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Diderot Senat: ator haitiano premiado grava série da Netflix em Belém

Em entrevista exclusiva, ele falou sobre turismo na capital paraense durante as gravações de 'Pssica' e prazer em ter sido escolhido pela arte

Bruna Dias

O ator haitiano premiado Diderot Senat passou uma temporada em Belém gravando as primeiras cenas de Pssica, nova minissérie brasileira da Netflix, com direção de Quico Meirelles e Fernando Meirelles, baseada no livro homônimo do escritor paraense Edyr Augusto.

 As gravações foram iniciadas em julho na capital paraense e vão resultar em uma produção em quatro episódios, repleta de drama e ação.

Diderot Senat veio ao Brasil em 2012, para estudar e foi escolhido pela arte para iniciar sua trajetória como ator. Ele desembarcou em Manaus, no Amazonas, e depois fixou residência em São Paulo, onde começou sua trajetória acadêmica. Este ano ele se forma em Comércio Exterior.

O ator nasceu em Porto Príncipe, no Haiti, mas foi em Croix-des-Bouquets. Recentemente ele recebeu sua nacionalidade brasileira.

“Minha carreira começou de forma inesperada. Eu já tinha contato com o cinema no meu país, desde muito novo assistia filmes, mas nunca pensei que ao chegar no Brasil me tornaria ator. Foi um teste que fiz na Globo e que depois me avisaram que eu tinha passado, que me despertou. Eu era ator e nem sabia! Desde então, outras empresas começaram a me procurar. E hoje estou aqui, fazendo uma série para a Netflix como um dos protagonistas”, reflete o artista.

Em 2019, Diderot Senat foi chamado para fazer seu primeiro filme, na ocasião ele contracenava com Sophie Charlotte, mas o projeto não deu certo. Em seguida, ele atuou ao lado de Selma Egrei no longa Porto Príncipe, um drama que debate temas como etarismo, racismo e a xenofobia.

O filme foi exibido em diversos festivais como 47ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, 18th Trinidad+Tobago Film Festival, 22nd New York Latino Film Festival, 27º Florianópolis Audiovisual Mercosul, 12th Africa International Film Festival - AFRIFF, 32nd Annual Pan African Film Festival, 15º FESTin – Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa, 26ès Rencontres du cinéma sud-américain de Marseille e 30º Festival de Cinema de Vitória.

Ao passar pelo 27º Cine Pernambuco, Porto Príncipe recebeu o prêmio de Melhor Filme e rendeu para Diderot Senat a premiação de Melhor Ator, em 2023. No Botogá International Film Festival, o longa recebeu o prêmio de melhor filme.

“Minha chegada no Brasil foi uma coisa rápida. Minha família mora nos Estados Unidos e mesmo que essa migração para a América do Sul não fosse comum, mas quis tentar vir ao Brasil para estudar. Nos primeiros meses levei um choque cultural e pensei em voltar. Por mais que a gente seja do Caribe e tenha calor, em Manaus não há nada igual. Fui mudando de cidade, cheguei em Curitiba (PR), passei três meses e me mudei para São Paulo, onde me encontrei”, relembra.

Mesmo tendo um amor pela cidade paulistana, Diderot Senat encontrou calor humano no Norte e Nordeste. Ele destaca que se sentiu acolhido quando visitou as regiões, além de se sentir escolhido também pela arte. Diderot Senat pontou ainda sobre não encontrar referências no Haiti com atores com destaque mundial, por isso o Brasil tem sido especial nesse quesito.

“Além da arte me acolher, acho que as pessoas com quem eu trabalho também me acolheram, que fazem com que eu sinta que este lugar na arte também me pertence. Mesmo não tendo muito acesso à arte no Haiti, eu me esforçava para ter, já que não era algo disponível para a gente, precisava se esforçar para ter acesso”, conta.

A série Pssica coloca o tráfico humano exposto entre os rios da Amazônia. A trama conta a história de Janalice (Domithila Catete), uma jovem raptada pelo tráfico humano, Preá (Lucas Galvino), que precisa fazer as pazes com seu destino como chefe de uma gangue de "ratos d'água" (crimonosos que atuam nos rios da região) e Mariangel (Marleyda Soto), que busca vingança pela morte de sua família.

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Os personagens tentarão sobreviver à "pssica" (maldição) que acreditam ter sido lançada sobre eles. Nesse contexto, o personagem de Diderot Senat tem papel fundamental, mesmo que ele ainda guarde alguns segredos sobre a trama.

Para entender um pouco mais sobre o tema, Diderot Senat vou estudar e pesquisar bastante.

“Comecei a entender de fato o texto da série quando comecei a gravando. Confesso que é algo pesado ver como são tratados meninos e meninas. Eu fiz uma cena e pensei: ‘como isso é possível de acontecer? Como seres humanos tem coragem de pegar pessoas e fazerem isso?’. São coisas muito fortes mesmo, é uma coisa tão ruim de ver nas filmagens a situação das meninas. É uma coisa nojenta. Sei que a ideia é mostrar o que está acontecendo, mas quero acreditar que isso são coisas que não estão mais acontecendo, que parou!”, reflete.
O ator disse que se sentiu chocado com a história pesada e por tomar conhecimento das situações degradantes causadas pelo tráfico humano. “Meu personagem está envolvido com esse assunto”, revela.

Por conta das gravações, Diderot Senat aproveitou para conhecer a culinárias e pontos turísticos de Belém. O ator haitiano veio cheio de expectativas com o tacacá, mas provou a iguaria um pouco azeda, o que não agradou o seu paladar.

“Tenho um amigo estudante que é de Belém, ele me disse que aqui chove muito, mas para a minha grande surpresa desde o dia que cheguei não vi uma gota de chuva. Será que isso é uma benção? Quando chego em alguma cidade eu quero conhecer, e aqui desde o primeiro dia comecei a andar.  O que eu gosto daqui, é o que também tem no povo nordestino, que é perceber que as pessoas te querem nesse lugar. Todo mundo que converso, conversa comigo com um sorriso”, pontua.

“Eu vim para cá com muita vontade de tomar o tacacá, mas pareceu algo muito azedo na boca. Não gostei tanto. Mas em compensação, comi maniçoba e que comida boa. Provei o vatapá também. A comida do Norte e Nordeste me chama muito atenção por ser muito parece com a que a gente tem no Caribe”, finaliza.


 

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