Live-action 'Mulan' provoca controvérsias sobre Hong Kong e Xinjiang
Produção entrou no Disney+ na sexta-feira, após ser exibida em cinemas da ásia
XANGAI - O lançamento pela Walt Disney de "Mulan", que entrou no streaming na sexta-feira, 4, não veio sem polêmicas. Filme que se passa na China e tem como objetivo atrair o público local, provocou uma reação negativa nas redes sociais por ter sido parcialmente filmado na região de Xinjiang e pelo fato de a atriz protagonista ter apoiado a polícia de Hong Kong.
O ativista pró-democracia de Hong Kong Joshua Wong e usuários da internet em Taiwan e na Tailândia estão entre os que promoveram as hashtags #BoycottMulan e #BanMulan no Twitter, após o lançamento do filme na plataforma de streaming da Disney.
As críticas ao remake live-action de uma animação de 1998 começaram no ano passado, quando a estrela de Mulan, a atriz chinesa Liu Yifei, expressou apoio nas redes sociais à polícia de Hong Kong, que estava em foco na época devido a protestos antigovernamentais.
Os apelos para que as pessoas boicotem o filme aumentaram por ligações à região ocidental de Xinjiang, onde a repressão da China aos uigures étnicos e outros muçulmanos foi criticada por alguns governos, incluindo os Estados Unidos, e grupos de direitos humanos.
Várias organizações estatais em Xinjiang apareceram nos créditos do filme, de acordo com postagens nas redes sociais. "No novo #Mulan, a @Disney agradece ao escritório de segurança pública em Turpan, que está envolvido nos campos de internação no Turquestão Oriental", tuitou o Congresso Mundial Uigur, com sede em Munique.
Questionado sobre a reação à filmagem em Xinjiang, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Zhao Lijian, reiterou a negação de Pequim sobre existência de campos de reeducação na região, chamando as instalações de instituições vocacionais e educacionais, além de acusar as forças anti-China de difamarem sua política em Xinjiang.
O ativista Wong acusou a Disney de "reverenciar" a China, citando o apoio de Liu e outro ator à polícia de Hong Kong e os créditos do filme, que mencionam organizações estatais em Xinjiang. "Pedimos às pessoas ao redor do mundo que boicotem o novo filme Mulan", disse ele.
Já a Walt Disney disse que seu remake de "Mulan" arrecadou 23,2 milhões de dólares no primeiro fim de semana nas bilheterias chinesas, o mercado considerado mais importante para o épico de grande orçamento.