Músico paraense, Felipe Cordeiro, faz sua estreia no cinema nacional, em 'O Rio do Desejo

Artista paraense assina coautoria da trilha sonora do longa que estreia na próxima semana

Bruna Dias
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Estreia na próxima quinta-feira, 23, o premiado “O Rio do Desejo”. De Sérgio Machado, o longa-metragem inédito é baseado em conto do escritor amazonense Milton Hatoum. Sensualidade e amor se entrelaçam quando os três irmãos se apaixonam por Anaíra.

Sophie Charlotte, Daniel de Oliveira, Gabriel Leone e Rômulo Braga, desenrolam essa trama que tem a Amazônia como cenário. Na trilha sonora, o paraense Felipe Cordeiro mostrou todo o talento nortista.

“A ideia era trazer várias atmosferas com a música. O filme traz um conflito familiar em torno de três irmãos assim e a trilha alterna nesses momentos. Primeiro, ela fica mais ligada à Amazônia propriamente dita, com essa alusão ao som da natureza. Mas ao mesmo tempo tem aquele drama, onde o tempo todo roda pela família como se alguma tragédia fosse acontecer. Por isso a música alterna momentos mais clássicos com uma sonoridade demais de cinemão com a cordas, sopros e outros momentos mais populares, quando tem as festas no barco, quando tem as festas nas casas, é tem muitos bregas na trilha sonora”, conta.

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Inclusive, em muitos festivais que o filme já estreou, o destaque foi por isso ritmo encontrado nas telonas. “Até do Brasil, a trilha sonora chamou atenção pelos bregas, teve alguns artigos falando disso: ‘a sonoridade do brega pop da Amazônia’”, relembra.

Felipe Cordeiro chamou alguns paraenses para fazerem parte desse momento. “Tem participação da Céu, Getúlio Abelha, do Ceará, Keila Gentil e Dona Onete, do Pará. Ela não cantou música original, foi licenciada duas músicas dela para o filme. Tem o Siba, pernambucano, ele toca uma música, enfim, tem vários outros artistas. Então, oficialmente o crédito da trilha sonora do Beto Villares com participação especial minha”, explicou o paraense.

Em 2022, o filme “O Rio do Desejo” levou o prêmio de Melhor Fotografia na 26ª edição do renomado Festival Tallinn Black Nights (PÖFF), na Estônia, além de somar passagem por diversos festivais internacionais e nacionais. Para este ano, a previsão é que ele seja exibido em mais de 20 festivais e em países como: Estados Unidos, Inglaterra, Itália, Japão e Coreia.

“Fui convidado pelo Beto Villares que é o músico produtor que assina a trilha sonora, e recebi esse convite para ser coautor da trilha sonora junto com ele. Ele queria que eu trabalhasse na trilha original com as músicas que são criadas especialmente para o filme, que são temas instrumentais, mas também cantados. E ainda nas músicas não originais, ou seja, que sugerisse trilhas para certas cenas do filme. Então, criei, toquei, produzi e fiz letras”, explica.

A gravação foi no Norte do país, na cidade de Itacoatiara, distante 270 quilômetros da capital Manaus, no Amazonas. Com uma equipe amazonense integrada com a produção nacional, o filme permitiu uma imersão nesse mundo ribeirinho. “Acho a Amazônia uma região gigantesca e cheia de Estados com muita história, que sempre enfrentou essa distância da centralidade do eixo político, econômico e cultural brasileiro, nunca entrou de fato no radar do Centro-Sul como uma potência cultural. Mas agora está sendo muito discutida no âmbito do meio ambiente pela necessidade do próprio mundo de sobreviver e de garantir o futuro. Nós sabemos, com muita clareza, o quanto nós somos uma potência cultural: Pará, Amapá, Amazonas, Roraima, são Estados que têm muita história”, avalia Felipe Cordeiro.

O artista cita o pouco conhecimento nacional da música paraense e nortista pelo resto do país, a importância de cada vez mais ver a cultura local sendo disseminada com grandes produções. “No âmbito da MPB, do século passado, você ouvia falar de uma, duas, três músicas pretas brasileiras, era o samba, o maracatu no máximo, um pouquinho de ijexá e tal. Mas a gente sabe que tem dezenas de músicas pretas nas Amazônias, no Pará, no Amapá, no Amazonas, e que então toda vez que existe uma produção artística, que tem potencial de ser posicionar nacionalmente, internacionalmente, como é o caso desse filme, é muito importante quando aparece os traços ou alguns traços dessa cultura amazônica. Até porque é bonito por si só! O carimbó é bonito por si só, o brega tem uma história, uma força bonita, enfim todas as músicas, várias músicas que tem no nosso Brasil”, finaliza Felipe Cordeiro.

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