II Festival NoiteSuja reúne performance drag, arte e música em evento on-line

Com tema “Identidades Transformadoras”, a programação nos dias 26, 27 e 28 de março inclui palestras, bate-papos e apresentações artísticas, pautando a diversidade e a acessibilidade

Caio Oliveira
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Para mostrar toda a força e pluralidade de lutas e expressões artísticas que são possíveis de serem trabalhadas dentro do universo drag, o “II Festival NoiteSuja - Identidades Transformadoras” começa a ser transmitido nesta sexta-feira, 26, e nos dias 27 e 28 de março, reunindo 17 artistas paraenses LGBTQIA+. O evento é gratuito e leva para o ambiente virtual pautas como a diversidade e a acessibilidade, temas que atravessam a agenda do coletivo NoiteSuja desde sua fundação, em 2013, representando a culminância da luta do movimento artístico que já deixou sua marca na cultura paraense.

O coletivo “NoiteSuja” começou em Belém, idealizado pelos artistas Matheus Aguiar e Maruzo Costa, que também são performers da arte drag. Após quatro anos de experiências em casas noturnas, em 2017 realizaram o “1º Festival NoiteSuja” no Teatro Margarida Schivasappa, pelo Edital Pauta Livre; e em 2019, duas edições do “Atraque: Ato Político-Cultural Contra LGBTIfobia” nos Teatros Gasômetro e Margarida Schivasappa; apresentando artistas drags e da música em espetáculos gratuitos. Como prova da potencialidade transmidiática do movimento, eles já realizaram exposição fotográfica, mostra de vídeos no Sesc Boulevard e encontros em espaços públicos.

“O coletivo foi pensado para ser um espaço onde a gente pudesse agregar corpos de pessoas consideradas marginalizadas: corpos gordos, corpos pretos, LGBTQIA+, mulheres. Um dia, pensamos que seria bacana ver se essas pessoas tinham algum trabalho artístico, pensando no evento como uma maneira de reunir essa galera”, comenta Maruzo Costa. “A coisa cresceu porque existem muitas pessoas que têm esses trabalhos, que buscam esses espaços mas não têm, justamente por esse julgamento, por sermos pessoas marginais. A NoiteSuja foi se desenvolvendo porque as pessoas que caminham junto com a gente estavam muito sedentas de espaços para expor suas falas”, explica o idealizador do projeto que também encarna a drag queen Tristan Soledade. Segundo Maruzo, todos os participantes do coletivo têm a sua persona performática, e expressam a beleza da arte drag cada um a seu modo.

image Pandora Rivera Raia (Divulgação _ Kazu)

Com toda essa experiência e lutando para tirar cada vez mais o movimento artístico das sombras, a segunda edição do festival conseguiu financiamento por meio do Edital de Artes Visuais - Lei Aldir Blanc Pará, da Secretaria de Estado de Cultura do Pará (Secult) e Secretaria Especial de Cultura do Ministério do Turismo. Com muita festa e conscientização, o evento quer promover formação, encontros e articulações, debatendo temas ligados à LGBTQIA+fobia, racismo, misoginia e gordofobia, tudo através da arte performática.

“A gente tem pensado esse tema durante toda nossa trajetória enquanto movimento, para dizer que drags não servem somente ao entretenimento. São corpos múltiplos, negros e negras, mulheres, pessoas gordas, periféricas, etc. Então, esse festival é como se fosse um memorial para o público poder assistir quando quiser e saber mais sobre essas identidades, como elas se transformam, principalmente através da arte drag, que é a forma em que nós, enquanto coletivo, conseguimos comunicar nossas subjetividades, urgências, enfim, a nossa diversidade, que é essencialmente amazônida”, conta Aguiar, que é produtor cultural, designer e dá vida à drag queen S1mone. 

Programação

Com apresentação da drag Pandora Rivera Raia, os três dias de programação envolvem palestras, bate-papos e apresentações artísticas, em vários formatos. A cada dia também participam as idealizadoras do festival, as drags S1mone e Tristan Soledade, fazendo comentários para o público. 

Na sexta-feira, dia 26,  o primeiro dia de festival inicia com painéis e palestras de atores sociais que fazem parte da trajetória do coletivo NoiteSuja. Shayra Brotero conversa sobre o tema “Processos da identidade negra através da arte drag”; Skyyssime sobre “A territorialidade no fazer Drag na Amazônia”; Sarita Themônia sobre “O descartável na arte Drag”; e Xirley Tão trata sobre “Teatro e comicidade na arte Drag”.

Já no sábado, dia 27, as atrações são Allyster Fagundes, que fala sobre “A arte Drag no ciberespaço”; Flores Astrais que aborda “O corpo travesti na arte Drag”; Gigi Híbrida relata sobre “Moda e produção sustentável na Amazônia”; e Brigite Liberté sobre “Corpo mulher - Corpo Themônia”. No domingo, dia 28, a programação diversa do NoiteSuja encerra com apresentação do bailarino Marco Antônio; show de discotecagem, performance e pirotecnia da drag Yndjah Báh; o show de performance corporal e dublagem da drag Bunny das Coxinhas; além de show musical de Helena Ressoa e de MC PokaRoupas.

“A ideia é que seja uma festa, esse espaço de sociabilidade, que também é um ato político e um direito nosso. Então, colocar a festa como espaço onde a possa celebrar a existência de todos esses corpos marginalizados é o principal ideal da NoiteSuja. Mostrar que a gente tá ocupando aquele espaço porque a gente tem esse direito”, celebra Maruzo.

SERVIÇO

II Festival NoiteSuja - Identidades Transformadoras

Datas: 26, 27 e 28 de março

Hora: 20h

Transmissão on-line e gratuita pelo canal do Youtube

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Palavras-chave

Cultura
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