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Em exposição 'Ancestral Comum', Mael Anhangá vai da mística amazônica à tradição chinesa

Especialista em design ecológico pela Uepa, o artista apresenta na mostra um total de cinco vídeo-artes

Lucas Costa

Uma relação artística que passeia pelo design e pela cultura popular resulta na exposição virtual “Ancestral Comum”, de Mael Anhangá, já disponível em seu próprio site www.mael.art.br.

Especialista em design ecológico pela Universidade Estadual do Pará (UEPA), o artista apresenta na mostra um total de cinco vídeo-artes, onde as imagens da cerâmica tradicional tapajônica dialoga com os cinco elementos da Medicina Tradicional Chinesa: água, madeira, fogo, terra e metal. A exposição pode ser acessada gratuitamente tanto no site do artista, quanto em seu perfil no Instagram @maelanhanga. A exposição foi contemplada na Lei Aldir Blanc.


A escolha dos elementos para o trabalho nestas obras, segundo Mael, trata-se de uma percepção de como estes se relacionam com as práticas medicinais orientais, como a fitoterapia, a acupuntura, as massagens e os treinamentos de energia. Mael conta que estes elementos estão em constante mutação, e cabe ao terapeuta a missão de ajudar o paciente a encontrar uma harmonia para tal fluxo.

Além disso, a mostra também apresenta um resultado de outras referências que resultam na identidade artística de Mael. Com um trabalho muito ligado a arte digital, ele também apresenta nos vídeo-arte seu trabalho musical. 

“Eu gostava de desenhar com um violão ao lado. Quando cansava de desenhar, pegava o violão para tocar alguma coisa. Desde quando era adolescente, eu também gostava de ler contos zen budistas e pesquisar sobre filosofias orientais, eu era um garoto bem curioso. Creio que as obras da exposição ‘Ancestral Comum’ são a união de tudo isso”, relembra.

Mael também explica como estes elementos se conectam dentro da exposição virtual. “Pude colocar nestas obras o meu trabalho de pintura digital, pude compor junto com Waldiney Machado e Maurício Panzera as músicas dos videos, pude colocar em prática minhas pesquisas sobre filosofia e medicinas orientais, e também minhas pesquisas mais recentes sobre a arte arqueológica amazônica, em especial a tapajônica”, explica.


Cada vídeo apresenta uma música instrumental, composta originalmente para as obras, que se junta ao vídeos com desenhos de Mael animados. Além da exposição, o artista tem um currículo vasto quando se trata de sua trajetória artística, como o desenvolvimento de fontes de computador inspiradas nas letras das embarcações da Amazônia.

Ele fez ainda ilustrações da nova edição do livro “Chove Nos Campos de Cachoeira”, de Dalcídio Jurandir, da Editora Pará.grafo. Como músico já trabalhou com vários grupos de carimbó de Belém e Santarém, e atualmente se dedica ao Grupo Cipó, como cantor e compositor.

Atualmente, ele trabalha em projetos futuros, como o lançamento de um EP com a trilha sonora original da exposição “Ancestral Comum”, e também revela a vontade de seguir experimentando a linguagem dos videoartes em práticas de meditação e relaxamento.

“Quero que esses vídeos sirvam de fato para as pessoas. Já tive o retorno de uma mulher que sofre muita ansiedade e tem dificuldades para descansar, e que somente ouvindo a trilha conseguiu relaxar e dormir. Isso me deixou muito empolgado. Um dos meus objetivos é dispor minhas artes a este propósito. O outro é poder através dos desenhos, contar histórias e lendas da Amazônia”, conta Mael.

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