Websérie “Mairi: Nossa Ancestralidade Indígena” revira o passado antes da fundação de Belém
Grupo de pesquisa da UFPA expõe a violência sofrida por Tupinambás e povos Tupi e a herança cultural que ainda resiste nos belenenses.
O Grupo de Estudo Mediações, Discursos e Sociedades Amazônicas (GEDAI), da Universidade federal do Pará (UFPA), lançou a web-série “Mairi: Nossa Ancestralidade Indígena”. O projeto de caráter documental fala sobre o extenso território dos Tupinambá e dos povos Tupi, que era denominado de Mairi antes da colonização europeia, onde hoje estão localizados os estados do Pará, Amapá e Maranhão.
O vídeo está disponível no Youtube para acesso gratuito, inclusive, em versão com Linguagem de Sinais (Libras), no canal do GEDAI. Assista “Mairi: Nossa Ancestralidade Indígena” aqui. E confira a versão em Libras aqui.
A websérie já está disponível para assistir, pois foi lançada em novembro de 2022. O objetivo da produção é “remexer” a história e explorar a história de Belém antes da sua fundação, há 407 anos. A produção descreve que os Tupinambás, conhecidos como “senhores do litoral”, dominavam esse lugar até sofrerem a violenta invasão dos europeus, permeada por assassinatos, perseguições e escravidão.
Na Amazônia do final do século XVIII, parte dos indígenas foi tornada escrava ou passou a viver em condições de pobreza nas cidades que surgiam, enquanto uma parcela fugiu para a floresta, adentrando o território e adaptando-se a uma nova forma de vida.
A atriz, poeta, escritora, cantora e compositora indígena, Márcia Kambeba, participa da produção audiovisual cantando e narrando. Enquanto o cantor e compositor Allan Carvalho também canta e narra na websérie, além de assinar a direção musical. A direção-geral é de Maurício Neves-Corrêa.
Projeto
“Mais de quatro séculos depois, quando olhamos os corpos paraenses, sem muita dificuldade vemos a memória ancestral viva dessas sociedades. Da língua Tupinambá, hoje compreendida como Nheengatu, vieram os nomes de nossas frutas, de nossas comidas típicas, de vários nomes de lugares, como Pará, Guamá e tantas outras localidades espalhadas pela região que insistem em expressar a resistência que chega até nós, em 2022, e já não quer mais ficar nas sombras”, discorre a professora Ivânia dos Santos Neves, coordenadora do grupo de estudo e roteirista da produção audiovisual.
“Nesta web-série propomos a reativação dos saberes indígenas que foram duramente silenciados, mas que resistiram, se transformaram, se reinventaram e se insurgem no sentido de descolonizar o céu, os corpos, a história, as artes a língua e a cidade. Visibilizar Mairi é inscrever uma outra cosmologia na nossa região, são outros possíveis, é pluralizar o contemporâneo”, completa.
No elenco também estão Ludmila Neves e Cecília Neves. A fotografia é de Marcelo Rodrigues. A direção técnica, de Thiago Albuquerque. Ivânia e Maurício também participam como narradores. A produção é de Suanny Lopes, a finalização e animação, de Michael Ferreira e Maurício Neves-Corrêa; gaffer de Sônia Lopes; assistente de Produção Gê Souza; técnico de áudio Lauro Lopes; imagens adicionais de Miguel Conde, Érika Sousa e Nassif Jordy, áudios gravados no Studio Z
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