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Exposição da paraense Isa Muriá em São Paulo faz ancestralidade amazônica ganhar vida

Além da obra, a artista fará o lançamento de um mini documentário no próximo dia 3 de dezembro, para retratar a busca do resgate das memórias e das vivências ancestrais

Gustavo Vilhena*

A cidade de São Paulo recebeu a artista paraense Isa Muriá para realizar a transformação visual de prédios em verdadeiras exposições, as quais retratam a ancestralidade amazônica. “Águas de Encantaria” é um verdadeiro mergulho nas histórias do território originário Tupinambá. O território localizado na Reserva Extrativista Mãe Grande, em Curuçá, nordeste paraense, é o abrigo da forte relação entre natureza, espiritualidade e pertencimento.

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Para que o público entenda de onde vieram as suas inspirações e os bastidores do projeto, Isa Muriá gravou um mini documentário durante a produção da obra. Sendo assim, esta terça (03) será marcada pelo lançamento de um curta-metragem na página da artista no YouTube.

A Amazônia Paraense também é conhecida pelas riquezas de seu folclore, com diversas lendas contadas oralmente de geração para geração. Dessa forma, Isa se inspirou nas histórias de mulheres-peixe e outros mitos presentes nas memórias populares, as quais vão além do folclore regional. Para não se perder em meio a selva de pedra paulistana, a cidade foi escolhida para dialogar com a obra. M’Boi Mirim possui raízes indígenas Tupi-Guarani e carrega histórias as quais ecoam a luta e a resistência de territórios periféricos, fazendo um paralelo entre a ancestralidade amazônica e o bairro paulistano.

Para a artista, a arte leva o público a refletir sobre a importância da preservação ambiental: “É essencial que as localidades brasileiras conheçam e valorizem suas próprias histórias, ao mesmo tempo, em que se conectam com referências amazônidas e com a riqueza cultural da Amazônia. Através da arte, ressaltamos a importância de preservar a região em sua totalidade ambiental, social e cultural.”

Isabella Muriá é artista visual, ativista ambiental, grafiteira, arte-educadora e pesquisadora paraense. Suas criações se expandem em diferentes telas e dialogam com os rios e vielas do norte. Idealizadora do projeto “Maré das Cores” junto com sua mãe, Iris Rocha, ela promove ações de arte, educação e sustentabilidade voltadas principalmente para as crianças.

Sempre com um olhar sensível, Isa Muriá busca em seus registros imagens que inspiram, transformando-as em ilustrações carregadas de significados. No grafite há 10 anos, ela expandiu sua prática para a pintura em telas, utilizando técnicas mistas como acrílica, spray e, mais recentemente, óleo sobre tela. Ao usar a sua arte como ferramenta de luta, a artista dá visibilidade as causas indígenas e ambientais.

O mini documentário com imagens e áudios captados por Isa Muriá e Miguel Salvatore será lançado nesta terça-feira (03), no canal da artista no YouTube. A gravação compartilha momentos narrados pela tia-avó de Isa, Glória Rocha, que relembra vivências com o bisavô da artista, Manoel Rocha. "Escutar essas percepções do mundo e do respeito com os encantados me ensina muito. Salvaguardar a memória dos meus antigos me fortalece aonde vou e inspira esta e muitas outras obras. São essas vozes que navegam comigo na minha ancestralidade, minha raiz no mangue", conta Isabella.

A pintura empena é realizada em grandes paredes externas de prédios e a obra de Isa Muriá homenageia as histórias e cosmovisões da Mãe d’Água da Amazônia, unindo a memória, a arte e o ativismo ambiental.

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