EUA e Rússia iniciam nova etapa de diálogo sobre a Ucrânia
Representantes dos Estados Unidos e da Rússia iniciaram nesta segunda-feira (24) uma nova etapa das negociações para um cessar-fogo parcial na guerra na Ucrânia, um dia após as conversações entre Washington e Kiev.
As equipes americana e russa se reuniram a portas fechadas em um hotel luxuoso de Riade, a capital saudita, com a possível retomada do cessar-fogo de 2022 no Mar Negro sobre a mesa.
A equipe ucraniana, que manteve conversações com representantes dos Estados Unidos no domingo, espera uma segunda reunião com Washington nesta segunda-feira, afirmou uma fonte em Kiev à AFP, um sinal de que realizaram possíveis progressos.
O presidente americano, Donald Trump, pressiona por um rápido fim da guerra iniciada há três anos e espera que as deliberações em Riade abram o caminho para um entendimento.
O presidente russo, Vladimir Putin, rejeitou um pedido americano-ucraniano conjunto para uma pausa total e imediata de 30 dias, e sugeriu apenas paralisar os ataques contra as instalações energéticas.
Agora, os representantes estudam uma possível retomada da Iniciativa do Mar Negro, um acordo de um ano que permitiu o envio de milhões de toneladas de grão e outras exportações de alimentos dos portos ucranianos.
"A questão da Iniciativa do Mar Negro e todos os aspectos relacionados à renovação dessa iniciativa estão na agenda de hoje", indicou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
"Essa foi a proposta do presidente Trump e o presidente Putin concordou com ela. Nossa delegação viajou a Riade com este mandato", acrescentou.
A princípio, as conversações aconteceriam de maneira simultânea, mas agora ocorrem de maneira sucessiva.
A equipe americana é liderada pro Andrew Peek, alto diretor do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, e Michael Anton, alto funcionário do Departamento de Estado, informou uma fonte próxima à AFP.
O ministro da Defesa, Rustem Umerov, que lidera a equipe de Kiev, afirmou que a primeira rodada de conversações no domingo foi "produtiva e específica".
"Abordamos pontos-chaves, especialmente a energia", disse nas redes sociais.
O enviado americano, Steve Witkoff, expressou otimismo e disse esperar um "progresso real na Arábia Saudita nesta segunda-feira" com os russos, "em particular no que diz respeito ao Mar Negro".
Witkoff mencionou, em entrevista ao canal rede Fox News, um "cessar-fogo para os navios entre ambos os países, e a partir daí, naturalmente, se avançará para um cessar-fogo total".
O Kremlin, no entanto, reduziu no domingo as expectativas de uma solução rápida.
"É um tema muito complexo e há muito trabalho a fazer. Estamos apenas no início do caminho", declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov. Ele ressaltou que há muitos pontos pendentes para alcançar um cessar-fogo.
A Rússia abandonou o acordo em 2023, depois de acusar as potências ocidentais de não cumprirem seus compromissos de flexibilizar as sanções contra as exportações russas de produtos agrícolas e fertilizantes.
Um alto funcionário ucraniano disse previamente à AFP que Kiev iria propor um cessar-fogo mais amplo, incluindo os ataques a instalações energéticas, infraestruturas e ataques navais.
Ambas as partes lançaram ataques com drones dias antes das negociações. Em Sumy, no nordeste da Ucrânia, um bombardeio russo deixou 28 feridos nesta segunda-feira, entre eles quatro crianças, segundo o prefeito.
Autoridades ucranianas afirmaram que um ataque russo com drones, na noite de sábado, matou três civis em Kiev, incluindo uma menina de cinco anos e seu pai.
Correspondentes da AFP na cidade observaram funcionários dos serviços de emergência atendendo pessoas feridas na manhã de domingo diante de edifícios residenciais danificados no ataque.
Os ataques fatais na capital são menos frequentes do que em outras regiões da Ucrânia.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, fez um apelo para que os aliados de seu país pressionem mais a Rússia.
"São necessárias novas decisões e uma nova pressão contra Moscou para acabar com os ataques e com esta guerra", publicou Zelensky no domingo nas redes sociais.
Moscou chega ao diálogo em Riade após uma aproximação com os Estados Unidos desde o início do governo Trump, que fortaleceu a confiança do Kremlin.
Peskov afirmou que "não se pode exagerar o potencial de uma cooperação mutuamente benéfica em várias esferas entre nossos países".
"Podemos discordar em algumas coisas, mas isso não significa que devemos nos privar do benefício mútuo", acrescentou.
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