Dira Paes lança ‘Pasárgada’ no Festival de Gramado e anuncia pré-estreia em Belém
Em entrevista exclusiva, artista paraense falou sobre a sua estreia como diretora e balanço dos seus 40 anos de carreira.
A atriz paraense Dira Paes, comemora 40 anos de carreira com novidades: ela se torna diretora de um longa-metragem pela primeira vez. Mesmo ela garantindo que essa novidade foi uma coincidência com a data, a artista celebra a estreia de “Pasárgada” no Festival de Gramado 2024, e antecipa que mês que vem fará uma pré-estreia em Belém.
Ao falar na première antes da exibição inaugural, Dira se emocionou ao citar o caminho que o filme fez até chegar ao produto final.
Além de dirigir, a artista ainda atua. “Pasárgada” conta a história de Irene, protagonista da Dira, uma bióloga que está praticamente isolada na Mata Atlântica à procura de pássaros raros.
Com 80 minutos de duração, o filme mostra a transformação de Irene ao descobrir sua profunda relação com a Natureza e o amor pelos pássaros, objeto de suas pesquisas. Para chegar nesse resultado, Dira conversou com ornitólogos e biólogos. Além disso, ela traz para a história frases marcantes que escuta das pessoas que lhe rodeiam.
Veja a entrevista exclusiva de Dira Paes:
No ano que você comemora 40 anos de carreira, experimentas como é estar por trás das telas, como diretora. Como foi isso?
DP: Pois é, parece que foi de propósito: 40 anos de carreira, vamos fazer um filme! Na verdade, essa ideia de fazer um filme surge durante a pandemia, um desejo de fazer um projeto junto com o Pablo Baião, que é meu marido e diretor de fotografia. A gente foi alimentando isso e teve esse tempo que paramos durante a pandemia para concretizar esse projeto. Comecei a me inspirar muito no que estava a minha volta e nesse desejo profundo de ter um paraíso nosso, para fugir daquele momento pandêmico. Acho que o filme não é sobre pandemia, mas ele tem um sentimento pandêmico.
Você já começou as comemorações de 40 anos, isso já fez o revival na sua cabeça? Como é esse processo de pensar nesse tempo todo de carreira de atriz, agora diretora?
DP: Acabou que cominou com o filme, que há 4 anos a gente vem finalizando, e comina com esse ano que eu faço 40 anos de carreira. Então, acabou que o filme é sim uma comemoração dessa trajetória. Olho para trás... ainda não fiz essa volta ao tempo de uma maneira consciente, mas de certa maneira, acho que eu já estou resgatando em mim essa memória porque eu tenho um desejo de documentar esses quarenta e poucos longas que já fiz na minha vida, de maneira cronológica entender. Estou começando a trabalhar nessa memória, vamos dizer assim.
Você falou sobre experimentar todos os processos. És uma pessoa identificada com o cinema brasileiro. Como é se autodirigir?
DP: Olha, foi uma experiência incrível, porque eu me autodirigi, mas eu também dirigi os outros colegas que estavam em cena. Acho que teve aquela sensação que o ator tem quando ele está em cena e mesmo assim ele sabe que a câmera está na frente dele, a gente sabe que o microfone está colocado, mas tem a abstração. Acho que eu fiz muito esse exercício, e como eu pude também contar com a presença do Pablo Baião, meu companheiro e cúmplice, ele também opinava de diversas maneiras. Ele codirigiu, então, nesse do a gente se amparou muito.
Em “Pasárgada” tem cenários que remetem a tua história, como as cachoeiras de florestas das esmeraldas, os pássaros. Quer dizer, você acaba que tem memória, tem a Cássia Kiss, de 'Ele, o Boto'.
DP: É, exatamente! Foi uma tentativa de saudar os meus primeiros diretores que foram: John Boorman da “A Floresta de Esmeraldas” e Walter Lima Jr, de “Ele, o Boto”. Falo, dos interiores, e exteriores também, muito inspirados em “Ele, o Boto”, com a presença da Cássia. A gente fazia as irmãs, é o primeiro longa-metragem dela. Então, eu quis trazer a Cássia Kiss também, para minha irmã como nós somos, é como se esse ciclo se reencontrasse. Acho que não tem como negar esse registro na minha memória do meu primeiro filme e como ele ficou gravado em mim.
A gente vê que no filme tem até florzinha, uma alusão a sua mãe, dona Florzinha.
DP: Sim, quando estão tocando as mulas, os burritos e tem essa brincadeira de: ‘Ei, Florizinha’. Mas é que eu queria trazer todos os elementos. Tenho frases que são da minha sobrinha, ela fala: ‘Tia, eu não sou igual a você, eu não sou uma mulher do mundo’. Fui agregando frases também que me marcaram na memória e colocando em vários momentos. Tem uma frase do Manoel, personagem do Humberto Carrão, ele fala: ‘Quem viu, viu, quem não viu é lenda’. Eu gosto também dessa, ou seja, tem todos esses elementos presentes no roteiro dessa memória ao longo desses 40 anos.
Para chegar no filme pronto você fez várias apresentações. Conta como é isso, passar por vários lugares, vários laboratórios.
DP: É muito bom você colocar uma ideia à prova de pessoas que são especialistas no assunto. Os laboratórios como Paradiso, Karlovy Vary e Guadalajara Construye, foram momentos muito especiais onde a gente teve a chance de mostrar o filme para um olhar em todas as instâncias, isso depois do filme pronto. Primeiro o corte, depois como você comunica o filme, lançamentos internacionais. Também você colocar o filme como em Guadalajara, para todos aqueles que colaboram com o festival e sorteiam prêmios, tipo ‘você tem tanto tempo de som’, no Chile. Você acaba também fazendo uma rede de conexão em torno do filme que ajuda no lançamento internacional.
Manda um recado para Belém, Dira
DP: Quero dizer a todos vocês que eu estou ansiosa em levar “Pasárgada” para uma pré-estreia em Belém do Pará. Então, provavelmente, a partir do dia 20 de setembro a gente vai estar em Belém. Quero convidar todos vocês para assistirem o nosso filme “Pasárgada”.
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