Centenário da Semana da Arte Moderna é marcado por novas artes
Foi nesse período, entre 13 a 18 de fevereiro de 1922, a Semana da Arte Moderna no Brasil.
Há cem anos, artistas de diferentes modalidades se reuniram no Teatro Municipal de São Paulo para questionar e reivindicar o tipo de arte que vinha sendo produzida. Foi nesse período, entre 13 a 18 de fevereiro de 1922, a Semana da Arte Moderna no Brasil. Movimento que reverbera até os dias de hoje e que tenta romper com padrões e formalidades.
Naquela época ficaram marcados artistas como Anita Malfatti, Mário de Andrade, Oswald de Andrade e entre outros importantes nomes. Mas cem anos depois, vamos falar de outros nomes que seguem na luta por uma espécie de independência e liberdade para fazer arte.
Emídio Contente, é um jovem artista plástico paraense que tenta colocar por meio de sua arte, questões que desafiam e refletem sobre o que é atual e está no cotidiano. Ele está fazendo parte da exposição “+100 = 22/Quantos Patos na Lagoa?”, que está ocorrendo em São Paulo, na galeria b_arco.
O jovem apresenta o trabalho “Olhe para o Norte”, que se trata de uma bandeira vermelha, em tecido de cetim na cor vermelha e com a frase estampada em branco. Quando recebeu o convite para compor a galeria, Emídio pensou em aproveitar a oportunidade para fazer um apelo de olhar para o norte em um espaço de elite.
Esse olhar pode ser dado em diversos aspectos, já que são tantas urgências necessárias para esta região do país. “Já que é uma exposição para retratar a semana de Arte Moderna e não necessariamente com releitura, pensei justamente em gerar diversas reflexões por meio de uma bandeira que levanta temas diferenciados também. Pois a semana da arte moderna marca um rompimento. E o meu trabalho tenta apelar por um rompimento ao abandono e ao descaso”, destaca o artista.
Depois de dois anos sem poder viajar, a cantora paraense Dona Onete viajou para São Paulo para se apresentar em um evento que marca a semana de arte moderna no país. Sobre o momento, a artista diz que se trata de um marco importante, pois reuniu artistas de diferentes modalidades e que passou uma mensagem de luta por uma identidade própria.
Como uma artista do norte, Dona Onete diz que por meio de suas músicas tenta colocar traços da cultura do Pará. “O Brasil está sempre em movimento. A arte não para e as pessoas também seguem em frente. O nosso setor da cultura passa por um momento de crise, por isso, é sempre muito importante celebrar estes movimentos.
Assim como 1922 um grupo de artistas se uniram para realizar o movimento, essa atitude prossegue até os dias atuais. Em Belém, um grupo de jovens representados por Jade Jares e Almir Trindade estão trabalhando para realizar a Semana de Arte e Muralismo, que ocorrerá no período de 22 a 27 de março.
A programação traz bate-papos com os especialistas em urbanismo, atos de muralismo, fotografia, arte digital, colagem, audiovisual, design e música. Utilizaremos a arte colaborativa nos muros e empenas da FCP como ferramenta de transformação do território interno e externo, implementado como base nosso conhecimento na área de urbanismo tático, cidades democráticas e intervenções artísticas
“Essa diversidade na programação oferecida ao público vem do nosso intuito de tratar a arte como um instrumento transformador, impulsionar isso dentro do cenário da Fundação através da ocupação da maioria dos espaços oferecidos pela casa com a maior quantidade de vertentes artísticas possíveis se complementando e tornando essa iniciativa ainda mais interessante para as pessoas”, comenta Jade Jares.
A historiadora Maíra Maia explica que a importância do movimento de 1922 é dos artistas fazerem uma relação entre o universal e o regional. Com o final da primeira guerra mundial e a descentralização do ocidente, a quebra da Belle Époque, da modernidade, do progresso, os países da América Latina passaram a voltar para si, para sua cultura, para suas raízes.
“O modernismo não começa com a semana da arte moderna. Ele é um movimento que vem sendo construído com rupturas de avanços e retrocessos. E aqui no país temos diversos eventos políticos que influenciaram nessas transformações como a abolição, a república e durante esse processo todo surgem artistas que têm interesse em resgatar a cultura popular. Esse movimento de conhecer a cultura indígena e negra vão resultar em diversos modernismos a partir dos anos 20”, explica a Maíra Maia, que é Prof. Doutora e tem mestrado em engajamento político dos literatos modernistas em Belém.
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