Exposição traz 'comida cabocla' e seus significados na Reunião da SBPC

A exposição ensina sobre modos de plantar, de pescar, de colher, de comer e de viver

Suely Nascimento - Especial para O Liberal
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A exposição “Comida cabocla: pertencimento e resistência na Amazônia Atlântica”, do professor paraense Miguel Picanço, está aberta ao público até sábado, dia 13, das 9h às 20h, na tenda ‘Paneiro: espaço da cultura alimentar’, montada às margens do rio Guamá, próximo ao Vadião, no campus básico, da Universidade Federal do Pará. A exposição integra a programação da 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que acontece em Belém, este ano. A visitação é gratuita.

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Miguel Picanço explica que a exposição é de cunho etnográfico. “Comunica por meio de fotografias e de artefatos da cultura material alimentar, como a casa do forno e ao seus utensílios, a cozinha cabocla com fogão à lenha, os utensílios de barro, e os artefatos próprios à arte de pescar”, acrescenta o curador da exposição, considerada um dos desdobramentos de sua pesquisa de doutorado, iniciada em 2015, e que já resultou em publicações como “Na roça, na mesa, na vida”, pela editora Paka-Tatu.

Para Miguel Picanço, a exposição ensina sobre os modos de plantar, de pescar, de colher, de comer e de viver dos sujeitos que povoam as paragens rurais da Amazônia Atlântica paraense, que é a costa do Nordeste do Pará, banhada pelo oceano Atlântico. “O visitante pode entrar em contato com o resultado de imersões em campo, particularmente, na comunidade de Araí, no meio rural de Urumajó, no município paraense Augusto Corrêa.

A pesquisa sobre comida cabocla situa-se no âmbito do Grupo de Pesquisa em História da Alimentação e do Abastecimento na Amazônia (ALERE/UFPA/CNPQ) e é instrumento pedagógico do projeto “Alfabetização à mesa: sabores e saberes”, da Educação de Jovens, Adultos e Idosos (EJAI), no âmbito do Movimento Alfabetiza Belém (Mova Belém), da Secretaria Municipal de Educação e Cultura (Semec), da Prefeitura Municipal de Belém.

Conforme Miguel Picanço, a exposição comunica sobre o que se come, quando se come e com quem se come. “Essa gente que povoa a Amazônia Atlântica, do nordeste paraense, também ‘fala’ de escolhas, de costumes e de repertórios alimentares, que derivam, ora do mundo-vida da mandioca, ora dos entremeios dos quintais e ora dos emaranhados das marés e dos manguezais, os quais, ao funcionarem como linguagens de identidades e de marcadores de diferenças étnicas e sociais, também aguçam o sentimento de pertencimento a uma coletividade que é culturalmente distinta, sejam nos modos de saber fazer as coisas da vida, sejam nos modos de comer e de viver nessas bandas do Norte brasileiro”, ressalta ele, que é coordenador da EJAI/Mova Belém/SEMEC.

Assim, Miguel Picanço convida o visitante a pensar sobre modos singulares de produzir, de comer e de viver nos territórios amazônidas e paraenses. “Tais modos e costumes alimentares, retratados nas fotografias e nos artefatos, constituem-se em recurso político de resistência e de afirmação frente a outros repertórios alimentares. Tratando-se, assim, de vivências alimentares que, mesmo em tempos e em contextos que tendem a padronizar a vida, inclusive os gostos alimentares, teimam em continuar".

Serviço

Exposição: “Comida cabocla: pertencimento e resistência na Amazônia Atlântica”, de Miguel Picanço

Dia: Até o próximo dia 13 de julho de 2024 (sábado)

Hora: 9h às 20h

Local: Paneiro - Espaço da Cultura Alimentar (UFPA, Campus do Guamá), no básico, da UFPA, próximo ao Vadião

Programação gratuita

Informação/contato:

https://sbpc.ufpa.br/

https://ra.sbpcnet.org.br/76RA/fale-conosco/

sbpc@ufpa.br

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