III Festival de Carimbó de Icoaraci homenageia mestres e celebra a música paraense
O distrito de Belém será tomado por uma programação que promove a pluralidade cultural do carimbó
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O carimbó e as suas variadas facetas vai agitar os dias 22 e 23 de fevereiro em Belém com a chegada do III Festival de Carimbó de Icoaraci, um evento que contempla desde os mestres do raiz ‘pau e corda’ até as manifestações mais modernas do gênero musical que carrega a identidade do Pará.
A programação gratuita acontece no Espaço Cultural Coisas de Negro, que há virou palco de diversos movimentos de resistência cultural, sempre dando oportunidade para que artistas regionais do carimbó apresentem ao público sua musicalidade, vivências e as mais diversas representações artísticas oriundas do ritmo.
Além das apresentações de carimbó, o festival vai entreter o público presente com feirinha de empreendedores, projeções artísticas, além de diversas vivências realizadas por mestres que apresentam a pluralidade de estilos dentro do gênero musical.
O cantor e compositor Luizinho Lins, afirma que o festival é um evento ideal para reunir apreciadores do carimbó de diferentes gerações, as quais podem se conectar por meio das diversas linguagens presentes na arte.
“Pessoas de diferentes gerações e histórias dançam lado a lado, criando laços que vão além do ritmo e dos passos. A cultura popular e suas linguagens desfragmentadas nos conectam às dimensões do bem viver. O carimbó nos faz compreender que somos parte da natureza e nela nos harmonizamos no ciclo perfeito da vida, compreendendo nosso papel humano no universo ", comenta o banjista.
O mestre Nego Ray, um dos coordenadores do Festival, ressalta que a programação também tem o objetivo de homenagear os grandes mestres do carimbó, e propagar a música paraense para mais públicos.
“Queremos difundir a música paraense com a divulgação de suas mestras, mestres, tocadores e tocadoras, bem como fortalecer nossa comunidade em seu território. Mostrar para um público diverso, de todas as idades, a riqueza da Cultura Popular e do carimbó como forma de resistência cultural e arte que transforma o distrito. Também iremos homenagear (em memória) Mestres Coutinho, Saraiva, Bené e Tabaco, antigos integrantes do conjunto Uirapuru do Mestre Verequete”, diz Mestre Nego Ray.
Carimbó e Resistência
As primeiras duas edições do Festival de Carimbó de Icoaraci aconteceram em 2010 e 2021. De acordo com Priscila Cobra, uma das organizadoras do evento, os anos nos quais não foi possível realizar o festival representam a resistência permanente dos artistas locais, que trabalham pela expressividade do carimbó no distrito apesar das dificuldades.
“A Roda Coisas de Negro comemora as bodas de prata de carimbó, são 25 anos que a roda acontece todos os domingos, que envolve um coletivo de mestres e mestras, além das novas gerações. São 25 anos de resistência, e essa dificuldade de manter festival permanente está diretamente ligada às lutas e obstáculos dessa resistência, porque a roda de carimbó dos domingos muitas vezes não tem remuneração, às vezes conseguimos arrecadar valores para ajudar os músicos, mas nem sempre e isso é uma luta de toda a comunidade”, explica a organizadora
Programação
No sábado (22), a abertura do III Festival de Carimbó de Icoaraci começa às 16h com a apresentação de Coisas de Negro. De 17h às 19h, o público recebe uma vivência de carimbó com Mestres Nego Ray, Jaci, Mestra Nazaré do Ó e Priscila Cobra. Às 19h, a festa continua com o Pocket Show Instrumental ‘Som do Barro’, com Silvio Barbosa. Por fim, a Projeção Sonora ‘Iqoaraci’ irá tomar o espaço a partir das 20h.
No domingo, (23) a celebração segue novamente com a abertura do Coisas de Negro, às 16h e início da roda de carimbó às 17h, que seguirá ininterruptamente com apresentações de diversos grupos e mestres até 01h10 da segunda-feira (24).
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