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Daniel Ávila, o Dudu de 'A Viagem', diz que está aberto para novos papéis na TV

Com a reprise da novela, o ator tem recebido muitas mensagens carinhosas do público. Inclusive, pedidos que ele retornasse às telinhas brasileiras

Com informações da revista Quem

O sucesso A Viagem (1994) tem resgatado nos telespectadores o saudosismo de alguns personagens da trama, como Daniel Ávila, que interpretou Dudu, o divertido caçula do advogado Otávio Jordão (Antonio Fagundes). Com a reprise da novela, o ator tem recebido muitas mensagens carinhosas do público. Inclusive, pedidos que retornasse às telinhas brasileiras. 

Aos 36 anos, hoje ele é artista independente, dublador e professor de teatro. Mas, na época da trama, Ávila, com apenas nove anos, contracenava com nomes como Fagundes, Cláudio Cavalcanti e Eduardo Galvão.

“O clima era ótimo. Entrei nessa novela como criança mesmo, brincando, me divertindo, mas já tinha uma certa noção e queria trabalhar direito. Não era uma novela infantil, era uma novela séria, os artistas eram muito comprometidos e levavam aquilo muito a sério porque tinham consciência de que se tratava de um remake de um trabalho, que já tinha tido um retorno positivo. Eu era um ator mirim bem profissional. Sabia que não podia fazer besteira”, disse em entrevista a Quem.

A espiritualidade envolvida no enredo da novela fez com que o artista começasse a entender também mais sobre a religião em si. Ele conta que diferentemente de muitas crianças que tinham medo de espíritos, o fascínio pelo personagem de Guilherme Fontes, o Alexandre, o dominava. 

“Acho maravilhoso uma novela espírita que traz essas questões. É muito bacana uma novela que fala não só do invisível, mas dos nossos sentimentos. Na época, eu não entendia muito, mas sentia um amor muito grande por esse diálogo. Depois fui pesquisar um pouco mais o que era o espiritismo e entendi que tem muito disso de você se doar espiritualmente e materialmente, ser generoso. Eu sentia muito isso. Sentia essa energia de amor. Mas não tive experiências espirituais fantásticas. Para mim foi mais experiência de encontro e tentar entender o céu, o inferno, a vida aqui, as pessoas que se foram, o bem e o mal”, afirmou.

Ao mesmo tempo em que era querido por seus personagens na televisão, Daniel diz ter tido uma infância marcada pelo bullying de outras crianças por ser um menino com uma bagagem diferente dos outros de sua idade.

“Eu tinha toda uma vivência diferente das crianças da minha idade. Convivia com adultos no meu trabalho, viajava muito... Além disso, eu era dois anos mais novo que os meus amigos, tinha cabelo grande, era meio daquele jeito sem sexo saliente, muito criança e espontâneo. Era bullying direto. Sofri demais e alguns 'bullyings' até mais sérios de tomar porrada de um grupo, puxarem meu cabelo, me chamarem de viado. Isso mexeu até um pouco com a minha espontaneidade, fiquei até mais gordinho por causa disso e tiveram períodos da minha vida em que me escondia mais e não queria fazer sucesso para as pessoas não implicarem comigo”, relembra.

Foi com a contribuição de muitos artistas como o ator Eduardo Galvão, que veio a óbito, no ano passado, vítima das complicações da Covid-19, que Ávila diz ter ganhado força para nunca desistir de seus sonhos e prometeu honrar ‘esses artistas parceiros que tiveram o amor de chegar  e me ensinar alguma coisa. Às vezes, quando estava sem trabalho e sem entender muito isso por ser criança, eles vinham e me elogiavam. Por isso, coloco eles vivos. Não vão morrer nunca’.

Hoje, formado em Cinema, mestre em Cuba depois de viver uma crise existencial com a arte, Daniel reencontrou a sua essência por meio dos ensinamentos do ator, diretor teatral e teatrólogo Amir Haddad, de 83 anos. Com seu mestre e o grupo teatral faz apresentações pelas ruas do Brasil e do mundo, vivendo de como artista independente e afirma ter mais trabalho do que antes. 

“Trabalho desde os seis anos de idade. Estou com 36 anos. São trinta anos como ator! Não parei de trabalhar em nenhum momento. Tenho três filmes ainda para serem lançados, tenho o grupo de teatro, ensaios, apresentações, faço muitas dublagens, produzo... Também dou aulas sobre o ofício. Aonde tiver bons personagens estarei disponível como ator, seja na TV, cinema, teatro, na arte pública. Não escolhi ir para um lugar e não ir para outros, escolho ser artista”, explica.

Com a atual situação da pandemia do novo coronavírus, em que os artistas tiveram muitos espetáculos suspendidos, Daniel diz que ‘está aberto a papéis interessantes na TV, apesar de não viver em função de batalhar por espaço nas telinhas’.

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