Com cenas gravadas no Pará, 'Quando Falta o Ar' é premiado no Festival É Tudo Verdade
O documentário de Ana Petta e Helena Petta venceu a Competição Brasileira de Melhor Longas e Médias-Metragens.
O filme "Quando Falta o Ar", com imagens gravadas no interior do Pará, venceu a Competição Brasileira de Longas e Médias-Metragens da 27ª edição do “É Tudo Verdade– Festival Internacional de Documentários”, o mais importante festival de produção documental da América Latina. Sob a direção de Ana Petta e Helena Petta, a produção fez registros do atendimento por agentes de saúde no combate à pandemia pela Covid-19 nos municípios de Castanhal e de Igarapé-Miri, Nordeste do estado, no final de 2020. O fotógrafo paraense Tarso Sarraf, coordenador de audiovisual de O Liberal, participou da produção.
O anúncio dos vencedores ocorreu na festa de premiação realizada em São Paulo, na noite do domingo, 10. As irmãs Ana, que também é atriz, e Helena, que também é médica, receberam um troféu e o prêmio de R$ 20 mil.
“A gente tá muito feliz. É o mais importante festival de documentário do Brasil e um dos mais importantes do mundo”. A gente não imaginava ganhar, é o nosso primeiro documentário. Mas acho que a força do tema de falar sobre a pandemia, da gente ter conseguido ir para os lugares do Brasil num momento tão difícil, porque ainda não tinha vacina, foram determinantes pra essa vitória”, comemora Helena Petta em entrevista exclusiva a O Liberal.
No Pará, o documentário campeão teve duas locações. O primeiro foi no Hospital Municipal de Castanhal, onde as diretoras acompanharam o trabalho da médica indígena Eli. A produção teve enfoco especial no trabalho das profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS) do sexo feminino.
A segunda locação foi em Igarapé-Miri, para onde Tarso convidou Ana e Helena Petta, acompanhou-as e colocou-as em contato com os profissionais de saúde do município. O premiado fotojornalista paraense – que já conquistou o Prêmio Vladimir Herzog – fez algumas filmagens e também as fotos de divulgação do filme.
“Quando Falta o Ar” será exibido nesta terça-feira, 12, na plataforma do Festival É Tudo Verdade, onde ficará disponível a partir das 21h, pelo período de 12h.
Avaliação do júri
“Quando Falta o Ar” foi premiado pois "é mais do que uma radiografia contundente e corajosa da pandemia da Covid-19 no Brasil. As diretoras conseguem ampliar o entendimento da tragédia humanitária em várias perspectivas: desde os agentes comunitários que trabalham na prevenção até as unidades de tratamento intensivo dos hospitais, passando pelos corpos ensacados e enterrados em quantidades assustadoras. Tudo feito com um olhar extremamente cuidadoso de quem sabe construir e captar cenas que valorizam os sentimentos humanos dos indivíduos retratados", concluiu o júri formado pela historiadora Eloá Chouzal, o diretor e fotógrafo Carlos Ebert ("O Bandido da Luz Vermelha", "Vlado – 30 Anos Depois"), e o escritor, roteirista e cineasta Renato Terra ("Uma Noite em 67", "Narciso em Férias").
"Além da impecável qualidade cinematográfica, ‘Quando Falta O Ar’ captura a temperatura dos acontecimentos, o heroísmo e a exaustão dos profissionais de saúde a frente da pandemia, a luta pela vida dos pacientes, o alívio intenso dos que não se contaminaram, o medo presente no ar, a tristeza dos que perderam pessoas queridas. É um registro precioso de uma memória coletiva ainda recente e, um registro inestimável da importância do Sistema Único de Saúde, o SUS", conclui o júri.
Parceria no Pará
“O Tarso foi um parceiro incrível. A gente descobriu esse lugar e essas imagens através do Tarso. Eu sempre acompanho o trabalho dele e sempre me emocionei muito com as fotos do Tarso (...) Ele foi quem levou a gente a conhecer esses lugares, apresentou a equipe de saúde (que atende comunidades ribeirinhas), foi uma pessoa extremamente importante”, destaca Helena.
“A Ana e a Helena me acharam na internet. Elas queriam fotos e vídeos de personagens. Sugeri Igarapé-Miri por questão de logística, pois elas estavam em Castanhal, e também porque as imagens dos rios da Amazônia, das visitas de agentes de saúde aos ribeirinhos, rendem muito”, recorda Tarso. “Pra mim, foi uma honra estar participando desse projeto com elas. Fico feliz de ter feito uma pequena parte desse trabalho”, conta ele, que, no auge da pandemia, visitou diversos municípios do interior do Pará fazendo cobertura para uma agência internacional de jornalismo.
“Quando Falta o Ar” concorreu na mesma categoria que outros seis filmes. Além do Pará, Ana e Helena Petta tiveram locações também no Hospital de Clínicas de São Paulo, em um presídio de Salvador e no Morro da Conceição, em Pernambuco. As gravações aconteceram entre os meses de setembro e dezembro de 2020. A edição ocorreu ao longo de 2021. O filme foi recém lançado.
Helena atribui a vitória às diferentes paisagens retratadas no filme. “Como a gente tem esses cenários tão diferentes, principalmente na região Amazônica, isso chama muito a atenção, esse contraste dos profissionais todos de branco no cenário dos rios”, acredita.
O próximo passo das irmãs cineastas é divulgar o filme para p Brasil e o mundo. “O mais importante desse prêmio é que o filme passa a ter outra projeção. Muitas pessoas que gostam de cinema e documentários acompanham esse festival. Pra gente é formidável”. A dupla já organiza o lançamento do filme em salas de cinema e começa a planejar também a disponibilização em plataforma de streaming.
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