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Dupla de jornalistas inicia levantamento sobre mulheres pesquisadoras de música

Chris Fuscaldo e Kamille Viola, que são críticas musicais e autoras de livros, querem ajudar a dar mais visibilidade às profissionais femininas.

Enize Vidigal O Liberal
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Um levantamento inédito no Brasil busca criar um banco de dados sobre mulheres que pesquisam música. O objetivo é constituir uma lista de fontes para entrevistas e geração de conteúdos, cujo foco é evidenciar o trabalho das profissionais femininas que atuem na área acadêmica, em veículos de comunicação ou de forma independente. O projeto transmidia foi lançado pelas pesquisadoras e jornalistas especializadas Chris Fuscaldo e Kamille Viola em alusão ao Dia Internacional da Mulher, que transcorreu no último dia 8 de março. Em entrevista à coordenadora do Núcleo de Cultura de OLiberal.com, elas falaram sobre a necessidade de superar a invisibilidade das mulheres no mercado de pesquisa musical.

Chris Fuscaldo é autora de "Discobiografia Legionária" (2016), o bilíngue "Discobiografia Mutante" (2018) e "Viver é melhor que sonhar - Os Últimos Caminhos de Belchior” (2021), doutora em Letras e coordenadora do curso "História da Música Brasileira" do Music Rio Academy. Enquanto Kamille Viola é autora do "África Brasil: Um dia Jorge Ben voou para toda a gente ver" (2020), finalista do Prêmio Jabuti em 2021, curadora de júris de música e cultura, colunista da Veja Rio e professora do Music Rio Academy.

“Como jornalistas especializadas em música há mais de 20 anos, a gente sempre sentiu essa dificuldade, por exemplo, no audiovisual, quase sempre os homens são lembrados como pesquisadores e jornalistas da área. A gente quis pensar numa maneira de jogar luz sobre as nossas colegas”, conta Kamille. “A discriminação, o machismo e o racismo são problemas estruturais. A gente quer um avanço significativo”.

O projeto foi lançado no último dia 8 de março, de forma independente. As mulheres que atuam na pesquisa musical e tenham interesse em colaborar com o levantamento, devem preencher o formulário de pesquisa disponível on-line no link https://tinyurl.com/yxnyru4p. Nele, as pesquisadoras irão informar uma mini biografia, e apontar quais trabalhos vem desenvolvendo nos cenários jornalístico, acadêmico e musical.

As dúvidas podem ser tiradas pelo e-mail pesquisadorasmusicais@gmail.com. A pesquisa não tem data para ser concluída.
O levantamento é feito de forma independente, sem financiamento externo. “Nós, pesquisadoras, críticas mulheres, não temos associações como os compositores e músicos. A gente não consegue saber números básicos (sobre o segmento feminino)”, lamenta Chris. 

Segundo elas, a primeira pessoa a fazer crítica de música no Brasil foi uma mulher. No entanto, o apagamento da atuação das mulheres na música vai além das pesquisadoras, atingindo também compositoras, por exemplo, de forma histórica, desde Chiquinha Gonzaga, idealizadora da arrecadação de direitos autorais. "A gente quer que as mulheres negras, indígenas e trans estejam também nesses espaços”, destaca Kamille.

“Queremos avançar a fronteira do eixo Rio-São Paulo, onde estão os pesquisadores mais famosos, porque, por muito tempo, nesse eixo estiveram os grandes jornais do país, mas isso mudou (com a internet) e os pesquisadores estão pelo Brasil todo. A ideia é democratizar”.

Kamille ressalta que o Pará tem uma cultura musical rica que o Brasil passou há poucos anos. “Tenho certeza que tem pesquisadoras aí com um conhecimento mais profundo. As pesquisadoras de outras regiões do país tem muito a acrescentar. A gente sentiu que as mulheres estavam ávidas por isso. Recebemos mensagens de mulheres felizes com isso. A gente espera dar conta dessa diversidade e, por isso, incluímos também as pesquisadoras independentes”.

“A gente não quer que os homens percam espaço, mas não pode ser, a maior parte do tempo, só homens brancos falando sobre todos os assuntos da vida”, completa Chris. “Nós existimos, falta nos dar ouvidos, porque voz a gente já tem”, acrescenta Kamille. 

Chris Fuscaldo e Kamille Viola prepararam uma lista de pesquisadoras de música para seguir e conhecer:

1) Ana Maria Baihana- Escritora e jornalista, foi uma das primeiras mulheres a fazer pesquisa e crítica sobre música, a partir dos Anos 60.  “Trabalhou no jornal O Globo por muitos anos, inclusive, mostrando a invisibilidade das mulheres na música e derrubando o mito de que mulher não vendia disco”, conta Kamille e Chris.

2) Professora acadêmica Edinha Diniz, autora da biografia de Chiquinha Gonzaga (1984), que redescobriu a compositora brasileira. Chiquinha acabou ganhando série na Globo.

3) Cláudia Aseff, pesquisadora, escritora, DJ e jornalista, diretora do maior prêmio voltado para mulher da Brasil, Womans Music Event.

4) Mila Burns, autora da biografia da compositora Dona Ivone Lara, apresentadora do Globo Notícia Américas, em Nova York, doutora.

5) Anita Carvalho, pesquisadora que tem mais publicações acadêmicas, doutora, coordena o Music Rio Academy, curso virtual sobre indústria da música.
 

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Cultura
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