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Evento promove encontro virtual em torno da arte gráfica popular da Pan-Amazônia

Evento online mostrará cinco documentários sobre pintores e mestres abridores de letras

O Liberal

O cotidiano dos pintores e mestres abridores de letras de cidades do Pará foi retratado em uma série de cinco documentários em curta-metragem. O resultado será apresentado durante o GraficAmazônia, evento online, neste sábado (14), com transmissão pelas redes sociais, a partir das 10h, e que pela primeira vez vai colocar a arte gráfica popular produzida em países da Amazônia como protagonista de um encontro internacional de design. Além dos documentários, haverá palestras e debates virtuais com a participação de mestres gráficos populares, pesquisadores e artistas de diversos países da Pan-Amazônia, e que também desenvolvem arte popular em seus respectivos territórios.

O projeto promove o encontro entre artistas da gráfica popular para que possam partilhar saberes, ensinar técnicas, e estudiosos que terão oportunidade de apresentar seus projetos, reflexões e propostas. Os paraenses são convidados de destaque. Um deles é Luiz da Silva Souto Júnior, natural do município de Igarapé Miri, que há 27 anos abre letras em cidades ribeirinhas. “Durante o encontro vou fazer uma pintura ao vivo no intervalo do almoço e participarei de uma conversa respondendo algumas perguntas sobre o meu trabalho”, conta.

Para ele, o encontro é uma oportunidade para difundir esse trabalho para além dos rios que cortam o Pará. “Será um momento para mostrar essa arte tão linda, fazendo com que ela tenha um reconhecimento sem fronteiras”, afirma o artista, que começou a trabalhar como abridor de letras aos 14 anos e ainda hoje se sustenta por meio deste ofício.

Apesar da experiência, ele diz que espera também aprender técnicas novas durante o evento. “Minha maior curiosidade se refere às tintas, porque existe um leque infinito e quero um dia trabalhar com as mais diferentes possibilidades dentro do meu estilo”, ressalta.

O GraficAmazônia é coordenado e idealizado pelas designers paraenses Sâmia Batista e Fernanda Martins e foi contemplado pelo edital da Lei Aldir Blanc via Secretaria de Estado de Cultura do Pará. É promovido pela Mapinguari Design e ocorre em parceria com o DiaTipoX, evento nacional sobre tipografia.

Sâmia Batista destaca que o evento terá um perfil de participantes bem diverso.  “Teremos designers gráficos, designers de interiores, moda, artistas plásticos, artistas gráficos em geral e interessados por estéticas populares, num total de mais de 800 inscritos até agora”, informou.

Além das pinturas de faixas de festa de aparelhagem, letras de barco e muros de comércio – típicas aqui da região, o encontro também vai apresentar trabalhos gráficos populares produzidos em outros lugares. “Em países da Pan Amazônia, é comum vermos pinturas populares em veículos como ônibus, na decoração de carros e trailers de comércio e em decoração. Hoje também é possível ver essas mesmas artes na moda, no graffiti e outras manifestações visuais”, cita.

Ela reforça que desde que iniciou o primeiro projeto de gráfica popular, o Letras que Flutuam, percebeu o aumento de interesse pelo público em geral pelo tema. “As pessoas passaram a usar essas artes de diversas formas, como em capas de disco, na identidade visual de eventos, em peças de decoração e na moda. Por isso, o objetivo desse novo projeto, o GraficAmazônica, é de disseminar outras manifestações gráficas além das letras de barco, e de mostrar como existe uma estética peculiar nos países que formam a Pan-Amazônia”, resume.

Para Fernanda Martins, o projeto proporciona sair da letra do barco e começar a ver os outros tipos de manifestações gráficas na Amazônia. “Quando a gente sai desse contexto, começa a ver porque que essa manifestação é dessa forma, por que o homem amazônico busca o enfeite, a cor, toda essa tentativa de se sobrepujar a uma natureza amazônica que é tão intensa. Começamos a olhar o que acontece em outros países e ver que existem muitos projetos que investigam a visualidade popular na América Latina”, avalia a designer.

Origem

O GraficAmazônica é um desdobramento do “Letras Q Flutuam” (LQF), que desde 2013 faz o mapeamento dos abridores de letras da Amazônia, capitaneado pela dupla de designers. A pesquisa começou ainda em 2004, observando as letras dos barcos, depois as pessoas que pintam essas artes e, por fim, o saber popular e a tradição por trás dessa prática.

Agende-se

Lançamento da série “GraficAmazônica”

Quando: sábado, 14,

Horário: a partir das 10h,

Local: no evento DiatipoX, online: http://www.diatipo.com.br/x/.

Cultura