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Filhos do centro-oeste dividindo a arte com a Amazônia

Nesta edição da série “Selecionados Arte Pará- 40 anos”, o leitor vai ter a oportunidade de saber um pouco mais do que vai encontrar a partir do dia 22 de setembro

Bruna Lima

Oriundos da região centro-oeste do país, os artistas Hal Wildson, de Goiás, e João Angelini, do Distrito Federal, estão entre os selecionados da Mostra Nacional do Arte Pará 2022. Os artistas carregam em seu repertório questões em comum, como meio ambiente e exploração do homem e da natureza. Nesta edição da série “Selecionados Arte Pará- 40 anos”, o leitor vai ter a oportunidade de saber um pouco mais do que vai encontrar a partir do dia 22 de setembro, quando a exposição será aberta ao público, no Museu de Arte Sacra e na Casa das Onze Janelas, no bairro da Cidade Velha.

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Arte Pará

“É a primeira vez que participo de um salão nacional; para mim é muito especial ver meu trabalho circular em um projeto com tanta importância e que dá voz para esse Brasil plural, para além do eixo de arte sudestino”.

 Arte Contemporânea

“A arte contemporânea, ou esse lugar de status da arte, sempre pareceu um lugar distante para mim, sempre me pareceu elitista demais, difícil de entender, feita para pessoas de um mundo diferente do meu. A arte que eu aprendi na escola não era para pessoas como eu. Na minha trajetória, que eu chamo de "a marcha para o sudeste" entendi um pouco de como funciona esse eixo de arte sudestino e como é importante quebrar essas barreiras.  Hoje acredito que a arte é esse lugar construído em torno do simbólico, acredito que habitar o simbólico é também ter nas mãos a capacidade de construir ou reinventar uma realidade”.

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João Angelini, Distrito Federal, 1980

O artista destaca que possui um trabalho bem diverso e que se apoia na pesquisa de linguagens, de gestos e de processos. Por isso, a amplitude de categorias é grande. Possui trabalhos de vídeo-animação, instalação, música, pintura, gravura, performance, além de que também trabalha diretamente com teatro.

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 “Eu começo a me entender como artista, exatamente nesse lugar do curioso, de entender como as coisas funcionam, como é que o cinema opera, como é que o vídeo é capaz de reproduzir uma imagem em movimento, que estrutura é essa e por que que a gente vê as coisas em movimento”, reflete o artista.

 Obra em destaque

O trabalho do Arte Pará se chama “Suberinas”, que se trata de um conjunto de oito pratos e com imagens de árvores do Cerrado. E as imagens foram feitas com as cinzas e as fuligens, que o artista recolheu com a queimada. As imagens das cinzas estão fixadas na superfície do prato. “Então, quando você expõe o prato e ao verticalizá-lo, já cai um monte dessas cinzas e esse trabalho vai desaparecendo ao longo da exposição.  Às vezes de maneira mais acelerada, às vezes de maneira mais lenta. Por exemplo, se tem muito barulho no ambiente, cai muito mais rápido essas cinzas. O trabalho não é uma pintura, não é uma gravura, também não é bem um objeto. Eu gosto de categorizar o trabalho como performance, mesmo não tendo corpo humano ali presente”.

Arte Pará

Para o artista existem várias camadas de importância ter sido selecionado no Arte Pará. Primeiro, como artista periférico ao sistema bandeirantista, ele acredita que é uma oportunidade de colocar o trabalho em circulação e interlocução com agentes nacionais. “Outra coisa muito importante é exatamente que essa interlocução não esteja acontecendo nesse centro hegemônico. Eu acho que quando a gente fica objetivando única e exclusivamente São Paulo ou Rio de Janeiro como foco para nossa exibição, comercialização ou circulação da nossa obra, nós estamos inevitavelmente nos sujeitando a extrativismo colonial bandeirante. Então, fico muito feliz de poder botar um trabalho meu para circular, para entrar em diálogo com outros trabalhos e outros artistas incríveis numa situação diferente da hegemônica”.

Arte Contemporânea

Institucionalmente falando, acho o universo da arte contemporânea muito interessante. É um espaço que em um ponto de vista é muito livre. E é legal essas possibilidades de gestos, categorias. Agora num ambiente institucional dentro do sistema capitalista, como o nosso, ela carrega todos os vícios, sequelas e violências que esse sistema promove”

Cultura