musical com eventos locais, ele era praticante e profissional do surfe no Pará. Velório será na Capela Memorial Max Domini.

Bruna Dias
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Nesta quarta-feira, 23, a cena cultural e esportiva do Pará perdeu Walmir Lotes, mais conhecido como Jacaré. Ele lutava contra um câncer e chegou a enviar um áudio para um amigo onde falava sobre o tratamento que vinha fazendo e da confiança que tinha na cura. O velório será no Complexo Memorial Max Domini, localizado na Avenida José Bonifácio, no bairro do Guamá.

Jacaré era bastante conhecido no cenário musical paraense por produzir grandes festas locais. Ele foi proprietário do primeiro Açaí Biruta, que funcionou na Rua Siqueira Mendes, bairro da Cidade Velha.

Em meados de 2000, Jacaré trabalhava com a promoção de eventos que valorizavam os artistas locais e atraía principalmente os universitários, que tinham alguns  privilégios nas suas festas.

Além disso, era figura tarimbada entre os praticantes de surfe no Pará e dos apreciadores do esporte que frequentavam as praias de Salinas, na região nordeste paraense. Também era shaper, como são chamados os profissionais que trabalham na confecção de pranchas de surf. Com o esporte, ele chegou a viajar por diversos lugares do mundo.

A Federação Paraense de Surf emitiu uma nota de pesar pela morte de Jacaré:

“Comunicamos com muita dor o falecimento do surfista e shaper Walmir Lotes (Jacaré). Uma perda imensurável para o Surf Paraense”.

Lembranças

Marcio Newber, cantor do grupo Irreverência, conta que conheceu Jacaré há quase 20 anos, bem no início da sua carreira. “Conheci ele de fato em 2004, ele ia em uma das nossas festas nos ver tocar. Até que um dia ele nos convidou para fazer um projeto, que era uma novidade, com muita propaganda. Fizemos esses eventos e depois tocamos em outras festas dele. Com o Jacaré fizemos nosso aniversario, gravamos CD e compartilhamos de outros momentos marcantes para o Irreverência. Foi uma relação bem bacana”, relembrou.

Há cerca de dois anos os dois se reencontraram. “Ele disse que nos acompanhava pelas redes sociais e nossas lives na pandemia. O Jacaré foi uma figura muito importante para nossa carreira, é uma pena perder alguém assim tão especial”, finalizou.

O cantor Vaguinho DB também lembra com muito carinho do produtor: “Ele sempre foi um cara que estava muito próximo do meio artístico, dando ideias para eventos, decorando os ambientes, participando mesmo. Bel lá no início tive uma longa temporada com ele e com toda a equipe que fazia e ainda parte até hoje do Biruta. Vivi um momento importante da minha carreira ao lado dele, pode ter certeza que ele deixou um legado para as noites de Belém. Descanse em paz, meu Mano Jacaré”.

Com mais de 15 anos de carreira, o Jeito Inocente também esbarrou com Jacaré na sua trajetória. Thiago Rosa falou um pouco dessa relação, que era bem mais profissional. “A minha relação com ele foi curta, mas, respeitosa. Ele era um cara educado, culto e inteligente. Sempre me recebeu muito bem, abraçou os projetos do Jeito Inocente. Ele foi muito importante para a noite de Belém, era um cara visionário e conseguia enxergar qualidade em lugares onde as pessoas não tinham essa percepção. Ele foi um dos primeiros que abriu 'as janelas para o rio' ao promover eventos, coisa que hoje nós vemos bastante”, disse o cantor.

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