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Felipe Cordeiro lança álbum Close, Drama, Revolução & Putaria e entra em nova fase da carreira

Álbum novo do cantor e compositor desponta como trabalho refinado sobre temas da realidade amazônica e ritmos da região

Eduardo Rocha

O novo álbum do cantor, compositor e produtor paraense Felipe Cordeiro é uma festa. Não se restringindo ao sentido usual de um bocado de gente dançando e se divertindo. Porém, abraçando a semântica de festa como palco de uma revolução de costumes, de atitudes, enfim, de identidade, no caso, amazônida que avança sem parar. Isso porque os participantes de uma festa, por exemplo, de aparelhagem e outros formatos estão em constante mutação sem perder, no entanto, os vínculos com o local em que vivem. É nesse clima que "Close, Drama, Revolução & Putaria” chega para ser conferido nas plataformas de música e outros espaços pelo mundo afora. “A grande revolução está na cultura da Amazônia, as pessoas, sua tradição, sua capacidade criativa no contemporâneo é que tem força para transformar a nossa sensibilidade em definitivo”, enfatiza Felipe, acreditando em um novo olhar para o mundo a partir dessa região.

Confira o clipe de Amazon Money


Nesse quarto trabalho de sua carreira, Felipe Cordeiro esbanja criatividade e, de boa, convida para essa "festa" muita gente com alto astral para dividir os vocais e arranjos: Gaby Amarantos, Zaynara, Will Love, Valéria Paiva, Maderito, Victor Xamã, Aqno, Layse Rodrigues, Manoel Cordeiro (p pai de Felipe), Daniel ADR, Patrícia Bastos, Cronixta, Ariel Moura, Arraial do Pavulagem, Suraras do Tapajós, Luê, Marcelo Nakamura e Murilo Modesto. Como explica Felipe, são “vozes pela Amazônia” prezando pelos ecossistemas e, sobretudo, para ressaltar que pessoas que viviam há  muito tempo na região tinham e têm “um olhar que favorece  o cuidado com a natureza, com a vida e com a nossa existência aqui, na Terra”.

O público confere a versatilidade de Felipe Cordeiro em boa companhia nas faixas: “Amazon Money”, “Close Drama Revolução e Putaria”, “A Lambadeira”, “Potentes do Brega”, “Lambada Braba”, “Cúmbia do Amor”, “Revolú”, “Saber Nadar”, “A Bajara”, “Linha Cruzada”, “Muita Onda - Remix”, “De Tarde no Combu”, “Eu Quero Mais” e “Maré Boa”.  Em dois áudios no álbum, o compositor destaca esse significado mais profundo para festa nas comunidades e a Musica Parcialmente Brasileira, como ele denomina a ausência, sobretudo, no Século XX, da música da Amazônia no cenário musical do Brasil. 

Felipe Cordeiro já vem trabalhando sonoridades populares amazônidas de forma muito particular, ou seja, reunindo sons de instrumentos típicos regionais com recursos tecnológicos, atento a várias referências musicais do norte do Brasil. Assim, neste novo trabalho ele reitera: “Não haverá música popular brasileira no século XXl sem considerar a música da Amazônia”.  

O título do disco, como explica o artista, é “uma alusão a uma fotografia do mundo contemporâneo, que tem a ver com as identidades, com o comportamento, com a maneira de transformação da vida, de outra maneira de se colocar”. “A palavra ‘revolução’ tem um significado específico, que é a revolução por um olhar amazônico, ou seja, não só a questão do meio ambiente, debatida hoje no mundo inteiro e a Amazônia como uma espécie de sobrevida do capitalismo, mas uma transformação do olhar, de percepção do mundo”, acrescenta. Felipe e Manoel Cordeiro estão em turnê  pelo Brasil via projeto Sonora Brasil (SESC) e vão encerrá-la no SESC Belém no final de outubro. Ainda em novembro, ele deverá fazer o show do novo álbum em Belém.

Comunidade

No entendimento de Felipe Cordeiro, as festas latino-americanas em geral são “festas de afirmação das comunidades”. “Todas as periferias do Brasil, por exemplo, têm festas hoje que são muito fortes e que afirmam a força daquele povo, daquela comunidade, daquela população. O nosso tecnobrega, o nosso carimbó, o marabaixo no Amapá, entre outras festas, entre outros rituais que envolvem dança, festividades, são festas que esse potencial, essa capacidade de afirmar não só a identidade como todo o olhar de uma população sobre a vida, sobre o mundo, sobre o Brasil, enfim”, destaca.

Essa relação entre festas e comunidades é realçada no disco por ritmos e estilos bem conhecidos dos povos da Floresta e de outras partes do Brasil. “As sonoridades deste trabalho têm a ver com sonoridades com que eu já trabalho há muito tempo, como a guitarrada, o brega pop, o carimbó, enfim, as músicas populares da Amazônia em conexão com as sonoridades latino-americanas em geral, como reggaeton, a cúmbia. Isso está muito presente no álbum, tudo dentro de uma linguagem pop, criativa e tentando trazer um olhar contemporâneo da música amazônica. Para simplificar, pode-se dizer que é o pop amazônico com várias referências musicais”, pontua Felipe.

Saber nadar

Uma das músicas apaixonantes do novo álbum de Felipe Cordeiro é “Saber Nadar”, cuja letra é do poeta e filósofo Eliakin Rufino, de Roraima,  um dos artistas, poetas e cantores do norte no disco. Felipe diz que a letra dessa canção abordando a necessidade de serem preservadas as águas da Amazônia e do mundo por inteiro mostra-se bem metafórica, podendo ser lida de várias maneiras. 

“Mas, sem dúvida, ela faz uma metáfora a partir desse momento de emergência climática, das dificuldades que a gente tem de encarar e rebater esse problema que ameaça a nossa vida aqui, na Terra. Mas, é uma letra muito cheia de significados. Tem até um caminho mais existencial que ecológico, salienta Felipe. Para mergulhar no universo sonoro de "Close, Drama, Revolução & Putaria”, é preciso saber nadar, em todos os sentidos.





 

 

 

 

 

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