Curtas e clipes de produtores locais serão as atrações da I Mostra Novíssimo Cinema Paraense

As novas produções audiovisuais são os destaques da I Mostra Novíssimo Cinema Paraense que começa a transmissão das obras hoje pelo Youtube. O evento reúne 20 trabalhos, sendo dez videoclipes e dez curtas-metragens dos gêneros ficção, documentário e animação. As transmissões das obras ocorrerão sempre no canal do YouTube da mostra até o próximo domingo (25). Cada obra selecionada receberá um valor R$ 350 (curtas-metragens) e R$ 250 (videoclipes) referente à taxa de exibição.

A primeira edição do Novíssimo Cinema Paraense recebeu 101 inscrições audiovisuais. A organização relata que um desafio foi selecionar os vinte trabalhos para a final. “A gente tentou fazer uma curadoria diversa, então temos videoclipes de diferentes estilos musicais, indo do rock ao tecnobrega e regional de diferentes locais do Estado. E curtas também temos de documentário sobre a questão dos transgêneros, à questão da hidroelétrica, temos assuntos mais políticos, mas também curtas de terror. Está bem diverso por essa pluralidade da produção dos temas dos artistas paraenses”, destaca um dos produtores, João Luciano, de 29 anos.

A abertura da programação será às 19h, no canal da Mostra, com homenagens a Carol Abreu e a Leona Vingativa e com mix de trechos das obras selecionadas. Logo em seguida, na primeira sessão serão exibidos os filmes “Ari Y Yo” e “VráááH” e os videoclipes “Relógio na Parede”, de Davi Paz, e “Ainda dá tempo”, de Saulo Sisnado.

O jovem diretor de “VráááH” o jornalista Caio de Jesus, 26 anos, fica satisfeito com a possibilidade de exibir seu curta para mais pessoas, devido a importância de mostrar a história da travesti preta Xuryu Gonçalves, também conhecida como VráááH. “Desde que entrei no jornalismo me preocupei muito em contar a história de vida das pessoas, e ela sendo uma travesti pensamos em como elas são marginalizadas pela sociedade. A Xuryu vai contra esse discurso na vida dela, sendo simplesmente quem ela é. As pessoas que estavam perto de mim e dela se sentiam influenciadas por ela de forma positiva. Essa representatividade vem de forma natural”, explica

Entre os clipes, um dos escolhidos foi “Brisa”, da artista Matemba. A obra audiovisual foi criada pela Onça Produções e dirigida por Bárbara Von Paumgartten. Para a diretora, o projeto ter sido escolhido para a Mostra é um reconhecimento pelo trabalho. “Foi uma grande satisfação ver o nosso projeto sendo reconhecido, sendo referência para outros projetos. A gente se sentiu muito realizado quando veio essa proposta. A equipe toda está muito feliz pelo trabalho e não esperávamos, porque foram muitos inscritos, como esse é um dos meus primeiros projetos autorais foi gratificante”, disse.

A programação ocorrerá toda online. Sempre no dia posterior a exibição dos filmes haverá o bate papo entre as equipes produtoras das obras. Esses encontros foram gravados, portanto não serão em formato de ao vivo. A organização da Mostra Novíssimo quis evitar problemas técnicos como a queda de sinal durante lives e trabalhar as exibições como programas. Por dia serão exibidos em média de quatro a seis obras.

“A mostra é outro aspecto da cadeia audiovisual. Muitas vezes você produz uma obra que não vai ter escoamento e se perdem na vastidão do universo da internet, porque é muita coisa. O nome Novíssimo não vem para rotular, não são só obras inéditas. Algumas foram lançadas há algum tempo, mas para a ideia é criar um senso de pertencimento às obras, estamos inseridos em um novíssimo cinema paraense, as produtoras e as equipes”, reflete João.