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Documentário sobre trabalho escravo no Brasil 'Servidão' estreia em janeiro nos cinemas

Dirigido por Renato Barbieri, com narração de Negra Li, filme mostra uma das maiores mazelas do país

O Liberal

Histórias sobre o trabalho escravo contemporâneo estarão no documentário Servidão”, dirigido por Renato Barbieri (Atlântico Negro - Na Rota dos Orixás, Pureza), que estreará nos cinemas brasileiros no dia 25 de janeiro de 2024. O foco do documentário é o trabalho escraco na Amazônia. Com narração da artista Negra Li, “Servidão” é um contundente registro sobre uma das maiores mazelas do Brasil.

Para o longa-metragem, foram ouvidos trabalhadores rurais escravizados em frentes de desmatamento no Norte do Brasil e abolicionistas de diferentes vertentes. Embora as condições de trabalho análogas à escravidão sejam consideradas crime previsto pelo Código Penal Brasileiro, o regime da servidão é praticado no Brasil há cinco séculos. A Lei Áurea aboliu a escravidão clássica, que dava direito de propriedade e comércio dos escravizados, mas não transformou as relações de trabalho, que perduram até os dias de hoje.


“O filme nasce como uma peça de resistência no combate ao trabalho escravo, com conceitos relevantes de como se opera a mecânica escravagista contemporânea no Brasil e de como a resistência abolicionista vem se organizando e ganhando força ao longo das últimas décadas. Estou certo de que, passados 135 anos da Lei Áurea, caberá a nossa geração o combate e a erradicação do trabalho escravo contemporâneo. Somente com a sociedade como um todo tomando o projeto abolicionista para si, isso será possível um dia e fato é que não podemos mais adiar isso”, afirmou o diretor Renato Barbieri.

Barbieri buscou ir a fundo para entender as vítimas do trabalho análogo à escravidão no Brasil. “Conforme fui conhecendo ‘em campo’ trabalhadores rurais que haviam sido escravizados, fiz uma seleção de personagens reais para o filme. O exemplo mais emblemático é o maranhense de Pindaré-Mirim Marinaldo Soares Santos, que foi escravizado 13 vezes e liberto em três diferentes ocasiões pelo Grupo Móvel. Também conheci homens e mulheres engajadas na visão abolicionista, profissionais atuantes em diferentes áreas da fiscalização e do combate ao trabalho escravo, como juízes, auditores, procuradores, agentes da sociedade civil e dos movimentos sociais. Todos foram inspirações para a realização de Servidão”, completa o diretor.

Além de diretor, Renato Barbieri também é o responsável pelo roteiro e produção. Barbieri já trabalhou o tema nos cinemas no filme “Pureza” protagonizado por Dira Paes. O filme mostra a luta de uma mãe para encontrar o filho feito trabalhador escravo no interior da Amazônia.

“Um documentário como esse, ao inundar a população de informação, acaba adubando ações da sociedade civil, políticos e empresários, exatamente para desferir um golpe no coração do trabalho escravo moderno”, comenta o jornalista Leonardo Sakamoto, que participa do documentário.

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