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Iniciativa do cinema negro na Amazônia realiza programação aberta ao público

LAB Negras Narrativas Amazônicas é o 1º laboratório de roteiros voltado para cineastas negros

O Liberal

O cineasta e pesquisador Joel Zito Araújo, nome de destaque no cinema brasileiro, afirma em pesquisas e entrevistas que o audiovisual ainda é o setor mais racista da cultura brasileira. Com o objetivo de mudar o quadro e expandir a presença da população negra do cinema, será realizado em Belém, desta segunda-feira (3) até o próximo sábado (8), o LAB Negras Narrativas Amazônicas (LNNA), primeiro laboratório de roteiros voltado para cineastas negros amazônicos.

A iniciativa é voltada para o desenvolvimento de projetos de cineastas negros da Amazônia Legal. Seis projetos audiovisuais participam, ao longo de uma semana, de consultorias especializadas com profissionais atuantes no mercado, além de oficinas de documentário, roteiro, direção e produção. A abertura do evento e as oficinas serão abertas também ao público em geral.

Ao final da formação, no sábado, serão oferecidos três prêmios no valor de R$10 mil e um Prêmio Paradiso, no valor de R$ 5 mil, incluindo horas de mentoria. O LNNA é uma realização da Associação de Profissionais do Audiovisual Negro (Apan) em parceria com o Matapi - Mercado Audiovisual do Norte e a Casa Ninja Amazônia, apoio do Projeto Paradiso, Paradiso Multiplica e Secretaria de Estado de Cultura (Secult), por meio do Museu da Imagem e do Som (MIS) Belém, e financiamento da Open Society Foundations.

Atendendo aos diferentes gêneros cinematográficos e formatos de duração, foram selecionados os projetos “A Onça-Celeste”, de Ataw Wallpa (São Luís, MA), na categoria Curta-Animação; “A Cura”, de Ane Oipasam (Manaus, AM), na categoria Narrativa Seriada-Ficção; “Mesa Pra Um”, de Amanda Drumont (São Luís, MA), na categoria Longa-Ficção; “O Vento é Meu Irmão”, de Rayo Machado (Bragança, PA), na categoria Longa-Ficção; “Filhas do Andirá”, de Domi (Manaus, AM), na categoria Curta-Documental; e “As 7 Palmas da Liberdade”, de Mayara Coelho (Belém, PA), na categoria Longa-Documental.

As inscrições para o 1º LNNA ficaram abertas ao longo de todo o mês de fevereiro e contaram com amplo engajamento dos realizadores de cinema da região. No total, foram 41 projetos inscritos, de sete dos nove estados da Amazônia Legal: Pará, Amazonas, Amapá, Acre, Rondônia, Tocantins e Maranhão - Roraima e Mato Grosso ficaram de fora.

André Araujo, produtor e pesquisador de Salvador (BA), que participou da curadoria, afirma que a qualidade dos projetos inscritos tornou difícil a definição dos selecionados, mas a equipe responsável levou em consideração alguns critérios.

“Além do próprio mérito do projeto e de sua proposta narrativa e estética, também pensamos no perfil de profissionais que poderiam melhor aproveitar o espaço de desenvolvimento. Afinal, o LAB não se limita a pensar o projeto em si, mas contribuir com o desenvolvimento profissional de seus participantes para além daquela obra, fortalecendo sua atuação no mercado audiovisual. De toda forma, estamos satisfeitos com o resultado, mas fica o desafio de pensar como ampliar a representação de outros estados da região em próximas edições”, destaca.

A partir da análise dos projetos, a atriz e produtora cultural acreana Karla Martins, que também participou da curadoria, destaca que o LAB será um espaço de debate inovador, já que é o primeiro a discutir a produção audiovisual sobre o recorte de raça na Região Amazônica.

“Isso é muito interessante, porque a gente pôde perceber a Amazônia entendendo e fazendo um mergulho profundo, artística e culturalmente, no recorte racial - algo que demorou para estar presente de maneira orgânica na história da região. Então, quando a Amazônia faz um processo de aprofundamento com realizadores audiovisuais sobre essa questão, é lançado um espaço de compartilhamento e, ao mesmo tempo, um espaço aonde algumas questões são novas, que tem a ver com essas do local, do fazer artístico, cultural, com o recorte específico de raça. E esse recorte a ter uma importância estrutural para um pensamento de audiovisual territorializado”, avalia.

Sobre o LAB Negras Narrativas

O LAB Negras Narrativas é um projeto de ampliação e descentralização das ações da Associação de Profissionais do Audiovisual Negro (Apan). A Apan é uma entidade fundada em 2016, dedicada à missão de consolidar, nos mais distintos campos do audiovisual, a presença de pessoas negras, de maneira a promover narrativas, combater o racismo estrutural e referenciar possibilidades de construção coletiva nas políticas públicas e no mundo do trabalho. Desde seu nascimento, dedica-se ao fomento, valorização e divulgação de realizações audiovisuais protagonizadas por pessoas negras, bem como a promoção desses profissionais no mercado audiovisual brasileiro e internacional.

 

 

Conheça as atividades abertas ao público geral:

 

03/04 - 19h às 22h - Cedenpa (Pass. Paulo VI, 244 - Cremação)

Mesa de abertura: O pensamento afro amazônico nas artes

Convidadas: Nilma Bentes, Joyce Prado e Rayane Penha

Mediação: Karla Martins

 

04/04 - 19h às 22h - MIS (Av. Nazaré, 194 - Nazaré)

Oficina de documentário: Da pesquisa à ideia, do roteiro à montagem - documentário é invenção

Oficineiros: Fabio Rodrigues Filho e Luana Rocha

 

05/04 - 9h às 12h - MIS (Av. Nazaré, 194 - Nazaré)

Oficina de roteiro: Narrando mundos melhores

Oficineira: Maíra Oliveira

 

05/04 - 14h às 17h - MIS (Av. Nazaré, 194 - Nazaré)

Oficina de direção: Proposta de direção - do desenvolvimento à finalização

Oficineiras: Joyce Prado e Mariana Nunes

 

06/04 - 9h às 12h - MIS (Av. Nazaré, 194 - Nazaré)

Oficina de produção executiva

Oficineiro: Emerson Dindo

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