‘Ainda estou Aqui” e Fernanda Torres recebem indicações ao Globo de Ouro
Com esse destaque, dupla tem mais chances em indicações ao Oscar.
O longa “Ainda estou Aqui” e a atriz Fernanda Torres receberam indicação ao prêmio Globo de Ouro de 2025. A obra, que tem direção de Walter Salles, foi indicada na categoria filme de língua estrangeira, e a brasileira como melhor atriz.
Nas redes sociais, Fernanda comemorou o momento: “Gente, nomeada ao Golden Globe. Estou aqui no Glam, em Londres, hoje tem sessão aqui… Uma loucura! Inacreditável!”. A atriz, que disputa a premiação com Tilda Swinton, Kate Winslet, Angelina Jolie e Nicole Kidman, está em Londres participando de sessões do filme.
Há 25 anos, Fernanda Montenegro, mãe da atriz, concorreu na mesma categoria com o filme Central do Brasil (1998), que também é de Walter Salles. Inclusive, em “Ainda estou Aqui” as duas interpretam o mesmo papel.
“Essa indicação é importante para dar visibilidade ao cinema nacional. A gente está vivendo um momento propício de grandes bilheterias, o que quer dizer muito público nos cinemas, ou seja, público brasileiro para ver filme brasileiro. Esse resgate é muito importante, principalmente quando ele vence junto com os filmes de qualidade, que tocam em assunto tão urgentes que deve ser muito falado, como essa questão política e a questão dos desaparecidos, principalmente nesse caso do Rubens Paiva”, explica Ismaelino Pinto, jornalista, colunista de O LIBERAL, comentarista de cinema e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema e Associação de críticos de cinema do Pará.
Baseado no livro biográfico do jornalista Marcelo Rubens Paiva, filho caçula de Eunice e Rubens Paiva, “Ainda estou Aqui”, narra a vida da família Paiva. Mostrando como a mãe, Eunice, e os cinco filhos, lidam com o desaparecimento do deputado Rubens Paiva, preso, torturado e morto pela ditadura militar.
VEJA MAIS
O livro foi lançado em 2015 e mostra Eunice como um símbolo da luta contra a ditadura. Ela viveu até 2018, e morreu aos 86 anos, com Alzheimer. Eunice Paiva criou os cinco filhos e se tornou advogada de direitos humanos e indígenas após a prisão e o desaparecimento do marido, em 1971, durante a ditadura, no Rio de Janeiro.
“Eu acho o filme um filme muito bem feito, como a gente pode dizer com “um padrão de qualidade muito acima da média”, porque é uma produção cuidadosa, tem uma direção de arte bem minuciosa e tem um elenco perfeito. Inclusive, tem uma coisa que pouco se fala que é o elenco infantil, das crianças, que aparece na primeira parte do filme. Não acho um filme excepcional, mas acho um filme bom. E volto a dizer, ele toca no assunto que a gente precisa rememorar e ativar essa lembrança do que se passou e desses anos péssimos da história do Brasil”, acrescenta Ismaelino.
Como o jornalista citou, “Ainda estou Aqui” marca esse momento de sucesso do cinema nacional, para além de indicações em premiações, mas com números extraordinários nas bilheterias. O longa se tornou a maior bilheteria do cinema brasileiro no pós-pandemia, com um faturamento de 49,1 milhões de reais e público de 2 milhões de pessoas, registrados até o fim de dezembro. O título superou “Minha Irmã e Eu”, de Tatá Werneck e Ingrid Guimarães, que arrecadou 43,65 milhões de reais em 2023, segundo dados da Comscore.
“O cinema brasileiro é sempre de retomadas e crises, sempre teremos uma nova retomada, como a gente sempre está em crise, mas tudo isso não é sobre produção e qualidade, a crise é que o brasileiro precisa ver cinema brasileiro, o brasileiro precisa se enxergar na tela”, pontua o especialista.
“Ainda estou Aqui” foi o filme escolhido pela Academia Brasileira de Cinema para ser o representante brasileiro a concorrer à indicação ao Oscar 2025. Além disso, o longa foi recebido com comoção pelas plateias e premiado em vários festivais internacionais, levando o prêmio de melhor roteiro no Festival de Veneza.
“O Globo de Ouro é uma espécie de pré-Oscar, ou seja, normalmente os filmes que são indicados nas categorias, os atores e os diretores, enfim, tudo relacionado ao cinema que está no Globo de Ouro, provavelmente ou normalmente vai para o Oscar. Porém, o Globo de Ouro é mais diversificado e as categorias são mais variadas. A premiação contempla também televisão, mas eu acho que o fato de estar no Globo de Ouro traz visibilidade internacional ao filme, isso vai fazer uma grande diferença na hora dele ser indicado ao Oscar”, explica Ismaelino.
“Outra coisa também, acho que o Walter Salles, por já ter passado no Oscar com o ‘Central do Brasil’ e Fernanda Montenegro, que trabalhava nele e também teve foi indicado ao Globo de Ouro, assim como foram indicados ao Oscar, isso faz com que o filme tenha visibilidade nos Estados Unidos, claro, que junto ao trabalho forte de publicidade. É importante estar nesse cenário, até porque às vezes o filme tem uma visibilidade fora dos Estados Unidos, mas ele não acontece, ou seja, para os votantes é necessário que o filme tenha grande visibilidade e que eles tenham acesso a esse filme para ele ser indicado”, acrescenta o especialista.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA