Fãs de Paulinho, do Roupa Nova, encontram consolo nas canções gravadas por ele
O falecimento do cantor e percussionista chocou o público, inclusive no Pará.
"Todo amor é infinito". Este verso de “A Viagem”, uma das canções mais conhecidas do grupo Roupa Nova, ganha ainda mais significado agora para os fãs de Paulinho, cantor e percussionista do grupo que faleceu nesta segunda-feira, 14, por complicações decorrentes da Covid-19.
Paulo César dos Santos nasceu no Rio de Janeiro em 6 de setembro de 1952, e desde 1980, encantava gerações junto de Cleberson, Feghali, Nando, Serginho e Kiko, com canções que agora, devem emocionar muito mais ao lembrarem daquele que partiu.
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Gisele Maciel, 38 anos, é uma das maiores fãs do grupo em Belém, sendo não somente admiradora do Roupa Nova, mas amiga dos integrantes. “Falar do Paulinho nesse momento se torna difícil pela dor da perda, mas também é muito fácil, porque ele era um cara incrível, muito carinhoso. Eu chamava ele de ‘meu pote de cheiro’, porque eu dizia que ele era o homem mais cheiroso do mundo. Ele chegava pra mim e dizia ‘Tá boa? Ô paraense cheirosa’. Era assim, brincando o tempo todo”, comenta.
Paulinho e a fã Gisele Maciel (Arquivo pessoal)
A fã ainda conta algumas curiosidades sobre essa longa relação com o ídolo, revelando que ele era fã da culinária paraense. “A gente sempre esperava ele com um sorvete de tapioca e bombom de cupuaçu, que ele adorava. Fomos pra Abaetetuba ano passado e eles ganharam potes de sorvete de cupuaçu, açaí e tapioca e ele falou: ‘se for pra ser desse jeito todas as vezes, eu quero atravessar muito pra cá’. Ele gostava de sentar antes do voo pra conversar com a gente, pra passar a hora. Naquele momento, ele não era o Paulinho do Roupa Nova, ele era o Paulo, sem arrogância nenhuma, sem deslumbre”, revela Gisele.
"A gente ainda não consegue acreditar"
Karla Pinheiro, outra integrante desse fiel grupo que acompanha há mais de uma década o Roupa Nova de perto aqui em Belém, conta que ainda não conseguiu assimilar que perdeu alguém tão querido. “A gente ainda não consegue acreditar. Eu acompanho o Roupa Nova desde 2006 e eu tô em choque. É algo que a gente não queria nunca pensar. A gente não imagina como vai ficar a banda, e lembra de tudo que a gente vivenciou, as conversas no aeroporto, em hall de hotel. É uma perda pra música brasileira”, lamenta a trabalhadora autônoma, que junto de Gisele, integrava o fã clube “Simplesmente Roupa Nova”.
Nessas quase duas décadas de dedicação total ao grupo, Gisele Maciel conta ainda que sua última experiência com o músico foi em março deste ano, ao realizar um desejo antigo que era assistir a um show da banda em um cruzeiro em Búzios (RJ). “Eu estou sentindo uma dor muito grande, mas não questiono a vontade de Deus, pois ele estava sofrendo e precisava descansar. Foram incríveis todos os momentos com ele. Eu nunca me senti uma fã desprezada, cada reencontro parecia que a gente se conhecia há muitos anos. Era um carinho de emocionar. Sempre que ele chegava no Pará e via a gente, ele dizia ‘vocês sempre tão aqui’ e a gente respondia ‘sim, sempre estaremos, somos fiéis'. E eu estive, até o último dia que eu pude”, conta Gisele, já em meio às lágrimas.
Paulinho e a fã Karla Pinheiro (Arquivo pessoal)
Karla revelou que a música que a fez se apaixonar pelo grupo de Paulinho foi “Meu Universo É Você”, que ela ouviu no DVD acústico na casa de uma amiga. Já Gisele, fã desde os 15 anos, conta que ouviu o Roupa Nova pela primeira vez na novela Roque Santeiro (1985), com a canção “Dona”, apesar de sua favorita ser “Coração Pirata”, que embalou as cenas de Rainha da Sucata (1989). Essa é mais uma das marcas da popularidade do grupo, pois além do sucesso estrondoso nos palcos e discos, o Roupa Nova marcou a vida das pessoas pela televisão. Eles são recordistas em temas de novelas, com pelo menos 30, e ainda gravaram o “Tema da vitória”, composto e arranjado por Eduardo Souto Neto, que acompanhava as conquistas de Ayrton Senna.
Paulinho e seus companheiros forneceram a trilha sonora para cenas de amor ainda em novelas como A Viagem (1994), com a música homônima que foi tema da novela inteira; “Whisky a go-go”, que foi trilha de “Um sonho a mais (1985); e a música “Felicidade”, composta por Kiko e Orlando Morais, que foi uma das duas do Roupa Nova que entraram na trilha sonora da novela de mesmo nome (1991), sendo que a outra foi “Começo, Meio e Fim”, composta por Tavito, Ney Azambuja e Paulo Sérgio Valle.
Tudo isso demonstra que, mesmo partindo, Paulinho deixa um legado imortal para os admiradores de seu trabalho, que podem relembrar tudo que viveram com o músico por meio de suas obras, pois como fala o refrão da famosa canção: “coisas do passado são alegres quando lembram novamente as pessoas que se amam”.