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CineBH recebe a produção amazônica: filmes paraenses ‘Sangria’ e ‘Suraras’

Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte começou dia 24 e prossegue até domingo (29)

Eduardo Rocha
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O curta "Sangria", de Rudyeri Ribeiro, sobre o inesperado na vida de um dono de bar, e o documentário sobre ciência e meio ambiente na Amazônia, intitulado "Suraras", de Barbara Marcel, além da presença da atriz paraense Dira Paes marcam a realização da 18ª edição do CineBH - Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte, aberta no dia 24 e prosseguindo até este domingo (29). O CineBH tem como proposta exibir 110 filmes de 15 países e de 13 estados brasileiros, incluindo o Pará. As 75 sessões da mostra têm entrada franca e parte da programação pode ser acessada no endereço www.cinebh.com.br. Os diretores Rudyeri e Barbara falaram à Reportagem do Grupo Liberal sobre essa experiência na sétima arte e no evento na capital de Minas Gerais.

Como explica Rudyeri Ribeiro, o filme “Sangria” surge como uma ideia ainda no contexto pandêmico, como um esforço para criar uma narrativa mais minimalista em comparação ao primeiro curta-metragem dele (‘Traçados’). “A ideia amadureceu em meados de 2022, após o retorno à “normalidade” pós-pandemia e ser possível habitar plenamente os espaços da cidade novamente”, acrescenta.

image Rudyeri Pinheiro: criatividade no cinema produzido no Pará (Foto: Divulgação)

“Do ponto de vista artístico, o curta é influenciado pelo cinema de horror (o qual tenho muito apreço), junto de reflexões internas sobre o audiovisual e representação de determinados grupos sociais, tema que me é bastante sensível e o qual sigo pesquisando na pós-graduação. Principalmente em relação a grupos minoritários que no audiovisual, e na cultura popular de um modo geral, são condenados à violência e um eterno sofrimento, como se só assim se pudesse sentir empatia por eles”, afirma o diretor.

 

Essas reflexões acabam respingando na narrativa do filme de forma quase metalinguística, tanto nos diálogos de seus personagens quanto nos rumos que a história toma. “Pessoalmente era importante meu posicionamento como artista e também um corpo político em contar uma história que não ignorasse os problemas estruturais da nossa sociedade, mas que trilhasse um outro caminho, que também funciona como um desejo de ver outros destinos e narrativas para tais corpos”, destaca Rudyeri.

Rudyeri diz estar muito feliz com a seleção do curta para o CineBh e informa que esse trabalho está sendo inscrito em outros festivais pelo Brasil. “SAngria” já teve duas exibições em eventos culturais em Cametá, no nordeste do Pará, organizados pelos Coletivos Carlotas e Aningal (do qual Rudyeri faz parte). Na apresentação do filme, é dito: “Prestdes a encerrar o expediente do bar em que trabalha, Rubens aceita atender um último cliente: o misterioso Zion”.

Rudyeri adianta que “Sangria” foi selecionado para a Mostra de Cinema Sesc, que ocorrerá de 11 a 13 de dezembro no Sesc Ver-o-Peso em Belém.

‘Guardiãs’

Diretora de “Suraras”, a carioca Barbara Marcel formou-se na Faculdade de Cinema no Rio de Janeiro, estudou Cinema e Filosofia. Até fazer esse primeiro longa, ela teve toda uma jornada, trabalhou com produção e há 15 anos se mudou para a Alemanha. Ela mora em Berlim e trabalha mais com artes visuais, mas também fazendo o diálogo entre as artes visuais e o cinema. Assim, ela atua com videoinstalação, “e o ‘Suraras’ é fruto de uma videoinstalação”. “Inicialmente, ele foi financiado por um museu na Alemanha, inclusive, o projeto, em uma exposição do filósofo Bruno Latour, durante a pandemia. E aí eu fiz uma versão para esse museu, que ficou em cartaz por dois anos lá, em forma de videoinstalação em quatro canais, e depois decidi fazer uma versão para documentário para poder atingir mais gente, com o público do cinema”, relata.

image Barbara Marcel: ciência e meio ambiente se encontram em 'Suraras' (Foto: Divulgação)

Barbara conta que o tema da Amazônia despontou para ela no doutorado na Alemanha. No primeiro ano do doutorado, ela fez, em 2016, uma residência artística em Manaus (AM), chamada “Lábio Verde”, muito famosa para a comunidade internacional que atua com a intersecção de arte e ciência, e lá conheceu os primeiros cientistas que estão em diálogo com as comunicadoras do filme. 

Nessa experiência, ela ficou apaixonada pela relação entre a ciência e a Amazônia. Ela soube, em 2018, da construção da Torre Atto (Amazon Tall Tower Observatory, ao norte de Manaus -Am), um projeto de cooperação internacional entre Alemanha e Brasil, assunto que interessa muito a essa cineasta.  Barbara havia conhecido a Rede de Comunicadoras da Amazônia em um projeto anterior, em 2017, em Santarém (PA), e quando  o museu alemão propôs a ela fazer um filme sobre a torre, pensou em convidar duas comunicadoras populares que já conhecia para irem com ela até a torre e terem uma experiência.

A cineasta conta como foi ingressar no território onde se situa a torre ATTO, uma área com ecossistemas preservados. “A minha vida mudou depois que eu fui pela primeira vez à Amazônia. A região é um território muito complexo e tem muito a ensinar ao mundo”. 

Em “Suraras”, o público confere que Natalina de Oliveira e Raquel Tupinambá, radialistas comunitárias e ativistas de base do estado do Pará, morando na Resex Tapajós-Arapiuns, atuam como guardiãs da Amazônia, conhecidas como “suraras”. Ambas são convidadas a visitar a ATTO e, então, embarcam em uma aventura pelos rios e comunidades ribeirinhas da maior floresta tropical do mundo, conectando-se com histórias e saberes de quem reside nesse território.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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