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Edson Cordeiro revela-se em ‘Ouve a Minha Voz’, álbum em que celebra a obra de Zeca Baleiro

Em seu 14º álbum, Edson confirma talento para dar luminosidade a canções consagradas, raridades e inéditas compostas para a interpretação dele; ele espera se apresentar em Belém

Eduardo Rocha

O 14º álbum do contratenor paulista Edson Cordeiro, acessível nas redes sociais, intitula-se “Ouve a Minha Voz [Cordeiro canta Baleiro]” (Saravá Discos), em que ele celebra a obra musical do cantor e compositor maranhense Zeca Baleiro. Esse título foi pinçado dos versos da canção “O Canto em Nós”, em que os autores, Baleiro e Zé Renato, falam da urgência de nunca se calar a voz das pessoas, ou seja, um brado pela liberdade, e também serve de referência ao talento do próprio Edson. A turnê de lançamento do álbum estreia em São Paulo (Bourbon Street) neste domingo (23), com participação de Zeca Baleiro. Edson espera se apresentar em breve em Belém.

Desde quando estourou com o dueto com a inesquecível Cássia Eller em “A Rainha da Noite / I can´t get no satisfaction”, no começo dos anos 90, Edson mostrou voz e interpretação para dar vida a composições em estilos diferenciados, como clássico, rock, disco, valsa, samba, pop e por aí vai. Quem acompanha a carreira dele, sabe que conferir um disco novo de Edson é sempre interessante.

Só “O canto em nós” já vale o disco, para usar uma expressão antiga de fãs de música boa, pela letra, música e intepretação. Na faixa “Sangro” (letra de Lúcia Santos, irmã de Zeca), o dueto de Edson é com Tetê Espíndola, perfeito. “Heavy Metal do Senhor” (com direito a “Messiah’, de Händel), uma das primeiras músicas de Baleiro e sempre curtida ganhou um arranjo singular de vozes e instrumental para toda uma interpretação de Edson Cordeiro. No samba de breque “Camisa de Listra”, o ouvinte acessa a toda a versatilidade do artista. São apenas dez músicas no disco, e, então, vale a pena ouvir de novo. Por que não?, como diria Caetano em “Alegria Alegria”.

A história de “Ouve a Minha Voz” começou quando Zeca Baleiro convidou Cordeiro para gravar em dueto “Mambo Só”, canção-título do seu álbum autoral de 2023. Como disse Baleiro, fazia tempo que Edson não gravava um feat com um artista brasileiro, e isso o fez mergulhar no trabalho de Zeca. Edson já disse que sempre se encantou com as canções de Zeca, seja pela grandeza poética como pelas possibilidades teatrais do repertório. Depois do dueto, gravado à distância, com Edson na Alemanha onde mora desde 2007, e Baleiro no Brasil, surgiu a ideia do álbum com canções de Zeca.

Empatia

No álbum, também podem ser degustadas as faixas “Eu te Admirava Mais”, fruto da parceria de Baleiro com Vinícius Cantuária; “Sete Vidas”; “Lullaby”; “Quase Nada” (Zeca e Alice Ruiz), com participação de Almério; “Der Vogel Saudade”, canção feita para Cordeiro com letra do marido dele, o escritor alemão Oliver Bieber, e “Tango do Cordeiro”, single que anunciou o lançamento e é inspirado em texto de Rita Lee sobre Edson.

Nascido em Santo André (SP), Edson Cordeiro começou pelo teatro, mas ainda nessa ofício chamava a atenção a capacidade dele em cantar. Aos 58 anos, Edson reúne 43 anos de carreira artística. Ele tem um público fiel na Alemanha, uma das razões para morar nesse país. Mas a cada ano, o cantor se apresenta no Brasil.

“O Zeca é um dos maiores compositores brasileiros; destaco a forma com que ele consegue navegar do humor ao romântico, um trabalho inteligente. Ele tem uma base intelectual de muita leitura, e com isso tem um vasto repertório, o domínio da língua portuguesa. E também gosto muito da voz do Zeca, o Zeca é um grande cantor e grande compositor”, ressalta Edson Cordeiro, que admira o trabalho de Jane Duboc, Leila Pinheiro e Felipe Cordeiro, entre outros artistas paraenses. Ele espera estar em breve em Belém para todos ouvirem a sua voz ao vivo.

 

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