Dinastia Drag estreia com competidoras defendendo suas famílias

Primeiro reality show competitivo entre casas Drag Queens da América Latina

Emanuele Corrêa
fonte

O reality show paraense "Dinastia Drag" estreou quinta-feira, 12. O primeiro episódio apresentado pelas Drags Themonhas Tristan Soledade e S1mone trouxe quatros casas competidoras - famílias Drags - com 16 participantes se apresentando e explicando ao público como defenderão os seus sobrenomes e legados. O próximo episódio sai na quinta-feira, 19, às 19h no canal do Youtube do Coletivo NoiteSuja.

O primeiro episódio intitulado "Por dentro das casas" mostrou as competidoras reunidas em formato de programa de entrevista, contando sobre suas experiências, entre falas sérias e bem-humoradas. Todo o episódio é traduzido em Língua brasileira de sinais (Libras).

As casas participantes são: "Haus of Carão”, com a Mama Skyyssime e as filhas Pietra Pojo, Coytada e Perséfone de Milo; “Haus of Híbrida”, com Mama Gigi Híbrida Bolero, e as filhas Condessa Devonriver, The Aphrodite e Monique Lafon; “Haus of Ver-a-Queen” com a Mama Pandora Rivera Raia e as filhas Bunny das Coxinhas, Johann, Kevellyne Davilla e a “Haus of Maguariudry” com a Mama Shayra Brotero e as filhas Charlize Amy Brotero, Desirée Lo Bianco e Égregora Negrini.

A apresentadora Tristan Soledade comemorou a estreia do reality e afirmou que esse é um grande momento, pois além de celebrar a cultura, celebra-se a arte LGBTQIAP+. "A estreia do Dinastia Drag, o primeiro reality show competitivo entre casas Drag Queens da América Latina. Esse é um grande momento para todos nós que celebramos a arte LGBT aqui na Amazônia para nós da NoiteSuja, porque a gente vem acompanhando e tentando ser consciente de todo esse crescimento que a gente vem produzindo aqui na região ao longo desses quase dez anos", comentou.

A Themonha continuou explicando aos leitores como funcionou este episódio e o que poderão aguardar dos demais. Tristan acredita que este reality proporcionará visibilidade e fomento a arte drag produzida na Amazônia. "As casas competidoras do reality se apresentam, tomando um chá, comendo um biscoito, falam o que elas vão fazer na competição para alçarem esse título de maior dinastia drag e levar o prêmio de R$10 mil reais para casa. Além de falarem um pouco sobre seus atravessamentos e suas vivências como artistas LGBTs aqui na Amazônia, nesse bate-papo comigo Tristan Soledade e com a S1mone", pontuou.

"Nesse primeiro momento, quando também foram feitas as fotos promocionais, é para sabermos o que elas vão apresentar ao público durante a competição. A gente ainda as vê um pouco retraídas, né? Um pouco acanhadas porque era o primeiro momento ali, mas nos episódios seguintes a gente vê realmente como elas estão com sangue nos olhos para levar pra casa esse título e o prêmio também né?", concluiu.

Tristan está empolgada e avaliou a transmissão de estreia positivamente. "Envolveu bastante engajamento no chat, nos comentários ao vivo durante o episódio. Também alcançamos muitas pessoas por meio de compartilhamento nas redes sociais. A forma como o público recebeu esse primeiro episódio foi maravilhosa. A cada episódio haverá uma eliminação até a coroa ser entregue. E até nós que estamos nessa produção já não aguentamos mais esperar e queremos compartilhar com o público tudo que foi produzido, porque está maravilhoso e impecável', finalizou.

O episódio 2 "Batalha Superior" será exibido às 19h da quinta-feira, 19, no Youtube do Coletivo NoiteSuja.

 

Serviço

Evento: Dinastia Drag

Data: quinta-feira, 19.

Hora: 19h

Canal: NoiteSuja (https://www.youtube.com/@NoiteSuja)

 

Glossário das Themonhas

- Pajubá ou Bajubá: é um dialeto utilizado pela comunidade LGBTI+. Utilizado mais frequentemente pelas travestis, mas de maneira geral, vários membros da comunidade utilizam no seu dia a dia. Mesmo tendo se popularizado no Brasil, o Pajubá não foi criado neste território. Segundo o professor da UFOBA (Universidade Federal do Oeste da Bahia) e autor do livro “Linguagens pajubeyras: re(ex)sistência cultural e subversão da heteronormatividade”, Carlos Henrique Lucas Lima, em entrevista a Revista “SuperInteressante”, da editora Abril (2018), o dialeto é formado por palavras que tem sua origem no nagô e no iorubá [grupos étnico-linguísticos africanos], e “‘considera apropriações linguísticas feitas por homossexuais e travestis’. Tanto o nagô quanto o iorubá, falados em países da África Ocidental, chegaram ao Brasil com escravos africanos”. Algumas dessas palavras também foram reunidas na “Aurélia”83, a ‘dicionária da língua afiada’, definição do próprio livro.

- As Themonhas utilizam o Pajubá e outras variações criadas entre o próprio grupo, a exemplo da língua do "I", "Iudry", etc.

- Demonhas / Demonias / Demônias/ Themonhas / Themonias / Themônias: independente da grafia, é como os / as integrantes do Coletivo NoiteSuja e do movimento das Themonhas se chamam, é como se reconhecem enquanto seres performáticos; Drag Demonha faz parte da experiência de ser Drag na Amazônia, é um conceito específico, que vai além do estético, pois há diversas Demonhas, que são Drags: Sereias, Bruxas, demoníacas, e tantas outras afetações de corpos que, até para elas, este conceito está aberto e em construção. Mas o que se pode destacar como característica principal é que elas são entidades performativas e uma construção coletiva.

- Haus ou Casa Drag: segundo Bentes (2019), assemelhavam-se a uma relação de família, onde há uma mãe que era responsável por ensinar e guiar seus filhos. Esses ensinamentos eram repassados e o ingresso na Haus dava-se por afinidade ou solidariedade. Santos conceitua o que seria a mãe Drag de um grupo e as relações de apresentação de uma Drag quando nasce. Segundo Santos (2013) a “Mãe Drag” é: uma maneira simbólica de se referir à pessoa dentro daquela rede social conhecida como ‘família’, em que o personagem foi criado - que confirmou disposição e dedicação para iniciar um circuito social.

- Filhas: são as participantes desse grupo, Haus ou Casa que seguem os passos desta mãe, desde o sobrenome, padrões estéticos e afinidades.

Fonte:  “Drag o quê? Sociabilidades, resistências e comunicação no movimento das Themonhas no NoiteSuja, em Belém” Dissertação de mestrado de Emanuele Corrêa.

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