MENU

BUSCA

Espetáculo ‘O Rei e o Jardineiro’ celebra a natureza no Theatro da Paz, em Belém (PA)

Espetáculo do Centro de Dança e Cia. de Dança Ana Unger pode ser conferido neste sábado (22) e no domingo (23), comemorando 85 anos do poeta Paes Loureiro, autor do texto encenado

Eduardo Rocha

Cuidar da natureza, em especial de biomas, como é o caso da Amazônia, não é uma perda de tempo. Para conferir por qual razão isso é verdade, é só assistir a “O Rei e o Jardineiro” que o Centro de Dança e Cia. de Dança Ana Unger apresenta neste sábado (22), às 20h, e neste domingo (23), às 16h30 e às 19h30, no centenário Theatro da Paz, no centro de Belém (PA). O espetáculo comemora os 85 anos do poeta, ensaísta e professor paraense João de Jesus Paes Loureiro, autor do poema que serviu de ponto de partida para a montagem de tudo o que o público de várias idades vai poder ver no palco. Com uma hora e dez minutos de duração, “O Rei e o Jardineiro” leva o espectador a refletir sobre a sua relação com o meio ambiente e o que pode fazer no dia a dia em prol dos ecossistemas no mundo.

VEJA MAIS

Obra de Paes Loureiro é apresentada no Theatro da Paz; saiba quando asistir 'O Rei e o Jardineiro'
O espetáculo "O Rei e o Jardineiro" será apresentado no mês de junho.

Isso porque, como conta a professora Ana Unger, quando ela recebeu de presente do amigo e poeta João de Jesus Paes Loureiro uma edição do livro infantil “O Rei e o Jardineiro,” logo imaginei “um espetáculo multicultural, com a participação de renomados artistas e bailarinos de todas as idades”. “Para roteirizar e adaptar para dança e teatro, compartilhei o texto com o ator e diretor teatral Cláudio Barros ,que também se apaixonou pela obra e começamos um processo maravilhoso de criação artística”, revela. O elenco é formado por bailarinas e bailarinas, professores e convidados, além de alunas e alunos do Centro de Dança e Cia de Dança Ana Unger.

O músico Jacinto Kawage aceitou o desafio de compor a trilha sonora para o projeto e o professor Vanildo Monteiro, a preparação vocal de bailarinos e coralistas. Charles Serruya concebeu um cenário e elementos cênicos que interagem com o cenário virtual criado por Andrei Miralha que assina também as ilustrações da nova edição do livro.

“Paes Loureiro é reconhecido por sua genialidade, sensibilidade e a sua grande contribuição à dança de nosso estado. Proporcionou momentos inesquecíveis em minha trajetória, com o Livro “Fragmentos” e com muita generosidade, propõe e sugere poemas e ideias criativas e originais para o Centro de Dança e Cia. de Dança Ana Unger. “ ‘Hino a Dança’, ‘Cantiga da Amiga’, ‘De Corpo e Alma’, ‘Antropos’ e ‘Uma Noite Antropofágica’ são alguns de seus textos que inspiraram espetáculos e coreografias”, destaca Ana Unger.

“Em toda a sua obra, o texto é sempre irretocável, uma narrativa contemporânea e universal, e sempre muito à frente do seu tempo, nos instiga a repensar a arte de forma plural e ressignificar nossos processos. Celebrar 85 anos do poeta, transpondo o texto “O Rei e o Jardineiro” para um espetáculo com a participação de renomados artistas é sentir o prazer da gratidão, acreditando na arte e no refinamento do ser”, enfatiza a professora Ana Unger, na expectativa da estreia do espetáculo que possibilita a interação de artistas profissionais, atores, cantores e bailarinos profissionais com um elenco infanto-juvenil. Assim, novas gerações podem conhecer a produção de Paes Loureiro e celebrar talentos paraenses.

Tirania

Em “O Rei e o Jardineiro”, o público vai conhecer uma obra que Paes Loureiro escreveu para crianças, a fim de explicar a eterna luta entre a tirania humana e a força da natureza, como destaca o ator Cláudio Barros. Ele fez a adaptação do poema para cena, e, então, optou por escrever um roteiro que fizesse um diálogo entre várias linguagens artísticas, tendo como fio condutor a dança. No caso, a dança dialogando com teatro, com a música, com o canto coral, com as artes visuais - o cenário é todo feito de papel, um cenário sustentável.

O espetáculo conta a história de um rei tirano que não respeita a natureza. “Ele acha que ecologia é uma perda de tempo. Então, ele pede para que derrubem todas as árvores, acabem com o jardim e matem todos os beija-flores, os pássaros em geral, as borboletas, as abelhas porque ele não quer mais se relacionar com a natureza”, conta Cláudio Barros.

Primavera

E o rei faz isso pela primeira vez, faz pela segunda vez, mas a natureza sempre reage. A natureza sempre traz de volta, na primavera, o florescer, a energia do espaço natural. E o rei fica cada vez mais aborrecido, até que, quando ele vai fazer o julgamento do jardineiro, e esse profissional explica ao mandatário real que Sua Alteza está perdendo tempo, “porque sempre que a primavera voltar a produzir, o rei vai perder a luta; a primavera vai trazer de volta a sua força, a sua energia”. E, a partir daí, como um bom tirano se retira da cena, mas mantendo todo mundo preso, como uma grande vingança.

Por meio do lirismo e da didática da história, é possível entender nuances da eterna luta entre a tirania humana e a natureza. “É uma luta que vem desde que a Terra existe, desde que o homem existe dentro do planeta. Então, como explicar isso para uma criança? O poeta tenta por meio do poema e nós tentamos com esse espetáculo. É um tema super atual, é só olhar para o que está acontecendo no Rio Grande do Sul, no Pantanal, que é exatamente isso”, afirma Cláudio Barros, que também interpreta o Rei no palco. A professora Ana Unger interpreta o personagem Primavera no espetáculo. O personagem Jardineiro será interpretado por Tiago Assis.

Acerca da obra encenada, o Paes Loureiro comenta: “O poema é uma alegoria poética, com dimensão de parábola, da relação de autoritarismo e de um Rei e o Jardineiro de seu reino. A expressão é de simplicidade no enredo no qual, conforme a idade do leitor ou espectador, as significações decorrem do poético, no plano humano, social, político e cultural”. Pela importância da Amazônia para a humanidade, pela atuação dos talentos paraenses no palco e pelos 85 anos de João de Jesus Paes Loureiro, “O Reio e o Jardineiro” deve ser apreciado no Theatro da Paz, todos esses frutos gerados a partir da seiva amazônica.

 

Serviço

“O Rei e o Jardineiro”

Centro de Dança e Cia. de Dança Ana Unger

Theatro da Paz

Dia 22 de junho, às 20h

Dia 23 de junho, às 16h30 e às 19h30

Patrocínio: Lei Rouanet

Banpará

Estaleiro Rio Maguari

Cultura