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Em exclusiva, José Júnior, conta que 5ª temporada ‘Arcanjo Renegado' será rodada em partes no Pará

Série desenvolvida da parceria entre Globoplay e AfroReggae Audiovisual desbrava a vida de Mikhael ao encarar novos inimigos, ele chega ao Pará e encontra uma aliada.

Bruna Dias

Esta semana estreou a terceira temporada de ‘Arcanjo Renegado', série do Globoplay. A obra é um dos maiores sucessos do streaming da Globo, desenvolvido em parceria com a AfroReggae Audiovisual. Ao longo dos 10 episódios inéditos, Mikhael (Marcello Melo Jr.), depois de uma missão no continente africano se redescobre ainda mais durante uma imersão no Pará. As cenas gravadas em 2023, ganham destaque nessa temporada. 

Do showrunner José Júnior a produção é mais uma obra visceral da realidade brasileira. À frente da produtora AfroReggae Audiovisual, ele coleciona trabalhos que prometem envolver o público com personagens incansável por justiça.

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No Pará, a trama se desenvolve a partir do crossover da irmã Emily (Chris Couto), que é uma das protagonistas de ‘O Jogo que Mudou a História’ e aparece em cena há décadas como uma das aliadas de Mikhael. Para quem gosta de ver as terras paraenses em alta, José Júnior conta com exclusividade: “Já adianto por aqui que no ano que vem rodaremos uma parte da quinta temporada de ‘Arcanjo Renegado’, de novo, no Pará”.

O criador é responsável ainda pelas produções “A Divisão”, “Betinho: no fio da navalha”. Além disso, ele e personagens das séries ‘A Divisão’ e ‘O Jogo que Mudou a História’, além da inédita “Veronika que estreia em breve.

Veja a exclusiva com José Júnior: 

A primeira pergunta é inevitável, porque a escolha de Belém para gravar cenas do Arcanjo Renegado? Pensas em trazer mais produções para cá?

JJ: Prazer. Há muitos anos, eu tinha feito algumas gravações no estado do Pará, como apresentador do programa ‘Conexões Urbanas’, que era um programa que eu produzia e apresentava para o Multishow, e depois como diretor de um outro programa, chamado ‘Papo de Polícia’. Então, já tinha tido alguma familiaridade com o Estado. No caso da terceira temporada de ‘Arcanjo Renegado’, resolvemos, de alguma forma, fazer um apanhado desses conflitos de terra que existem na região norte do Brasil, e também homenagear uma personagem de uma outra série nossa, que é a irmã Emily (‘O Jogo que Mudou a História’), que tem uma certa inspiração na irmã Dorothy. E nós achamos que o cenário era o cenário ideal. Já adianto também que na quinta temporada de ‘Arcanjo Renegado’ estaremos uma presença ainda maior no Pará.


Teus audiovisuais escancaram uma realidade sem amarras, como tem sido a aceitação do público? Achas que esse é o perfil do consumidor de streaming?

JJ: Eu tenho hoje, com o Globoplay, 12 projetos, todos têm uma pegada social muito forte, muito profunda. Eu vivi muitas histórias de forma direta e indireta, e me sinto uma espécie de cronista orgânico, social, dessas histórias. Por exemplo, eu teria muita dificuldade de fazer um projeto que de alguma forma eu não tivesse alguma relação. Digo isso como criador e produtor, naturalmente. Ter 12 projetos na mesma plataforma é porque tem performance, é porque o público gosta. Então, eu me sinto muito honrado de ter tido um dos primeiros grandes sucessos do Globoplay, ‘A Divisão’, nós estreamos no dia 25 de julho de 2019. Depois veio ‘Arcanjo Renegado’. O próprio ‘Betinho’, que é a primeira série brasileira a estar no Festival de Cannes de séries. Fomos para o Festival de Berlim. Agora estamos concorrendo ao Emmy na categoria Melhor Ator com o Julio Andrade, que disputa pela terceira vez esse prêmio. E ‘O Jogo que Mudou a História’, que conta a pedra fundamental da criação das facções do narcotráfico no Rio de Janeiro, que acabaram ecoando por todo o Brasil. Eu acho que o público tem muito interesse, sim.

A Divisão, O Jogo que Mudou a História, Arcanjo, Betinho... são produções que levam para o público o debate de temas e expõe cenários que não eram vistos, de que forma tu vê importância das tuas obras para esse contexto social?

JJ: Vivenciei muitas dessas histórias de forma direta ou indireta, e todo o trabalho social que o grupo cultural AfroReggae, que é a ONG que eu fundei, que agora em janeiro completa 32 anos, lida com esses temas, e eu fui coordenador executivo durante 25 anos. Eu, particularmente, fico muito feliz de poder colocar essas histórias, de terem performance. Sinal de que o público se identifica. Até porque também, com exceção de ‘Betinho’, boa parte dos nossos elencos é de pessoas pretas, são elencos que vêm das favelas, são elencos formados por pessoas que são egressas do sistema penal. De alguma forma, muito desse lado orgânico que eu tenho, que a produtora AfroReggae Audiovisual tem, que é diferente do grupo cultural AfroReggae, são duas pessoas jurídicas diferentes, esses elencos também têm. Marcello Melo Jr, o protagonista de ‘Arcanjo Renegado’, nasceu na Baixada Fluminense, foi criado no Morro do Vidigal, faz parte do grupo social teatral mais importante do Brasil, que é o Nós do Morro, durante um período fez aulas de circo no AfroReggae, isso quando ele ainda era criança. Então, isso é fundamental, assim como o Silvio Guindane, que é o protagonista de ‘A Divisão’, que veio da Baixada Fluminense. Assim como os protagonistas de ‘O Jogo que Mudou a História’, vários vieram das favelas também. Isso enaltece muito, eu acho, a autoestima dos moradores das favelas, isso traz uma verdade para esses produtos, muitas vezes não vista no audiovisual, você não vê isso o tempo todo.

Eu me sinto com uma certa legitimidade para poder contar essas histórias, até porque todas elas, por mais que eu seja o criador, eu estou sempre muito próximo de policiais, de ex-traficantes, até de políticos também, porque tem uma trama política muito forte, os moradores das favelas. E, para mim, isso é de uma importância muito grande.

E Betinho, eu tive a honra de conhecê-lo em 1993, quando eu fundei o AfroReggae. Dois anos depois, ele me convidou para fazer uma espécie de intercâmbio social com uma ONG canadense, Alternatives. Em vários momentos da minha vida, ele foi uma grande referência. Me sinto muito privilegiado dessa relação que eu tive com o Betinho, na época ele era do Ibase, da Ação da Cidadania e do Abia. Ele é um grande mestre, um grande guru. E Deus me privilegiou de poder fazer, em parceria com o Globoplay e com o Daniel de Souza, que é o filho dele, a série contando a história do Betinho. 


 Nas séries tem ainda a volta de alguns personagens, que acabam dando sequência às suas histórias e se aproximando do público. Tu gostas do crossover? De que forma tu achas que ele enriquece uma produção?

JJ: De novo, a palavra privilégio vai surgir aqui. Porque é um privilégio você ter a mesma produtora, com o mesmo criador, com o mesmo produtor e na mesma plataforma. Então, permite esse crossover, né? E eu confesso que sou muito fã dos Vingadores, da Marvel.
Já vejo isso há muitos anos. Então, poder pegar os personagens de ‘A Divisão’, colocar em ‘O Jogo que Mudou a História’, aí pegar os personagens de ‘O Jogo’, ‘A Divisão’ e ‘Veronika’, uma série ainda inédita, e colocar na terceira temporada de ‘Arcanjo Renegado’, eu acho que o público vai se divertir muito. Eu me divirto escrevendo, fazendo essas histórias. E o mais legal, quando você tem uma equipe boa de caracterização, no caso, a Mari Pin, que é a nossa caracterizadora, e eu falei “Mari, é possível envelhecer esses personagens, né? De forma crível, que o público perceba que tem uma verdade ali”. E aí fizemos vários testes. Então, temos alguns personagens dessas nossas séries na nova temporada de ‘Arcanjo Renegado’. Já tínhamos em ‘O Jogo’. Afonso e Gabriel, de ‘Arcanjo Renegado’, por exemplo, participam de ‘O Jogo’. A Roberta, de ‘A Divisão’, também. A irmã Emily apareceu primeiro na segunda temporada de ‘Arcanjo Renegado’, no final, mas o grande destaque dela foi na primeira temporada de ‘O Jogo’. E essas misturas eu vou fazer sempre, esse crossover. Em ‘Veronika’, teremos o Mikhael, de ‘Arcanjo Renegado’, mais novo. É muito divertido e prazeroso de fazer, tenho certeza de que o público vai adorar.

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