Exposição virtual 'Lama sem Alma' retrata a tragédia de Brumadinho sob os olhares dos cartunistas
Cerca de 60 trabalhos de 55 cartunistas de todo o Brasil - incluindo 3 paraenses - usam a arte como forma de protesto
Cartunistas experientes, de lápis afiados e olhares atentos aos principais problemas que afligem o povo brasileiro, não deixaram passar em branco a tragédia de Brumadinho (MG), que abalou o país.
Cerca de 60 trabalhos de 55 artistas de vários estados brasileiros estão reunidos na exposição virtual "Lama sem Alma", disponível no site da HQMIX, da Associação dos Cartunistas do Brasil (ACB).
Entre os expositores, estão os paraenses JBosco, do jornal O Liberal, e Biratan Porto, assim como Júnior Lopes, que reside em São Paulo. Todos ilustradores premiados.
"A essência da exposição não é ridicularizar sobre algo que chocou o Brasil, mas sim criticar a ganância, mostrar o quanto as outras mineradoras prejudicam a natureza, esclarecendo o crime ambiental, não foi uma tragédia. Não tem humor, na verdade, são charges que fazem pensar, mas também chorar", diz JBosco.
A charge de JBosco mostra o helicóptero dos Bombeiros, tão visualizado na cobertura televisiva de Brumadinho, resgatando o Brasil (representado pelo formato do mapa) que está afundado na lama. "É o Brasil pedindo socorro para sair da lama em que está atolado, não é só Brumadinho. Essa charge tem um sentido mais amplo", esclarece.
"É importante essa exposição reunindo vários olhares de cartunistas sobre esse assunto terrível", declara Biratan. Ele está com duas charges na exposição "Lama sem Alma". Numa delas, a lama da "vergonha" avança para atingir os empresários da Vale que fogem correndo.
Por sua vez, Júnior Lopes elaborou uma charge com fundo laranja em que aparece uma mão espalmada semelhante a uma vítima que tenta sair da lama.
SELEÇÃO
A seleção foi realizada pelo presidente da ACB, JAL Lovetro, a partir das charges postadas nas redes sociais pelos próprios autores.
Para ele, as cenas de horror da nova tragédia de Brumadinho que sucedeu o crime ambiental semelhante na cidade de Mariana (mg), ocorrido há três anos, não podem cair no esquecimento.
"Para digerirmos mais esse acontecimento que caminha para ser de centenas de mortos, fica difícil explicar para nossos filhos o que estamos fazendo com os cuidados com a natureza e vida de pessoas no Brasil. Para que não mais aconteça, é importante a união de todos para que essas mortes não sejam em vão como tem acontecido", enfatiza Lovetro.