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Deborah Colker apresenta “Cura” em Belém

Espetáculo que aborda emoções envolvendo medicina, religião, cultura e música, será apresentado durante quatro dias no Teatro Margarida Schivasappa.

Bruna Dias - O Liberal

Deborah Colker, fará quatro apresentações de “Cura”, em Belém. Entre os dias 15 a 18 de dezembro, o espetáculo será apresentado no Teatro Margarida Schivasappa. São 75 minutos de apresentação, sem intervalo, que contam com dramaturgia do rabino Nilton Bonder e trilha original de Carlinhos Brown. A criação, coreografia e direção, são da própria bailarina.

O espetáculo faz referência a doença genética do seu neto Theo, a epidermólise bolhosa. Com ciência, fé, superação, religião e biografia, a apresentação tem muita representatividade e sensibilidade.

 “O espetáculo Cura parte de uma situação pessoal, que vem sendo elaborado há anos. Mas, ele não é sobre uma situação pessoal, ele parte dela. Cura não é sobre o Theo, mas sobre o que o nascimento do Theo causou em mim. Comecei a perceber que precisava encontrar a cura. A cura do que não tem cura. Eu já sabia que precisava fazer uma ponte entre a fé e a ciência. Entre aceitar e lutar, entre calar e gritar, entre esperar e agir”, contou Colker.

O projeto começou a ser pensado em 2017, mas no ano seguinte, de fato ele começou a ser executado. “Eu comecei a criação desse espetáculo em 2018, no final de 2020 seria a pré-estreia, para estrearmos o espetáculo em 2021, em Londres. Com a pandemia, no início de 2020, eu tive um ano a mais, na verdade. Eu continuei fazendo Cura. Com mais tempo, eu fui tendo mais convicção do que é buscar a cura para o que não tem cura. Aprimorar e precisar mais os gestos e movimentos. Trabalhei muito com o Nilton Bonder e com Carlinhos Brown, com a Claudia Kopke os figurinos. Eu pude ser mais rigorosa por ter mais tempo, mas é exatamente o mesmo espetáculo que estrearia antes”, explicou.

Diante de tantos acontecimentos, em relação a Covid-19, não existia a possibilidade dessas tensões não impactarem o espetáculo. Porém, Deborah Colker ressalta sempre, que “Cura” tem a ver com todo o processo que envolve a vontade de viver diante de uma patologia e as dificuldades da vida.

“Tenho percebido que Cura estabelece uma conexão forte com o público, particular e singular. As pessoas se emocionam muito, muito mesmo. O contexto da pandemia foi uma coincidência. E, claro, que as conexões são inevitáveis, e não são feitas por mim, mas pelo público, que se conecta com o espetáculo com suas próprias experiências de dor e de alegria também”, analisou.

Não só a medicina também é destaque na apresentação e outras formas de cura, como a religião. Deborah usa culturas africanas, indígenas e orientais, como a história de Obaluaê, orixá da cura e da doença, para compor sua criação.

“Cura faz uma ponte entre a fé e a ciência. Fui buscar em culturas, religiões, canções, textos, o que esses povos buscam pela cura. A religião busca a cura, a ciência busca a cura, a mitologia busca a cura. Talvez seria improvável uma harmonia entre todos esses saberes. Mas em Cura acredito que esse bordado acontece”, contou.


Está é a primeira vez que a artista se apresenta em Belém, Deborah já apresentou Cura em diversos Estados. Mesmo que ela ainda não tenha desembarcado por aqui, a bailarina já realizou outro projeto com o tema Pará, como no Carnaval. Para as apresentações em Belém, e chega por aqui com a experiência e troca que tem encontrado por onde passou.

Essa relação que tem estabelecido com o público, dividindo as mais diversas emoções entre o espetáculo e o espectador também tem impactado Deborah. Outro fator importante é de que forma a arte pode envolver as pessoas que passam pelo processo de cura, nas mais diferentes patologias físicas, emocionais ou psíquicas, além de ser capaz de desenvolver as suas próprias experiências sentimentais.

“Num espetáculo sobre Cura é importante mergulhar na doença. No que ela provoca no físico, no emocional de cada um. Como falar sobre a discriminação e rejeição que as doenças raras sofrem? Como o mundo reage ao que é diferente, ao que aparentemente não é normal. O que é curar? Visitar é curar, cuidar é curar, se aproximar da dor do outro. Aliás … o que é normal? O que é saudável? A doença e a cura estão juntas. A doença e a saúde são forças interligada. O mundo está doente, mas a arte é capaz de sempre provocar. Os dramas e os pesos, são relativos a como nos relacionamos com o que está apresentado para cada um de nós pela vida. É sábio encontrar força na fragilidade, alegria na dor e silencio no grito”, finalizou.

Agende-se 

“Cura” de Deborah Colker

Data: 15 a 18/12

Hora: 20h

Local:  Teatro Margarida Schivasappa - Avenida Gentil Bittencourt, 650, Belém - Pará

Ingressos: bileto.sympla.com.br

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