'Cura', aclamado espetáculo de Deborah Colker estreia em Belém nesta quarta-feira
Montagem que reflete sobre as diversas percepções de cura tem apresentações diárias até o sábado, 18, no Teatro Margarida Schivasappa
Anos da vida de Deborah Colker dedicados a buscar uma cura, que passam por reflexões desde o sentido da palavra até a forma como a ação é significada na ciência e na fé, são traduzidos no palco em um espetáculo que desembarca em Belém nesta quarta-feira. “Cura”, da Cia. Deborah Colker, tem apresentações no Teatro Margarida Schivasappa (Centur), sempre às 20h, dos dias 15 a 18 de dezembro. São 75 minutos de apresentação, sem intervalo, que contam com dramaturgia do rabino Nilton Bonder e trilha original de Carlinhos Brown. A criação, coreografia e direção, são da própria bailarina. Os ingressos para as sessões de Belém são vendidos pela plataforma Sympla.
Com uma criação que parte de um processo de busca de solução para uma doença genética, neste caso a epidermólise bolhosa, que acomete o neto de Colker, Theo; a angústia da procura de tratamento de uma doença sem cura é que motiva o nascimento do espetáculo.
“O espetáculo ‘Cura’ parte de uma situação pessoal, que vem sendo elaborado há anos. Mas, ele não é sobre uma situação pessoal, ele parte dela. ‘Cura’ não é sobre o Theo, mas sobre o que o nascimento do Theo causou em mim. Comecei a perceber que precisava encontrar a cura. A cura do que não tem cura. Eu já sabia que precisava fazer uma ponte entre a fé e a ciência. Entre aceitar e lutar, entre calar e gritar, entre esperar e agir”, conta Colker.
Para além da característica biográfica, “Cura”, que tinha lançamento previsto para 2020, em Londres, precisou ser adiado por conta da pandemia de coronavírus. Esta mesma pandemia dá, hoje, novas percepções ao trabalho que Colker apresenta no palco com sua companhia.
Ela destaca, por exemplo, a forma como o público passou a ter pontos de conexão com o espetáculo, seja pela experiência da pandemia ou outras vivências pessoais.
“Tenho percebido que ‘Cura’ estabelece uma conexão forte com o público, particular e singular. As pessoas se emocionam muito, muito mesmo. O contexto da pandemia foi uma coincidência. E, claro, que as conexões são inevitáveis, e não são feitas por mim, mas pelo público, que se conecta com o espetáculo com suas próprias experiências de dor e de alegria também”, analisa Colker.
Processso
A coreógrafa concebeu o projeto em 2017, mas foi no ano seguinte, com a morte de Stephen Hawking, que encontrou o conceito. Embora acometido por uma doença degenerativa, a ELA (Esclerose lateral amiotrófica), o cientista britânico viveu até os 76 anos e se tornou um dos nomes mais importantes da história da física. Deborah percebeu que há outras formas de cura além das que a medicina possibilita.
Há dores mostradas no palco, mas há esperança no final. Ela diz que procurou preservar a alegria necessária à vida. Um ingrediente para isso foi a semana que passou em Moçambique durante a preparação, quando conheceu pessoas que não perdiam a vontade de viver, apesar das muitas dificuldades. “Fui procurar a cura e encontrei a alegria”, diz