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Festival reúne 20 espetáculos da região Norte do Brasil

Do Pará participam os grupos In Bust de Teatro com Bonecos e a Cia. Madalenas

Enize Vidigal

Vinte espetáculos de grupos teatrais do Amazonas, Pará, Roraima, Amapá, Tocantins, Rondônia e Acre têm encontro marcado no festival online de artes PAN- Potência das Artes do Norte, que inicia nesta segunda-feira, 11. A programação completa está disponível no link:

Por meio de uma plataforma acessada com a venda de ingresso digital, as peças teatrais serão exibidas diariamente até o próximo dia 19. Os grupos paraenses In Bust Teatro de Bonecos e Cia de Teatro Madalenas representam o estado com as apresentações de “Curupira- 10 Milhões de Nós” e “Marahu”, respectivamente, na programação da quarta e da quinta-feiras, 13 e 14.

O PAN é uma rede colaborativa que tenta minimizar os impactos causados pelo isolamento social. Com o fechamento dos teatros e casas de espetáculo, muitos artistas e técnicos do setor cultural ficaram sem trabalho e as atividades culturais começaram a migrar do palco da vida real para a web.

“Curupira” foi o tema do primeiro episódio do “Catalendas”, produzido pelo In Bust e exibido pela TV Cultura do Pará, que depois se transformou em espetáculo. A lenda do menino-guerreiro de cabelos vermelhos e pés virados anima o enredo do combate à ganância humana, que ameaça a preservação ambiental.

Em cena, os atores-manipuladores Paulo Nascimento, Adriana Cruz e Aníbal Pacha dão vida aos personagens Curupira, caçador Seu Jovino, pajé e vários animais, conforme explica a produtora Cristina Costa. O espetáculo é animado por toadas e cantigas de boi em referência à música regional.

Já “Marahu” mergulha nas letras de Max Martins para contar as fases da vida do poeta paraense em um espetáculo performático, com dança, teatro e projeções em vídeo que desfilam pelas poesias parnasianas, eróticas e orientais do artista. A peça estreou em 2016, cumpriu temporada nos dois anos seguintes e participou de festivais.

No palco, os atores e performers Diego Vattos (que também atua na percussão), Cleber Cajun, Marta Ferreira e Leonel Ferreira. A dramaturgia é de Saulo Sisnando e a direção, colaborativa.

“Nós temos uma produção muito diversa e rica. Talvez esteja faltando compreensão e sensibilidade dos curadores quando avaliam os trabalhos do Norte, pois, frequentemente, poucos espetáculos da nossa região são selecionados em editais nacionais”, observa Leonel Ferreira, da Cia Madalenas.

Bilheteria Online

Todo o valor arrecadado na bilheteria será voltado a programas que atendem artistas em situação de vulnerabilidade na região Norte. O ingresso unitário custa R$ 5 e garante acesso a um dos espetáculos da programação. Ainda, é possível adquirir o combo 1, por R$20, que garante o acesso a cinco espetáculos; e o combo 2, de R$ 80, que dá direito à programação completa do festival. O evento conta ainda com o “Selo Patrocinador”, no valor de R$100, que possibilita o acesso a toda a programação e ao livro "Dramaturgias", de Francis Madson autografado.

A escolha dos espetáculos e a venda é realizada pelo link, mediante cadastro. A exibição dos espetáculos será pelo aplicativo Zoom (https://www.zoom.us/).

Dos Palcos para a web: Em busca de plateia

"Acredito que o restabelecimento dessa rede e união é algo que pode gerar muitos frutos. Tem também a possibilidade de trabalhos sendo exibido para novos públicos, pessoas de outros estados, que, dificilmente, conseguiriam ver ao vivo, afirma a coordenadora geral do festival, Ana Oliveira.

A primeira edição do PAN é realizada com grupos de artistas convidados. A expectativa é que, futuramente, sejam abertas inscrições a novos participantes e produtores culturais.

“Os espectadores poderão conhecer mais a fundo as diferentes realidades nortistas e alimentarem a alma com arte e afeto, por meio das mais diversas linguagens que o festival contempla", finaliza.

Debates

Mas nem só de espetáculos vive o PAN. A programação contará ainda com o "Setorial de Teatro do Norte", que reunir artistas, técnicos e produtores culturais do setor da economia criativa para refletir sobre as ações dos governos federal, estadual e municipal da região, além de promover um debate sobre as iniciativas para o setor após a pandemia de Covid-19, levando em conta os desafios econômicos decorrentes da crise sanitária que afetam também as instituições públicas e privadas que historicamente fomentam a cultura.

“Há um tempo que os Estados do Norte não se visitam entre si para dialogar acerca de políticas públicas ligadas à cultura. Acreditamos que o PAN possa trazer esse elã novamente, mesmo mediado por tecnologia, a força fundamental de manutenção das artes: o coletivo”, pondera Francis Madson, coordenador da programação acadêmica do evento.

A programação do evento traz ainda o projeto "Pensamento de Perto" com a participação de artistas-pesquisadores. Nesta edição, Ítalo Rui e Yara Costa irão falar sobre os estudos que vêm realizando.

Cultura